Todos sabemos que estamos a viver mais tempo, o aumento da esperança média de vida nas sociedades desenvolvidas é uma realidade, e indiscutivelmente as pessoas aumentaram a sua longevidade.
Atualmente não é irrealista esperar que a sua reforma possa ter uma duração de 20 a 30 anos. A esperança média de vida em Portugal é de 80,72 anos à nascença e de 19,35 anos aos 65 anos, segundo dados recentes do INE.
Viver mais obriga a maior planeamento
Viver mais tempo traz, naturalmente, aspetos positivos, no entanto, cria em simultâneo um conjunto de preocupações, nomeadamente a necessidade de um planeamento para a reforma eficaz, que passou a ser um tema central com vista ao seu bem-estar futuro.
Múltiplos estudos na União Europeia revelam que a maioria da população no bloco europeu não está confiante em ter o suficiente para uma reforma confortável. Mas quer esteja, ou não, preparado, irá ter de se reformar no futuro.
Isto significa que vai precisar de um planeamento de reforma com vista a constituir um “pé-de-meia” suficiente para garantir que mantém a sua qualidade de vida durante os seus “anos dourados”.
No passado havia a expectativa de que o sistema público de pensões iria cobrir todas as suas despesas na reforma, infelizmente, essa premissa hoje já não parece ser válida, por isso seja proativo e não fique dependente da Segurança Social.
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Não dependa de nada nem ninguém na reforma
Como regra geral, deverá apontar para que o valor que será pago pela Segurança Social represente entre 20% a 40% das suas necessidades futuras, o remanescente deverá ser complementado com as suas poupanças, ou seja entre 60% a 80%.
Também não fique dependente de terceiros, um dos maiores “legados” que pode deixar à sua família, no futuro, é atingir a sua liberdade financeira, e aliviá-la da responsabilidade de ter de cuidar de si durante os seus “anos dourados”.
Finalmente, estar preparado financeiramente para o futuro pode permitir-lhe reformar-se sem preocupações e concentrar-se nas coisas que mais gosta de fazer. Assim apresentamos três conceitos fundamentais para que possa construir um planeamento de reforma eficaz:
1. "Ponha o seu dinheiro a trabalhar e ganhe dinheiro com o seu dinheiro"
Este é o conceito subjacente à capitalização dos rendimentos. Quando o dinheiro que se ganha com os investimentos é novamente reinvestido tem a oportunidade de acumular ainda mais.
É o mesmo que dizer "ponha o seu dinheiro a trabalhar por si". E como pode fazer isto? Tem poupanças a render juros? Use esse dinheiro que lhe é pago periodicamente para reforçar a sua poupança. Em vez de receber os juros, junte esse valor ao montante que tem aplicado, vai engordando o capital sobre o qual estão a ser pagos juros.
Imagine que tem 1.000 euros para investir e que aposta num produto que lhe dá 5% ao ano. Se todos os anos ficar com o valor gerado pelos juros (50 euros por ano) vai chegar ao final de 20 anos com 2.000 euros. Isto partindo do pressuposto que não faz mais nenhum reforço ao longo desse período. Já se todos os anos juntar o dinheiro dos juros ao seu capital vai terminar o mesmo período com mais de 2.600 euros. E isto sem fazer mais nada do que deixar ficar naquele produto os juros que foi fazendo ao longo dos anos.
Claro que se for fazendo reforços periódicos à sua poupança o valor final será bastante superior.
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2. Comece a poupar já!
Quanto mais cedo começar, mais tempo o seu dinheiro terá oportunidade de capitalizar.
Veja o seguinte exemplo, suponha que tem 35 anos e um salário anual de 30.000 euros. Vamos imaginar que recebe aumentos anuais de 4% e que planeia reformar-se dentro de 30 anos.
Dos 30.000 euros anuais que recebe, coloca 4% (1.200 euros) num plano de reforma todos os anos, com uma rendibilidade anual de 8%. Se começar a investir hoje, terá 220.944 euros quando se reformar.
Se só decidir começar a investir daqui a 5 anos, terá 164.878 euros (assumindo a mesma data de reforma, salário, aumentos, taxa de poupança e rendibilidade do plano).
Tendo em consideração o exemplo que demos acima, o facto de começar a poupar para a sua reforma cinco anos mais tarde vai fazê-lo "poupar" 6.000 euros (1.200 euros por ano) e vai emagrecer a sua poupança em mais de 56.000 euros. As contas mostram bem que a importância de começar a poupar o mais depressa possível.
3. Aproveite as vantagens fiscais
Ao investir num plano poupança reforma pode ainda usufruir de benefícios fiscais. Há benefícios fiscais à entrada, através dos quais pode beneficiar de uma dedução à coleta no IRS de 20% dos valores aplicados por ano, com limites definidos. Sendo que antes de decidir usufruir destes benefícios deve analisar primeiro se vale a pena declarar o PPR no IRS, porque dependerá do objetivo da sua poupança.
Depois há ainda uma tributação que pode ser benéfica. Habitualmente os rendimentos de investimentos financeiros são tributados a 28%, no caso dos PPR a tributação pode ser de apenas 8%, consoante o cumprimento de algumas regras. Para perceber quais as tributações de que pode ser alvo confirme os benefícios fiscais relacionados ao PPR.
Além disso, no caso de investir num PPR com capitalização dos juros, pode obter ainda mais benefícios do poder de capitalização de rendimentos devido às vantagens fiscais. O seu PPR tem o potencial de crescer mais rapidamente porque o dinheiro que teria pagado em impostos sobre os ganhos em cada ano permanece no plano poupança reforma e pode gerar rendibilidade adicional.
Como nota final lembre-se, no entanto, que embora a capitalização de rendimentos e as vantagens fiscais possam ter impacto no longo prazo, poderá haver períodos em que o seu dinheiro não crescerá, sendo que, mesmo nesses momentos, deve manter o foco e disciplina, continuando a poupar para a sua reforma.
Não perca tempo e comece a poupar já hoje!
Luís Pinto é licenciado em Gestão pelo ISEG, encontrando-se a terminar a tese no Masters in Finance pela Nova School of Business & Economics. Para além de mercados financeiros e investimentos, tem como grande paixão o desporto, tendo sido atleta federado de futsal ao longo de 12 anos. Em fevereiro de 2022, iniciou as suas funções como Investment Analyst na Dolat Capital, desempenhando de momento as funções de Associate Investment Analyst.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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