A fatura do gás tem sido uma espécie de parente pobre das poupanças, porque historicamente tem sido uma despesa relativamente pequena, comparada com as outras. Pagamos mensalmente 100 ou 200 euros em combustíveis, 50, 60 euros ou mais de eletricidade, mas o gás ronda os 20, 30 ou 40 euros por mês (claro que os valores variam de família para família).
Por isso, foi com surpresa que todos recebemos a notícia de que a EDP (foi a que anunciou preços mais elevados) ia praticamente triplicar os preços. Com um aumento dessa grandeza, uma fatura de 30 euros poderia passar para 90 euros. Estes valores são assustadores, e com razão. Assim, sugiro que olhe com muita atenção para a sua fatura do gás. Veja o valor que paga pelo seu kWh. Deverá estar próximo dos 6 cêntimos. Mais do que isso é caro em comparação com o mercado regulado.
Vai ter de agir por antecipação. Não espere pela primeira fatura absurdamente alta (a partir de outubro de 2022) para depois deitar as mãos à cabeça e perguntar o que deve fazer.
Este é um exemplo clássico que prova que há situações em que não fazer nada lhe pode custar dezenas ou centenas de euros. Muitos milhares de portugueses são do tipo “deixa andar e depois logo se vê”. Não tenha essa atitude.
Regressar ao mercado regulado
No momento em que escrevo esta crónica, o preço mais barato do gás em Portugal é o mercado regulado. Até ao início de setembro, só podia regressar ao mercado regulado na eletricidade. Mas o governo alterou a lei e agora também já pode regressar ao mercado regulado do gás. Aproveite.
Já pode dirigir-se a uma loja dos 12 comercializadores de último recurso e pedir para mudar para o mercado regulado, ou vai poder fazê-lo online à medida que essa opção esteja disponível. As empresas têm 45 dias a partir de 7 de setembro para adaptarem os sites para fazer tudo digitalmente.
Se tem o seu contrato em empresas que vão aumentar bastante os preços do gás (para já, a EDP e a Galp, mas outras se seguirão) mude rapidamente para o mercado regulado para se proteger desses aumentos. Faça isso já! Mas primeiro confirme que não tem descontos que lhe compensem ficar onde está. Por exemplo, no meu caso pessoal, não me compensa sair porque tenho vantagens em continuar na minha atual empresa, apesar de não ter o preçário mais barato. Tenho descontos que me são muito vantajosos e que quero manter.
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As 12 empresas do mercado regulado do gás
Em cada região do país existe um comercializador de último recurso (CUR) que garante o fornecimento de gás natural aos consumidores no mercado regulado. Tem até ao fim do mês de setembro para fazer a transição sem perder dinheiro. Contacte a da sua zona e avalie transferir o seu contrato.
Beiragás – Companhia de Gás das Beiras
Dianagás – Sociedade Distribuidora de Gás Natural de Évora
Duriensegás – Sociedade Distribuidora de Gás Natural do Douro
EDP Gás Serviço Universal
Lisboagás Comercialização
Lusitaniagás Comercialização
Medigás – Sociedade Distribuidora de Gás Natural do Algarve
Paxgás – Sociedade Distribuidora de Gás Natural de Beja
Setgás Comercialização
Sonorgás – Sociedade de Gás do Norte
Tagusgás – Empresa de Gás do Vale do Tejo
Transgás
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Mudança não tem custos nem está sujeita a inspeção
De acordo com o decreto-lei, os clientes finais podem optar, sem quaisquer ónus ou encargos, por ser fornecidos por um comercializador de último recurso. Ou seja, não pagam nada pela mudança. E o preço é igual em qualquer uma das 12 empresas. A decisão de qual será a sua, dependerá do seu código postal.
Para além disso, a mudança de comercializador - diz o decreto-lei - não está sujeita a inspeção extraordinária, não sendo exigível a apresentação da declaração de inspeção mencionada na referida norma. Numa situação normal, isso poderia ser necessário ou poderia ser pedido, conforme a data em que fez a sua primeira instalação ou a última inspeção. Estamos a falar de cerca de 60 ou 70 euros.
Mudar para o mercado regulado do gás representa uma poupança potencial de cerca de 90 euros até ao fim do ano. Pode ser o equivalente a cerca de três faturas de gás “grátis” É dinheiro.
No mercado regulado do gás, está previsto um aumento de 3,9% em outubro, mas mesmo assim ficará mais barato do que na EDP e na Galp. Cada dia que deixar passar é dinheiro que está a perder. Não “deixe andar…”.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
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