Dada a atual conjuntura económica, muitas famílias portuguesas enfrentam desafios em gerir o seu orçamento familiar e pagar todas as suas despesas. E quando é impossível aumentar os rendimentos, saber como poupar em tempos de crise quando tem filhos a seu cargo é fundamental. Afinal, uma família com dependentes tem mais despesas que precisa de assegurar mensalmente.
Além da renda ou prestação de crédito habitação, as faturas da energia, gás, água, telecomunicações, combustíveis e alimentação têm vindo a subir devido à guerra e à escalada da inflação por toda a Zona Euro. A somar a estes gastos, estes agregados ainda têm de suportar despesas escolares, de saúde, seguros, impostos, entre outros encargos.
E como não existem fórmulas mágicas que multipliquem os seus rendimentos, precisa de saber que mesmo "apertando o cinto" é preciso criar estratégias de poupança para não entrar em incumprimento. Assim, neste artigo, fique a conhecer algumas soluções para poupar em tempos de crise.
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Ensine conceitos básicos de literacia financeira infantil aos seus filhos
A introdução da literacia financeira infantil aos seus filhos é um passo que deve ser dado com naturalidade, assim que surgem as primeiras perguntas ou desejos de consumo. Por norma, estas primeiras oportunidades educativas acontecem a partir dos 3 anos de idade.
No entanto, nesta fase, é normal que os seus filhos não tenham capacidade de perceber conceitos complexos de literacia financeira. Mas isso não significa que não possa falar de dinheiro com crianças, ensinando, por exemplo:
- O que é o dinheiro e como é que os pais conseguem ter dinheiro mensalmente;
- Para que é que o dinheiro serve e quais são as prioridades financeiras de uma família;
- Porque é que devem pensar antes de fazerem uma compra;
- Explicar a diferença entre o desejo e a necessidade de ter algo;
- Mostrar porque é que é importante poupar.
Conforme os seus filhos vão percebendo estes conceitos básicos, deve ensinar as crianças a tomarem decisões financeiras. Caso não saiba bem como dar este passo, pode:
- Explicar aos mais pequenos as suas decisões nas compras, mostrando como escolhe os produtos de acordo com a lista de compras, promoções, optar em alguns casos por marcas brancas, etc.;
- