A constituição de uma poupança para a reforma permite-lhe manter o seu estilo de vida quando chegar a altura de reformar-se ou até de alcançar a independência financeira alguns anos antes, para aproveitar melhor o resto da sua vida. No entanto, é preciso começar a poupar o mais cedo possível.
De acordo com os dados do INE, a remuneração bruta total média por trabalhador aumentou para 1.539 euros, no segundo trimestre de 2023, o que representa um aumento de 6,7% face ao mesmo período de 2022. Mesmo que o seu salário não se enquadre dentro deste valor, é fundamental que comece a reservar uma parte do seu rendimento para atingir este objetivo.
Contudo, é normal que tenha dúvidas, principalmente se ainda faltam algumas décadas para se reformar. Por exemplo, pode estar a questionar-se: Quanto preciso de poupar por mês? Devo colocar esse dinheiro numa conta poupança ou investir em produtos financeiros? Vale a pena correr riscos mais elevados para aumentar esta poupança?
Na verdade, todas estas perguntas são pertinentes. Mas a resposta mais correta vai depender da sua idade e da sua situação financeira. Para perceber o que deve ter em consideração, de seguida, apresentamos algumas dicas para constituir uma poupança para a reforma.
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Poupança para a reforma: Tente combinar com a constituição do seu fundo de emergência
Independentemente da sua idade, quando entra no mercado de trabalho e passa a ter as suas próprias despesas, deve focar-se em criar um fundo de emergência que garanta a sua estabilidade financeira perante imprevistos. Este deve ser um objetivo prioritário para todas as pessoas.
Caso nunca tenha ouvido falar deste fundo, trata-se de uma espécie de pé-de-meia para cobrir despesas imprevistas (avarias e reparações do seu veículo, tratamentos de saúde, etc.) e quebras de rendimentos (como numa situação de desemprego). Na prática, esta poupança deve cobrir entre 3 a 12 meses dos seus encargos essenciais.
Imagine que o seu rendimento líquido corresponde a 1.300 euros, mas os seus encargos essenciais rondam os 800 euros. Isto significa que o seu fundo de emergência deve representar uma poupança entre os 2.400 euros e 9.600 euros. Claro que o valor máximo nem sempre é fácil de alcançar rapidamente. Por isso, nunca deve mexer neste fundo, a menos que seja realmente necessário. Aliás, pelo contrário. Reforce este fundo sempre que o seu orçamento familiar permita. Não importa se são 20 euros, 50 euros, 100 euros ou mais. O mais importante é que faça este reforço.
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Se o seu fundo de emergência já tiver alcançado o valor mínimo, pode em paralelo criar outra poupança para a reforma. Antes de dar este passo, faça contas e veja quanto pode direcionar para este objetivo. Inicialmente, pode começar a colocar numa conta à ordem ou conta poupança um determinado montante por mês. No entanto, saiba que esta não é a solução ideal.
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Porque é que constituir uma poupança para a reforma numa conta à ordem não é uma boa solução?
Constituir uma poupança para a reforma numa conta à ordem ou numa conta poupança é melhor do que não poupar de todo. Mas, neste caso, o mais provável é que acabe por gastar esse dinheiro mais tarde ou mais cedo.
Quando opta por criar uma poupança a pensar na reforma, estamos a falar de uma estratégia de poupança a longo prazo. Se a sua idade rondar os 30 anos, ainda faltam mais de três décadas até se reformar. Tendo em conta a inflação no decorrer desse período, se o dinheiro ficar parado numa conta à ordem, este vai desvalorizar. Além disso, pode pagar comissões regulares, acabando por prejudicar o valor final. Já as contas poupanças oferecem uma rentabilidade muito baixa. Por isso, mesmo não querendo correr riscos, existem produtos financeiros que oferecem uma rentabilidade melhor.
Devo investir a minha poupança para a reforma?
Sim. Uma das soluções mais interessantes para constituir uma poupança para a reforma é investir em PPR. Existem dois tipos de PPR que oferecem uma rentabilidade distinta, uma vez que o risco de cada um destes produtos é diferente.
Por exemplo, nos Seguros PPR, o capital é aplicado num fundo autónomo, onde vai conseguir obter um rendimento mínimo, mas com o mínimo de risco, uma vez que o capital, por norma, está garantido. Agora, como este é um produto para quem pretende uma opção conservadora de investimento, apenas vai obter uma pequena maximização do seu dinheiro a longo prazo. Por isso, se não está perto da reforma, esta não é a melhor forma de rentabilizar o seu dinheiro. Já se faltarem poucos anos para se reformar, esta é uma solução segura para não perder as suas poupanças.
