Atingir a independência financeira não é tarefa fácil, porém, face ao aumento da inflação dos últimos meses, tornou-se ainda mais complicado. No entanto, com um plano bem delineado e com dedicação, é possível lá chegar.
O planeamento das suas finanças, para além de o colocar no caminho da poupança, terá um grande impacto a longo prazo. Se está neste momento a trabalhar para atingir a independência financeira, fique a conhecer alguns dos objetivos que terá de atingir.
Ter um fundo de emergência para situações inesperadas
Um dos principais objetivos financeiros para atingir a independência é ter um fundo de emergência que consiga cobrir situações inesperadas. Nestes imprevistos incluem-se acidentes, desemprego, obras urgentes em casa, doenças, entre outros. Mesmo que tenha um bom emprego e esteja financeiramente estável, deve construir o seu "porto seguro", contribuindo com uma parte do seu salário todos os meses.
Inicialmente, o seu primeiro objetivo deve passar por juntar uma quantia que cubra, pelo menos, um mês das suas despesas habituais. Depois, deve continuar a poupar para que a sua reserva de emergência cubra dois meses de gastos e assim sucessivamente. Idealmente, o seu fundo de emergência deve ser capaz de mantê-lo numa posição confortável durante, pelo menos, seis meses. Dependendo da sua estabilidade financeira, gastos pessoais, e facilidade de encontrar um novo emprego, este montante deve ir até 12 meses.
Além disso, um fundo de emergência deve permanecer disponível num "local seguro", como uma conta-poupança ou certificados de aforro, embora neste último caso o dinheiro fique indisponível apenas nos primeiros três meses. Ter o fundo de maneio na conta à ordem não é opção, pois é um risco para a sua estabilidade financeira. Tendo este "dinheiro à mão", existe uma grande probabilidade de utilizá-lo em situações não urgentes.
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Comprar casa
Para a grande maioria das famílias, ter a sua própria habitação é um dos objetivos mais importantes no que toca à independência. Não só pelo facto de ser casa própria, mas também pelo investimento significativo que concretizar este sonho exige.
Contudo, os preços das casas mantêm a tendência de aumento, depois de 2021 ter sido um ano histórico para o mercado nacional, de acordo com os dados da Alfredo.
Os dados da Alfredo revelam que os preços médios da habitação em Portugal aumentaram em março, elevando para 3,5% o crescimento no primeiro trimestre do ano. O preço médio da habitação situou-se nos 2.094 euros por metro quadrado no final do período em análise.
Ainda assim, se está a pensar avançar para a compra da sua primeira casa e está às voltas com as contas, saiba que não tem de o fazer sozinho. O Doutor Finanças pode ajudá-lo em todo o processo.
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Ter automóvel
Embora um automóvel seja sinónimo de despesa quando se fala de finanças pessoais, não significa que não pode ponderar e analisar a possibilidade de ter um. Se tiver as suas finanças estiverem saudáveis, ter um carro pode não "deitar por terra" o seu orçamento.
Um automóvel não é apenas um meio de transporte, mas também algo que lhe traz liberdade e capacidade para ir a qualquer lugar sem depender de terceiros. Logo, pode ser entendido como independência e não unicamente como uma despesa.
Ainda assim, não deve comprar um automóvel se realmente não necessita dele. Especialmente, se ainda está a construir o seu fundo de emergência ou a eliminar as suas dívidas. A compra de um automóvel não deve afetar as suas prioridades.
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Ter emprego estável e bem remunerado
Uma das formas para melhorar a sua situação financeira e atingir os seus objetivos é através do aumento dos seus rendimentos. Se tiver um emprego estável e bem remunerado, vai contribuir mais facilmente para o seu fundo de emergência, amortizar dívidas ou investir regularmente.
Apostar na sua formação, aprender novas competências ou aperfeiçoar as que já tem, são formas de aumentar o seu valor no mercado de trabalho e conseguir um emprego melhor. Ainda assim, tenha em consideração que nem todas as áreas têm a mesma velocidade ou potencial de progressão. Por essa razão, por vezes pode fazer todo o sentido aprender outra área para melhorar a sua situação financeira.
Além disso, deve também focar-se em ter várias fontes de rendimento. Um bom emprego não é significado de um emprego eterno. A qualquer momento, pode deparar-se com uma situação de desemprego. Recessões económicas, crises num setor específico ou outros potenciais riscos podem afetar a sua posição atual. Se só tiver um fonte de rendimento e esta desaparecer, então não tem outra alternativa senão "apertar o cinto".
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Capacidade de investir regularmente
Depois de ter construído o seu fundo de emergência e conseguir poupar todos os meses confortavelmente, pode começar a pensar investir regularmente. Este passo é bastante importante na independência financeira, visto que pode permitir-lhe multiplicar o seu dinheiro e acelerar o crescimento do seu património. No entanto, deve fazer o seu "trabalho de casa" primeiro.
Inicialmente, precisa de ganhar o suficiente para conseguir poupar e, só depois, investir o que resta. Se inverter qualquer um destes passos, pode cair no erro de investir dinheiro que não pode perder.
Mais importante do que aquilo que pode ganhar é aquilo que está disposto a perder, caso os seus investimentos corram mal. Por isso, ao contrário da poupança, existe sempre o risco de perder parte do seu dinheiro. É necessária muita prudência.
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Eliminar as suas dívidas
Não ter quaisquer dívidas é um sinal de independência financeira. Isto permite-lhe não só poupar bastante mais dinheiro todos os meses, como ainda lhe dá uma maior tranquilidade, já que não está "refém" de pagamentos.
Se já tiver a sua habitação paga, automóvel e outras dívidas, então deve aproveitar essa folga financeira para maximizar os seus rendimentos e para fazer aquilo de que realmente gosta.
Se ainda tiver dívidas, faça uma lista do que lhe falta liquidar. Depois, faça um plano para amortizar todos os meses um fatia maior do que a prestação mensal que paga atualmente. Existem duas formas para liquidar os seus créditos: começar por amortizar a dívida que tem uma maior taxa de juro, ou então a dívida mais pequena.
Ao começar por amortizar a dívida que tem a maior taxa de juro, poupa bastante ao diminuir os juros a pagar. No entanto, se quiser ver resultados mais rapidamente, deve optar por liquidar a dívida mais pequena, ainda que a taxa de juro possa ser inferior às restantes.
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Poupar mensalmente para a sua reforma
Por fim, um dos sinais que mostra a sua independência financeira é a capacidade de poupar todos os meses um montante para a sua reforma. Preferencialmente, usufruindo dos benefícios fiscais de um Plano Poupança Reforma (PPR). Este produto financeiro permite-lhe deduzir todos anos no IRS um montante que pode variar entre os 300€ e 400€ por ano, dependendo da sua idade. Além disso, mediante certas condições, apenas precisa de pagar 8% sobre os rendimentos obtidos no PPR, ao contrário dos 28% aplicados na maioria dos produtos de poupança.
Ainda que possa ser jovem, não deve deixar a poupança para a reforma fora dos seus objetivos financeiros. Quanto mais cedo começar, ainda que seja uma quantia reduzida, mais conseguirá acumular ao longo dos anos.
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