Ter algum dinheiro de parte, significa ter uma segurança monetária para fazer face aos imprevistos que possam surgir, seja por desemprego involuntário, por situação de lay-off, de doença ou simplesmente porque teve alguma avaria na casa ou no carro.
É importante que antes de ficar nessa situação se pergunte: “O dinheiro que tenho de parte dá para fazer face às despesas durante quanto tempo se não tiver nenhum rendimento?” Veja as suas despesas, avalie no que pode cortar e, a partir daí, faça contas e verifique para quanto tempo dá esse dinheiro que tem guardado. Daí a importância da poupança, porque se só fizer contas com o dinheiro que tem na sua conta corrente, as dificuldades serão muitas e, muito provavelmente, imediatas.
Dentro daquilo que é a poupança, existem várias formas de construí-la e rentabilizá-la ainda mais. Isto é, se por um lado a poupança deve estar acessível sempre que precisar dela, por outro lado, também pode colocá-la a render e aumentar assim o seu valor.
Em suma, ganhe o que ganhar, deve fazer alguns sacrifícios no sentido de ter numa conta o equivalente a seis meses das suas despesas, para que possa assim fazer frente a possíveis momentos económicos adversos, sem entrar em pânico.
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Criar um fundo de emergência é prioritário
O fundo de emergência, também conhecido por pé de meia ou almofada financeira, trata-se de um montante de dinheiro colocado de parte. É este fundo de emergência que vai permitir que consiga fazer face às suas despesas em inúmeras situações imprevisíveis, durante alguns meses. É por isso que a criação de um fundo de emergência deve ser o primeiro passo na formação de uma poupança.
Tal como o nome indica, o fundo de emergência só deve ser utilizado para emergências e, após a sua utilização, deverá repor o montante estabelecido.
Como fazer um fundo de emergência e quanto devo poupar por mês
O primeiro passo é analisar as suas despesas mensais. Reúna todas as suas faturas, some todas as despesas, veja aquelas que pode cortar e perceba qual é o tamanho desse valor. Este será o seu orçamento. O aconselhável é que o fundo de emergência seja, pelo menos, seis vezes esse valor. Ou seja, se as suas despesas totalizarem 1000€ por mês, idealmente deverá possuir uma reserva de 6 000€.
No caso dos trabalhadores independentes, é aconselhável que estes possuam uma reserva que cubra 12 meses de despesas, o que neste caso, corresponderia a 12 000€.
Embora cada situação financeira seja única, e nem sempre é possível seguir os padrões recomendados, o ideal seria colocar de parte 5% ou 10% do ser ordenado, embora qualquer poupança seja bem-vinda. Este dinheiro deve ser colocado numa conta à parte, à qual seja fácil aceder, caso seja necessário.
Como é natural, esta é uma poupança que vai aumentando ao longo do tempo e não de forma imediata, por isso, inicialmente pode parecer difícil e quase uma missão impossível, mas, pouco a pouco, vai conseguir atingir o objetivo.
Como fazer crescer o fundo de emergência de uma forma mais rápida
Ao longo do ano, existem algumas oportunidades para reforçar o fundo de emergência, como é o caso do reembolso do IRS, o subsídio de férias e de natal, prémios, comissões, entre outros.
Bem sabemos que este tipo de rendimentos extra são uma lufada de ar fresco nas finanças pessoais de muitas famílias, seja para comprar algo que precise, fazer umas obras em casa ou ter as merecidas férias. No fundo, o objetivo não é deixar de fazê-lo, nem aplicar todo o montante no seu fundo de emergência. O objetivo é mesmo planear e gerir bem esses montantes extra, evitando que o dinheiro acabe por desaparecer num abrir e piscar de olhos, sem perceber para onde foi.
Por isso, vale a pena pensar se não será rentável criar ou reforçar o seu fundo de emergência com uma parte do valor que recebeu a mais em determinada altura do ano.
No entanto, salientamos que leve o tempo que levar, o que interessa mesmo é conseguir poupar.
Formas de rentabilizar a poupança
O fundo de emergência, ou seja, a poupança, pode ser rentabilizada de várias formas. Embora o fundo, tal como o nome indica deva ser para emergências e deva estar disponível no imediato, pode aplicar uma parte em soluções que sejam de baixo risco, de maneira a rentabilizar esse dinheiro, sem nunca comprometer a sua carteira. E como?
