O preço dos combustíveis, apesar de toda a sua volatilidade a curto prazo, parece não parar de subir, tendo até temporariamente ultrapassado os dois euros de norte a sul do país.
Esta subida de preços, combinada com outros efeitos da inflação levam as famílias portuguesas a procurar mais formas de poupança além das que já implementavam. Neste sentido, existem várias dicas que nos ajudam a poupar no combustível, mas o debate entre combustível simples ou aditivado mantém-se.
Por um lado, há quem diga que o combustível aditivado traz inúmeras vantagens que compensam a longo prazo, apesar do preço mais elevado na bomba. Por outro, há quem defenda que estas vantagens acabam por não compensar a diferença de preço.
Qual a diferença entre combustíveis simples e aditivados?
Nas bombas de gasolina encontra sempre combustíveis simples, que são mais económicos, bem como combustíveis aditivados. Estes últimos têm mais aditivos que salientam algumas propriedades, evitando assim problemas a longo prazo e melhorando o desempenho do motor dos carros.
A diferença entre ambos os combustíveis pode ser mais ou menos subtil, visto que as marcas não revelam muitos detalhes sobre a quantidade de aditivos que colocam nos combustíveis a serem comercializados. De qualquer modo, os combustíveis simples contêm alguns aditivos e cumprem normas estabelecidas que garantem um mínimo de qualidade.
Estas normas são definidas pela União Europeia para a “gasolina e o combustível para motores diesel utilizados em automóveis, camiões, e outros veículos todo-o-terreno” e têm o objetivo de proteger a saúde humana e o ambiente.
Atualmente, algumas marcas promovem fortemente os seus combustíveis aditivados, afirmando que melhoram o desempenho do motor, permitem andar mais com menos consumo de combustível, enquanto protegem o motor. Os postos de combustível são, de qualquer modo, obrigados a “comercializar combustíveis simples – gasolina e gasóleo rodoviários”, de acordo com o decreto de Lei nº. 6/2015.
O que fazem os aditivos?
Os aditivos contidos no combustível trazem múltiplas vantagens que, dizem os seus apoiantes, se sentem tanto a curto como a longo prazo. Entre elas, os aditivos melhoram a limpeza do motor ao evitar a acumulação de resíduos.
Ao mesmo tempo, os aditivos protegem o motor para inibir a corrosão e levam a uma melhoria no seu desempenho, permitindo assim também percorrer mais quilómetros por cada litro de combustível.
Segundo algumas marcas, existe até uma redução nas emissões poluentes relacionadas com o consumo de combustível. Dada a presença de aditivos adicionais, estes combustíveis são mais caros, esta diferença sente-se de imediato na altura de os pagar.
Qual o melhor tipo de combustível para o seu carro?
Os estudos que comparam combustíveis simples e aditivados parecem ser poucos. Há vários testes feitos por amantes de automóveis, mas estes carecem um rigor científico e podem ter os seus resultados alterados por vários fatores, como diferentes percursos, diferentes condições do carro, entre outros.
Um estudo da DECO (associação de proteção ao consumidor) concluiu que a diferença entre os combustíveis low-cost e os combustíveis aditivados acaba por ser reduzida, ao ponto de não compensar a potencial diferença.
Este estudo envolveu quatro carros iguais, e foi feito ao longo de 12 mil quilómetros. Os quatro carros passaram por um “rigoroso exame prévio” aos seus componentes, de modo a garantir que o único fator diferenciador era o tipo de combustível a ser utilizado.
A pressão e tipo de pneus, o óleo e filtro, o software do carro, e outros componentes foram verificados. Para uma medição exata, foi instalado um depósito especial para o combustível. Antes de se iniciar o teste, foi verificado o alinhamento das rodas e foram pesados os carros.
Durante um mês, os carros foram conduzidos por pilotos profissionais que não sabiam qual o tipo de combustível a ser utilizado. Feito o estudo, o resultado foi uma diferença de 0,13 litros consumidos a cada 100 quilómetros entre o pior e o melhor combustível, ou seja, uma diferença de apenas 2%.
A conclusão do estudo sugere que não vale a pena gastar mais por combustíveis aditivados, visto que a diferença na bomba é superior a 2%. No entanto, é importante salientar que este estudo foi feito há já 10 anos, tendo desde então existido uma evolução nas fórmulas por detrás dos combustíveis aditivados.
Outros fatores e ter em conta
Existem, no entanto, outros fatores que têm um maior impacto no consumo. Por exemplo, a pressão incorreta nos pneus aumentava o consumo em mais 0,33 litros por cada 100 quilómetros, ou seja, em 5%.
É importante salientar que é possível explorar outras opções para ser mais sustentável ao partilhar o carro e poupar, sendo que o carpooling e o carsharing são opções que devem ser consideradas.
Falando em poupar com o carro e no combustível, deverá considerar também se vale a pena, ou não, trocar o seu atual automóvel por um veículo elétrico.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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