Com o aumento do custo de vida em Portugal, são muitas as pessoas que precisam de fazer cortes no orçamento familiar. Embora o salário mínimo esteja a subir gradualmente, os encargos com a habitação, alimentação e outros bens essenciais aumentaram significativamente nos últimos anos.
E, perante este cenário, é preciso olhar para o seu orçamento familiar e perceber quais as despesas que podem ser cortadas ou reduzidas. Caso não saiba por onde começar, neste artigo, explicamos onde deve debruçar a sua atenção.
Defina quais são as despesas essenciais e não essenciais para si
Antes de começar a fazer cortes no seu orçamento familiar, é importante que defina quais são as despesas essenciais e não essenciais para si. Afinal, há gastos que não pode cortar de um orçamento, pois são essenciais à sua sobrevivência e bem-estar. Este é o caso da renda ou da prestação da sua casa, o pagamento das faturas da água, eletricidade, gás e telecomunicações, alimentação, saúde, entre outras.
No entanto, cada agregado tem despesas essenciais e não essenciais diferentes. Por exemplo, numa família, uma das despesas essenciais pode ser a compra do passe para todos os elementos do agregado familiar. Já noutra, pode existir a necessidade de um dos elementos ter passe, mas também haver gastos relativos a um ou mais automóveis.
Assim, se o seu orçamento familiar não identifica quais são os seus gastos essenciais e não essenciais, deve olhar para as suas despesas e ordená-las por prioridades. Comece por fazer uma lista de todos os encargos essenciais à sua sobrevivência, depois coloque aqueles que são necessários ao seu bem-estar e termine a listagem com os gastos mais supérfluos. Esta é uma forma simples de saber o que pode cortar e tentar perceber se pode reduzir o valor de outras despesas.
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Comece por fazer cortes no orçamento familiar nos gastos supérfluos
Tendo todas as suas despesas identificadas, se quer fazer cortes no orçamento familiar, o seu foco deve estar nos gastos supérfluos. Ou seja, todos os encargos que tem que não são essenciais à sua sobrevivência e bem-estar.
Dentro da categoria dos gastos supérfluos podem estar despesas relacionadas com:
- Almoçar e jantar fora ou entrega de comida ao domicílio:
- Cafés e lanches em pastelarias;
- Idas a bares e discotecas;
- Consumo de tabaco e bebidas alcoólicas;
- Jogos de sorte;
- Compras não essenciais de roupas e produtos de beleza;
- Subscrições de serviços com pouco uso, etc.
Quando o orçamento familiar está muito apertado, é normal que muitas destas despesas tenham de ser cortadas na totalidade. Já quando precisa de aumentar a sua folga financeira, pode olhar para estes gastos supérfluos, eliminar aqueles que apenas estão a comprometer o seu orçamento e reduzir o valor de outros encargos não essenciais.
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Exemplo de como reduzir e cortar gastos supérfluos do orçamento familiar
Imagine que tem um total de despesas supérfluas de 200 euros por mês. 100 euros dizem respeito a alimentação fora e os restantes 100 euros a outros gastos relativos a jogos de sorte (20 euros), subscrições com pouco uso (15 euros), roupas (30 euros), entradas e consumos em bares (35 euros).
Olhando para estes encargos não essenciais, se cortar nos jogos de sorte e nas subscrições, poupa 35 euros por mês. Se não comprar roupa 12 vezes por ano e reduzir para metade, em vez de gastar 360 euros por ano, gasta 180 euros (equivale a 15 euros por mês). Quanto ao consumo em bares, pode reduzir esse valor para 15 euros, optando por sítios mais acessíveis para conviver. Só aqui vai conseguir uma poupança de 70 euros mensais.
No que diz respeito à alimentação fora, pode bastar-lhe diminuir o consumo para metade. No fundo, em vez de um orçamento de 100 euros para comer fora, passa a ter um de 50 euros. Claro que este valor corresponde a dois jantares fora, dependendo do local. Mas, desta forma, não sente que está a privar-se da sua vida social em troca de uma situação financeira mais estável.