Embora sejam muitos os portugueses que utilizam ainda depósitos a prazo, esta solução tem atualmente retornos muito reduzidos, ou negativos mesmo, devido às taxas de juro próximas de 0%. Existem no mercado produtos mais interessantes onde pode aplicar o seu dinheiro, que têm capital garantido e taxas de remuneração superiores, e são eles:
- Certificados de Aforro – Produtos de Aforro do Estado que são procurados por quem quer aplicar o seu dinheiro sem risco. Estes certificados são produtos de capitalização cujo retorno é automaticamente aplicado para continuar a gerar um novo retorno. Ou seja, trata-se da famosa força dos juros compostos: juros que rendem juros sobre juros, sobre juros;
- Seguros de Capitalização – Produtos com vantagens fiscais e com capital garantido, que têm uma taxa de juro garantida todos os anos, mas que poderá variar com a renovação da apólice. Por outro lado, algumas apólices têm uma componente variável e incerta que acaba por resultar de uma fórmula de cálculo sobre os lucros da companhia de seguros.
- PPR – Os conhecidos Planos Poupança Reforma que têm muitas vantagens no futuro, mais propriamente no final do período de vida ativa. Mesmo que ainda esteja longe da idade da reforma, vários analistas financeiros aconselham a iniciar um plano poupança-reforma aos 35 anos.
Estes produtos são considerados de baixo risco, mas, antes de aplicar o dinheiro informe-se sempre das condições de resgate e das consequências caso precise de recorrer ao dinheiro aplicado antes do período subscrito.
Quando tiver uma poupança, já posso gastar o dinheiro à vontade?
Se já tem uma poupança que garante o pagamento das despesas de 6 meses, pode e deve continuar a poupar, mas agora pode diversificar e rentabilizar a poupança de outras formas. Neste caso, o dinheiro extra que conseguir poupar, pode inclusivamente optar por soluções de maior rico. Mas, nunca se esqueça, informe-se sempre das condições e avalie se as soluções respondem ao tipo de investidor que é. Há vários tipos de produtos financeiros, nomeadamente:
- Obrigações - Valores mobiliários representativos de uma dívida do Estado ou de empresas. O risco é maior porque, no fundo, o investidor está a emprestar dinheiro a uma empresa ou a um Estado. No entanto, há casos bem sucedidos, em que o risco acaba por ser recompensado.
- Imobiliário - Este é também um tipo de investimento muito conhecido. Pode ser feito por si, tornando-se senhorio e arrendando diretamente ou comprando e vendendo imóveis. Ou pode ser através de uma plataforma à qual se junta para, com um grupo de pessoas, investir em imóveis maiores e mais interessantes no que respeita a retorno.
- Fundos - Instrumentos mais complexos de investimento, que variam em muito as suas condições e, por isso, pressupõem um conhecimento mais avançado sobre o tema. Estes fundos captam dinheiro dos investidores, enquanto a equipa de gestão investe o dinheiro captado cumprindo a estratégia definida para o fundo.
- Ações: Representam parte do capital de determinada empresa. Só é possível comprar ações de empresas cotadas na Bolsa de Valores. O investidor que as compra, torna-se acionista da empresa e, por isso, pode receber os seus lucros. O negócio das ações está na compra e venda entre investidores. O objetivo é claro: comprar e conseguir, posteriormente, vender a um valor superior. No entanto, estas dinâmicas exigem conhecimento e tato para o mercado.
Mas se não pretender investir em nenhum produto, existem outras opções igualmente rentáveis para destinar a nova poupança que vai começar a construir, como é o caso da amortização do seu crédito habitação ou qualquer outro crédito que tenha contraído, permitindo-lhe assim baixar o prazo e o valor da prestação.
Contudo, também é importante que se possa mimar e fazer uma poupança para algo que queira, como umas férias merecidas ou trocar de carro, por exemplo. Até mesmo porque o merece, uma vez que, possivelmente, fez alguns sacrifícios para conseguir ter essa poupança.
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Tenha atenção aos investimentos
Antes de avançar com um investimento, seja ele de que natureza for, é importante que analise bem o mercado e esteja bem consciente do risco e da rentabilidade associada ao produto financeiro que pretende contratar.
Por exemplo, é muito importante que se informe se pode movimentar estas poupanças quando quiser e o que acontece se precisar de fazer resgates antes do período definido. Deve também perguntar-se sobre qual a percentagem das suas poupanças que pretende investir, uma vez que é importante nunca investir todo o seu dinheiro para não comprometer as suas finanças.
Verifique todas as opções que tem e, se precisar, peça ajuda a alguém especializado na área financeira.
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