Claro que isto não significa que não possa ter um fundo PPR e outro produto de risco mais elevado. Se ainda está longe de se aposentar, os fundos PPR são uma solução mais atrativa. Este tipo de produto financeiro assemelha-se à maioria dos investimentos mobiliários. E como tal, pode encontrar produtos com diferentes graus de risco, consoante o seu perfil de investidor. Os fundos onde o risco é mais elevado implicam retornos potenciais mais altos.
Um ponto importante a reter é que um fundo PPR está sob a alçada de uma sociedade gestora de fundos de pensões. Esta aplica o valor que entrega periodicamente com base na política de investimento do fundo, tendo a possibilidade de resgatar o seu PPR antecipadamente ou quando alcançar a idade da reforma.
Em qualquer um dos casos, informe-se bem sobre as políticas de investimento (fundos PPR) ou condições pré-contratuais da apólice (seguros PPR), condições de resgate, comissões, entre outras informações relevantes.
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Quando devo correr riscos mais elevados?
Como referido, se está longe de se aposentar, ainda tem um longo período pela frente para constituir uma poupança para a reforma. Logo, pode correr riscos mais elevados nos seus investimentos, pois terá tempo de recuperar eventuais perdas.
Além disso, se o seu objetivo passar por investir num PPR, quanto mais novo começar a investir, mais benefícios fiscais irá obter. Este é um ponto muito importante, uma vez que os PPR são os únicos produtos financeiros com benefícios fiscais, tanto à entrada como à saída.
À entrada, os PPR permitem deduzir à coleta 20% do valor aplicado por ano, tendo em conta os seguintes limites:
- Até 35 anos: Limite máximo de 400 euros. Este valor corresponde a um investimento de 2.000 euros.
- Dos 35 anos aos 50 anos: até 350 euros. Para obter a dedução dos 350 euros precisa de investir 1.750 euros.
- Após os 50 anos até à idade da reforma: o limite máximo desce para 300 euros, precisando de investir 1.500 euros para obter esta dedução.
Contudo, após declarar estes valores na sua declaração de IRS, se resgatar o seu PPR antecipadamente, não só tem de devolver o valor que recebeu, como será aplicada uma coima de 10% por cada ano que obteve o benefício fiscal.
Embora este seja um fator a ter em atenção, ao obter este benefício fiscal pode usar esse valor para aumentar a sua poupança para a reforma ou dar-lhe outro destino que melhore a sua vida financeira.
À saída, os PPR também têm benefícios que, na prática, se traduzem na diminuição dos impostos que paga. Os impostos aplicados aos produtos financeiros dizem respeito aos rendimentos obtidos. A grande diferença é que a maioria dos investimentos paga uma taxa de 28% sobre os rendimentos obtidos. Já os PPR pagam:
- 21,5% quando o resgate ocorre antes dos 5 anos;
- 17,2% entre os 5 e 8 anos;
- 8,6% quando o resgate ocorre após os 8 anos;
- E 8% quando o resgate cumpre as condições legais estabelecidas.
Ou seja, perante qualquer outro investimento vai pagar menos impostos. E quanto mais tempo mantiver o seu PPR, menor será a taxa a pagar.
Se está perto da idade da reforma e começou recentemente a criar uma poupança, pode investir num Seguro PPR, colocando um valor mais alto neste produto anualmente ou de forma recorrente. Além de não correr o risco de perder essa poupança, pode ainda usufruir dos benefícios fiscais à entrada e à saída.
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Outros fatores a ter em consideração
Por fim, antes de constituir uma poupança para a reforma, analise minuciosamente o estado das suas finanças pessoais. Embora a criação de uma poupança seja essencial, se não tiver algum cuidado no valor que investe, pode correr o risco de não conseguir pagar as suas despesas essenciais e entrar numa situação de incumprimento.
Idealmente, após analisar o seu orçamento, deve definir um valor fixo que consegue colocar de parte todos os meses. Mas esse valor pode aumentar ou diminuir, perante algumas mudanças na sua vida financeira.
Caso faça outro tipo de investimentos para maximizar as suas poupanças, seja em certificados de aforro, certificados do Tesouro, obrigações, ações ou outros produtos financeiros, informe-se muito bem sobre os riscos e as caraterísticas de cada produto para não colocar o complemento da sua reforma em risco.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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