As obrigações são um instrumento financeiro através do qual um investidor empresta dinheiro a uma determinada entidade. Trata-se, assim, de títulos de dívida emitidos por uma entidade que, em vez de recorrer a um banco para se financiar, pede dinheiro emprestado aos investidores. O montante pedido é pago no final do prazo das obrigações.
De seguida, destacamos alguns conceitos que deve conhecer relacionados com obrigações.
Data de maturidade
Um conceito importante a ter em consideração é o da data de maturidade. Ou seja, é a data na qual a entidade deve pagar o valor em dívida aos investidores. Ao contrário do que acontece num empréstimo bancário, o valor em dívida é pago na totalidade no fim do prazo.
No que diz respeito à maturidade, as obrigações classificam-se de três formas:
- Curto prazo: obrigações cuja maturidade varia entre 1 e 3 anos;
- Médio prazo: obrigações cuja maturidade varia entre 3 anos e 10 anos;
- Longo prazo: obrigações cuja maturidade é superior a 10 anos.
De referir ainda as obrigações perpétuas que não têm uma data de vencimento pré-determinada, e em que o capital em dívida pode até nunca ser pago. Apenas são pagos juros de forma regular. Contudo, não são uma forma muito comum de financiamento. Só os governos muito endividados usaram esta forma de financiamento no passado.
Valor nominal
O valor nominal de uma obrigação é o montante a ser reembolsado no final do seu prazo. Ou seja, se uma empresa emitir 1.000.000 obrigações que representam uma dívida total de 1.000.000€, o valor nominal de cada obrigação é de 1€.
Geralmente, as obrigações são emitidas ao par, ou seja, o preço a que são vendidas coincide com o seu valor nominal.
Taxa de juro
Conforme referido acima, os investidores em obrigações têm direito a receber uma taxa de juro, que se chama cupão.
Relativamente às taxas de cupão, existem vários tipos de obrigações, a saber:
- Obrigações de taxa fixa: são o tipo mais comum. Neste caso, a taxa de juro paga está pré-determinada e não varia ao longo do tempo. Ou seja, se comprar uma obrigação com um valor nominal de 100 euros e uma taxa de cupão anual de 5%, vai receber um cupão de 5 euros por ano, até à data de maturidade;
- Obrigações de cupão zero: neste tipo de obrigações não há lugar ao pagamento periódico de juros. Há apenas lugar a um único pagamento igual ao valor nominal do título que é pago na data de vencimento;
- Obrigações de taxa variável: neste caso, há o pagamento de um cupão regularmente, mas o seu valor varia ao longo do tempo, em função de um indexante definido. A título de exemplo, pode variar consoante a evolução das taxas Euribor;
- Obrigações ligadas à inflação: neste tipo, a taxa do cupão varia consoante a evolução da taxa de inflação. Na situação atual podem ser um tipo de investimento interessante.
Entidades emitentes
As entidades emitentes são as que emitem as obrigações, com o objetivo de se financiarem. Podemos destacar as seguintes:
- Estados ou outras entidades públicas: as obrigações servem para financiar o fornecimento de serviços públicos aos seus cidadãos;
- Entidades privadas: as obrigações têm como objetivo financiar a atividades das empresas.
Outros tipos de obrigações
Para além dos tipos de obrigações já referidos acima, existem mais algumas que devem também ser destacadas, no que diz respeito às garantias que oferecem:
- Obrigações convertíveis: são obrigações que incorporam uma opção de compra sobre as ações da empresa. Ou seja, o investidor em obrigações pode trocá-las por ações da empresa;
- Obrigações subordinadas: em caso de falência da entidade emitente são as últimas obrigações a ser reembolsadas;
- Obrigações seniores: em caso de falência do emitente são as primeiras obrigações a ser reembolsadas.
Como varia o valor de uma obrigação ao longo do tempo?
O valor de uma obrigação é afetado por um conjunto de fatores. Destacam-se, de seguida, alguns dos principais:
- Evolução das taxas de juro: as obrigações, por norma, variam de forma oposta ao da evolução das taxas de juro. Ou seja, quando as taxas de juro aumentam, o valor das obrigações baixa. Pelo contrário, quando as taxas baixam, o valor das obrigações aumenta. Esta relação inversa tem a ver com o facto de, no caso de as taxas de juro estarem a aumentar, fazem com que a taxa de cupão de uma obrigação mais antiga seja menos atrativa, quando comparado com novas obrigações emitidas num contexto pós aumento das taxas de juro. Ou seja, neste cenário a tendência do investidor é para vender as obrigações que detém e trocar por obrigações emitidas recentemente;
- Aumento do risco de falência de uma entidade: quando o risco de falência de uma entidade aumenta, o valor das obrigações baixa, uma vez que a taxa de cupão exigida pelos investidores para comprarem essas obrigações aumenta.
De notar que as obrigações estão cotadas em mercado, e como tal o seu valor varia em função dessa negociação. No entanto, independentemente dessas variações de mercado, o valor nominal a reembolsar no final do prazo mantém-se sempre igual.
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As vantagens de investir em obrigações
Entre as vantagens de investir em obrigações destaca-se a previsibilidade do rendimento no caso das obrigações a taxa fixa, em que os juros e o valor do reembolso no vencimento são conhecidos antecipadamente. Assim, o investidor sabe logo na subscrição o rendimento esperado no seu vencimento.
A transparência é outra das vantagens deste tipo de produtos, uma vez que os ratings publicados pelas agências de notação financeira, assim como a taxa de rendibilidade exigida pelo mercado para um determinado emitente, permitem aos investidores avaliar o risco de crédito a que estão expostos.
Destaca-se ainda a grande diversidade de obrigações existentes, devido ao elevado número de emitentes, rendimentos, maturidades e tipos de reembolso, o que permite aos investidores construir uma carteira adaptada à sua estratégia e ao seu perfil de risco.
Riscos de investir em obrigações
Pese embora, investir em obrigações seja um tipo de investimento normalmente seguro, existem, contudo, alguns riscos relevantes que deve conhecer ao investir em obrigações, nomeadamente:
- Risco de taxa de juro, o que afeta o valor das obrigações;
- Risco de crédito, já que o reembolso está dependente da capacidade do emitente de cumprir as suas obrigações;
- Risco de liquidez: ou seja, incapacidade de vender as obrigações, caso pretenda desfazer-se das mesmas num determinado momento.
- Risco de mercado ligado à variação da cotação da obrigação no mercado secundário.
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