Fazendo as contas, estes cortes e reduções vão gerar uma poupança de 120 euros.
Há encargos essenciais que também podem ser reduzidos
Tal como referimos, os encargos essenciais não podem ser cortados do seu orçamento familiar. No entanto, isto não significa que estes não possam ser reduzidos, criando uma nova folga financeira.
Por exemplo, existem dois tipos de despesas que tendem a pesar bastante no orçamento familiar, créditos e alimentação, que podem ser reajustadas.
Reduzir o valor que paga em créditos
Se apenas está a pagar ao banco o crédito da sua casa, saiba que pode renegociar o seu crédito habitação junta da instituição financeira onde o contraiu. Ou seja, pode falar com o banco e tentar melhorar as suas condições contratuais, como uma redução de spread, alteração da modalidade de juros ou renegociar o valor que paga por produtos associados ao seu crédito, como seguros ou outros serviços.
Caso o seu banco não ofereça melhores condições, deve analisar a hipótese de transferir o seu crédito habitação para outro banco. Esta decisão deve ser bem analisada, uma vez que vai ter de olhar para várias propostas de crédito e ver se encontra uma melhor solução no mercado para si. Mas, na maioria dos casos, a transferência do crédito habitação compensa, pois os bancos querem atrair novos clientes, oferecendo melhores condições.
Além disso, esta é uma excelente altura para ver se consegue reduzir o valor que paga pelos seguros associados ao seu crédito habitação (seguro de vida do crédito habitação e seguro multirriscos). Por norma, os seguros contratados junto do banco onde faz o seu crédito habitação têm um valor mais elevado comparativamente a outras soluções que existem no mercado. E só estas duas alterações (a do crédito habitação e seguros), podem gerar uma poupança de centenas de euros.
Se tem vários créditos ao consumo por liquidar, também deve informar-se sobre a possibilidade de recorrer a um crédito consolidado. A consolidação de créditos permite-lhe juntar todas as suas prestações numa só, sendo aplicada uma taxa mais baixa do que na maioria dos créditos que possui. Em muitos casos, o crédito consolidado permite-lhe reduzir o valor total das suas mensalidades até 60%.
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Diminuir os encargos com outras despesas essenciais
Como referido, além dos créditos, a alimentação também assume um dos maiores encargos no orçamento das famílias. Assim, é importante que comece a procurar dicas para poupar na alimentação com o aumento dos preços.
Por exemplo, é fundamental que, antes de ir ao supermercado, planeie as suas refeições e faça uma lista de compras. Depois opte por ter sempre sopa em casa, por comprar frutas e legumes da época, diversificar na fonte de proteína, fugir da tentação dos refrigerantes, doces e comida pré-cozinhada. Por fim, aproveite ao máximo todos os ingredientes e congele as sobras.
Quanto a outras despesas, como eletricidade, gás e telecomunicações, a solução para reduzir os seus encargos passa por duas etapas:
- Negociar os contratos: Estudando que fornecedores oferecem as melhores tarifas e condições. No caso da eletricidade, pode aceder ao simulador da ERSE para ajudá-lo a encontrar a opção mais indicada para si.
- E otimizar o consumo. Ou seja, é preciso redobrar a sua atenção na forma como consome água, eletricidade, gás e faz uso das telecomunicações.
Para ter uma ideia de como reduzir estes custos, consulte o "Guia de poupança por áreas: Como poupar nos seus encargos essenciais". Este guia pode ajudá-lo a poupar nos seus gastos essenciais e garantir-lhe uma folga financeira significativa no seu orçamento familiar.
Lembre-se que na maioria dos casos não tem de abdicar da sua felicidade para melhorar a sua saúde financeira. Tudo o que precisa é não ficar de braços cruzados, cortar no que não é essencial e não ter receio de renegociar contratos. De seguida, com a folga financeira que consegue, deve começar a traçar metas de poupança, como construir um fundo de emergência. Só depois é que deve focar-se em opções de investimento que permitam maximizar os seus rendimentos.
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