A educação financeira é sem dúvida um tópico muito importante na vida de qualquer pessoa, mas nem sempre é desenvolvida. Por vezes pode parecer que é demasiado cedo para começar a introduzir assuntos como poupança às crianças. No entanto, quanto mais tempo houver para praticar, maior vai ser a segurança e a aprendizagem. Uma das melhores heranças que pode deixar aos mais pequenos é ensinar-lhes boas práticas de poupança.
1. Dar uma semanada ou mesada
Dar dinheiro regular a uma criança é uma das formas de lhe incutir a responsabilidade de gerir o seu dinheiro. Mas, claro, dar dinheiro e incentivara poupar só será possível quando as crianças já souberem fazer contas.
Ao dar um valor, em forma de semanada ou mesada, está a permitir que a criança faça a gestão do mesmo. Este valor deve ser utilizado pela criança para comprar aquilo que quiser, ou seja, fora das suas necessidades essenciais.
Este valor deve ser regular tanto na quantidade como na frequência, de preferência estabelecendo um dia na semana ou do mês para a entrega. Deste modo, havendo uma regularidade é mais fácil para os mais jovens criarem o hábito de poupança e anteciparem necessidades futuras. Se desejarem comprar uma revista ou um jogo mais caro que o valor da semanada ou mesada, devem ser encorajados a juntar o que falta e esperar até terem o dinheiro suficiente.
A quantia pode e deve ser adaptada ao longo do tempo, bem como às possibilidades da família. Por exemplo, para começar, pode-se imaginar uma semanada de 2 euros para um menino de 8 anos que, ao longo dos anos, se transforma numa mesada de 20 euros para um adolescente com 15 anos. É importante começar com quantias mais pequenas e com uma frequência maior no que diz respeito às estratégias de poupança para crianças. Desta forma, permite que a criança se adapte, ganhe maior consciência e consiga fazer uma gestão melhor do dinheiro e do tempo que ele deve durar. Com a aprendizagem e crescimento vai sendo mais fácil gerir quantidades maiores de dinheiro e poupar por períodos mais longos.
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2. Ensinar o valor do dinheiro
Não é incomum os mais pequenos apontarem o dedo a vários brinquedos numa loja e estarem convictos de que os pais podem simplesmente trazê-los. Pode ensinar desde cedo que aquilo que se deseja tem um preço e que o dinheiro para o pagar, por mais boa vontade que haja, não é infinito. Deve também explicar como ganha o seu dinheiro para que a criança perceba de onde este vem. Quando for possível, também pode conversar acerca das prioridades que o orçamento familiar tem, permitindo que a criança compreenda para onde vai uma parte do dinheiro disponível.
Em termos práticos, pode começar por ensinar a comparar preços. Leve a criança ao supermercado e mostre como produtos muito semelhantes podem ter valores muito diferentes. Outra forma de ajudar é incentivar a refletir acerca de uma compra: será que aquela blusa vale mesmo 18 euros? Ou esses 18 euros poderiam ser gastos de outra forma melhor? Pode ainda fazer jogos que simulam gastos e despesas reais.
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3. Permitir que aprendam a gerir o seu próprio dinheiro
Além de ter acesso à semanada ou mesada, é muito importante que os pequenos participem na gestão do seu próprio dinheiro. Entram nesta categoria os valores que são entregues como forma de presente no aniversário, Natal, ou outras ocasiões semelhantes.
Muitas vezes os pais ou tutores guardam este dinheiro, depositam numa conta poupança ou gastam como entendem ser necessário. No entanto, a longo prazo, é mais benéfico que a criança seja ouvida antes da decisão ser tomada. A maioria dos meninos não se importa que o dinheiro seja poupado se souber qual é a sua finalidade.
Assim, permita que se defina um objetivo e ajude a cumpri-lo. Se gostaria de continuar a pôr algum dinheiro de parte para os estudos ou para comprar um carro, informe a criança e negoceie que, por exemplo, o dinheiro dado pelos avós é sempre reservado para o futuro e que o dinheiro dos tios e dos padrinhos é para a compra da consola desejada.
Ao incluir os mais novos nesta gestão está a ajudá-los a terem uma melhor noção de poupança, permitindo juntar quantias maiores aos poucos. Deve incentivar o cumprimento de objetivos a médio e longo prazo, reforçando positivamente cada vez que se aproxima do objetivo estipulado. As estratégias de poupança para crianças devem ser sempre acompanhadas de estímulos recompensadores.
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4. Ter um mealheiro transparente
Nem sempre é fácil juntar dinheiro, mesmo enquanto adulto. Mas se o objetivo estiver bem definido e houver um reforço visual tudo se torna mais fácil. Por isso, ter um mealheiro transparente vai ajudar a criança a perceber quão perto ou longe está de alcançar o seu desejo.
Se estiver longe, pode incentivar a encontrar formas de ganhar dinheiro para colocar de parte. Se estiver perto, encoraje o caminho decorrido e recompense o seu cumprimento.
Pode ainda personalizar um ou mais mealheiros conforme os objetivos pretendidos.
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5. Ser o exemplo de boas práticas de poupança para a criança
É muito mais fácil comunicar com os mais novos mostrando-lhes bons exemplos. Na área das poupanças, como noutras áreas, as crianças aprendem com o que se passa à sua volta. Ao utilizar ferramentas de poupança para melhorar o seu orçamento familiar está a tornar essa ação numa forma natural de lidar com o dinheiro.
Como se costuma dizer, as crianças são o espelho dos pais. Neste sentido, se estiverem em contacto com adultos que aplicam boas estratégias de gestão financeira também vão querer aplicá-las. As dicas de poupança para crianças nada mais são que ações simples que os adultos também praticam. Assim, inspire-se naquilo que gostaria que os mais pequenos aprendessem e ponha em prática no seu dia-a-dia.
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