Com um novo ano letivo à porta, os pais já estão a ultimar os detalhes para o regresso às aulas dos seus filhos.
Nesta altura, em muitas casas portuguesas, existem crianças e jovens que mal podem esperar pelo dia em que colocam a mochila, cheia de material novo, às costas. Uma vontade de regressar que, por norma, está mais ligada às saudades dos colegas, ao convívio ou até à própria rotina. No entanto, este entusiasmo não é partilhado por todos os estudantes.
Segundo o Relatório do Estado da Educação 2019, realizado pelo Conselho Nacional de Educação, em Portugal, quase 30% dos alunos de 11, 13 e 15 não gostam da escola. Além disso, muitos adoram estar de férias, e a chegada de um novo ano letivo é sinónimo de frustração e ansiedade. Principalmente nestes casos, é importante que os pais estejam atentos e tentem criar mecanismos que ajudem os seus filhos a entrar no novo ano mais motivados.
Preparar novo ano letivo com antecedência
Seguem-se cinco dicas, de aplicação simples, que podem fazer a diferença na preparação e motivação do seu filho para o ano letivo 2021/2022.
Durante o período de férias, é normal que as crianças e jovens adotem outros horários e rotinas, não tenham as mesmas responsabilidades e estejam mais "entregues" ao lazer. Mas, com um novo ano letivo a chegar, é necessário regressar às "velhas" rotinas. E visto que este período de transição nem sempre é simples, o melhor é antecipá-lo para facilitar a adaptação.
Desta forma, deve pôr em prática as cinco dicas que se seguem com uma ou duas semanas de antecedência, para facilitar o processo.
1 - Fale com o seu filho sobre o novo ano letivo
Se quer que o seu filho entre no novo ano letivo tranquilo e com entusiasmo, em primeiro lugar, perceba como se sente. Nem todas as crianças e jovens encaram da mesma forma o regresso às aulas. E, por isso, é fundamental promover o diálogo sobre este tema.
Ao falar abertamente sobre esta temática fica mais fácil identificar o porquê da falta de entusiasmo em relação à escola, se esse for o caso. Por exemplo, há crianças e jovens que ficam mais ansiosos perante um aumento de responsabilidades ou até com as expectativas que os pais têm em relação aos resultados escolares.
Lembre-se que ao criar uma rede de suporte familiar, onde existe compreensão e diálogo, será mais fácil o seu filho falar sobre as suas preocupações. Depois, cabe aos pais transmitirem confiança, gerirem expetativas, reforçarem as qualidades e identificarem onde faz falta uma atenção extra.
2 - (Alguma) liberdade na escolha do novo material escolar
A compra do novo material escolar representa, para muitos estudantes, uma afirmação dos seus gostos e preferências.
E, para que se sintam mais confiantes e entusiasmados com o regresso às aulas, a escolha da mochila, equipamentos desportivos e até dos cadernos ou dossiers, deve ser feita de acordo com a sua personalidade e gostos.
Porém, não significa que estas compras podem fugir ao orçamento estipulado para o material escolar ou que, por isso, não reutilize e recicle materiais. No entanto, se for dada alguma liberdade de escolha, de acordo com as regras estipuladas, não só está a incentivar a sua autonomia, como está a motivá-lo para regressar às aulas.
Ler mais: Que materiais escolares precisam os alunos?
3 - Antes da entrada no novo ano letivo implemente horários escolares
Esta é uma dica que pode ser útil para todos os pais, independentemente dos filhos estarem radiantes, ou não, com o regresso à escola. Durante o período de férias, os hábitos acabam por se alterar, quer seja nas horas de deitar e acordar, quer seja na alimentação. Já para não falar no tempo de estudo.
E, para que o período de transição não seja ainda mais complicado, uma vez que é inevitável levar alguns dias ou semanas até à total adaptação, é aconselhável implementar a nova rotina com uma ou duas semanas de antecedência.
É expectável que os filhos, tendo conhecimento do dia específico em que a escola recomeça, ofereçam alguma resistência inicial, Mas, se esta não for uma implementação forçada e for feita progressivamente, gradualmente, vai sendo mais fácil regular os horários.
Por exemplo, se a hora de dormir for o maior entrave, incentive o seu filho a acordar mais cedo. Para além de ser mais fácil regular o horário pelo despertar, esta alteração provoca algum cansaço com o passar do dia. Se o plano for deitar mais cedo, o cansaço pode ser um bom aliado na hora de ir para a cama.
Assim sendo, também deve promover outros hábitos e rotinas que existam no período escolar. Embora não seja ideal implementar todos os hábitos de uma só vez, incentive o seu filho a entrar na rotina que o espera.
4 - Recorde aprendizagens passadas de forma divertida
Se o seu filho sentiu algumas dificuldades em determinadas matérias no ano letivo passado, pode ser importante rever essas matérias. Por vezes, basta ficar um pouco atrasado ou ter dificuldades em uma matéria específica, para comprometer novas aprendizagens.
Claro que a maioria das crianças e jovens oferecem alguma resistência a esta tarefa, principalmente durante as férias. E, por isso, é essencial, que explique a importância de rever as matérias onde existem dificuldades.
Assim, para tornar esta tarefa mais agradável, pode tentar encontrar métodos de revisão divertidos na internet ou em livros. Hoje em dia, existem vários canais no Youtube, jogos que ajudam a estudar ou até livros que têm exercícios divertidos para os mais novos.
Contudo, se sentir resistência na revisão das matérias, tente só perceber onde é que o seu filho sente as maiores dificuldades. Se conseguir identificar onde residem os problemas, pode expor a situação aos professores das disciplinas em causa. Se o seu orçamento familiar tiver margem, pondere a possibilidade de contratar explicações.
5 - Incentive a leitura
O hábito de ler traz inúmeras vantagens para todos nós, independentemente da faixa etária. Assim que começarem as aulas, o seu filho precisa de estar atento à matéria que é dada, sendo que, a leitura, pode ser uma grande ajuda e facilitar este período de transição.
Por exemplo, se o seu filho ler regularmente, não só estará a estimular a mente, como estará a aumentar conhecimentos, vocabulário e até a melhorar a sua capacidade de memória e escrita.
Caso o seu filho não tenha desenvolvido este hábito, nunca é tarde para o incentivar a ler. Comece por apresentar-lhe livros adequados à idade e sobre temáticas que lhe despertam interesse.
O seu filho não gosta da escola? 3 dicas para motivá-lo
1 - Tente perceber o porquê
Ouvir crianças e jovens a dizerem que não gostam da escola ou de estudar não é invulgar. Afinal, o tempo no recreio, as brincadeiras ou os momentos de lazer em casa são bem mais atrativos para a maioria dos estudantes, do que os períodos onde lhes é exigido concentração, trabalho e disciplina.
Contudo, é importante que perceba quais são os motivos que levam o seu filho a dizer que não gosta da escola ou de estudar. Muitas vezes, as crianças e jovens começam a desinteressar-se, pois sentem dificuldades de concentração ou de aprendizagem. Outras vezes, o simples facto de não gostarem da escola pode estar ligado a uma inadaptação, à falta de amigos ou até a dificuldades em lidar com um professor.
Ao promover este tipo de diálogo, pode conseguir identificar, precocemente, o problema ou perceber o que está por trás da falta de interesse. Independentemente da resposta, lembre-se que não deve condenar ou desprezar os seus motivos. O objetivo é ouvi-lo e, em conjunto, encontrarem soluções e tornar o próximo ano letivo mais agradável.
2- Explique a importância dos estudos na vida
Embora muitos pais expliquem aos seus filhos as várias vertentes da importância da escola no seu futuro, também existem aqueles que centram a sua abordagem na convicção de que estudar é uma obrigação.
Quando os estudos são apresentados apenas como uma obrigação, as crianças e jovens podem não perceber a sua real dimensão e importância. E, sem perceberem, o mais comum é desleixarem-se ou não levarem este período com empenho e dedicação.
Se conversar com o seu filho sobre a importância dos estudos e como pode o seu esforço ser uma mais-valia na futura profissão, existe uma forte probabilidade de ele ficar com uma nova perspectiva em relação à escola.
Também é importante nestes casos, ajudar o seu filho a organizar-se, criar uma rotina de estudo e dar-lhe algum apoio, se for necessário. Não se esqueça de promover o diálogo diário sobre como foi o dia na escola e sobre o que ele aprendeu.
3 - Atenção às exigências e às recompensas
Os pais devem refletir sobre o nível de exigência que colocam aos seus filhos, sem deixar de questionar se não estão apenas a recompensar notas elevadas.
Recorde-se que, muitas crianças e jovens, sentem-se frustrados quando não conseguem satisfazer as expetativas dos pais e isso pode afastá-los, ainda mais, dos estudos.
Para além disso, se apenas recompensar o seu filho quando ele tira notas muito elevadas, o seu empenho pode estar a ser pouco valorizado. Afinal, até os melhores alunos, por vezes, não conseguem alcançar a nota que desejam, por maior que tenha sido o empenho e o tempo de estudo.
Dito isto, se passar a valorizar mais a dedicação e o empenho nos estudos, o nível de pressão pode diminuir e, desta forma, os estudos podem ser encarados com uma maior tranquilidade.
Ler mais: Como ter acesso aos manuais escolares gratuitos?
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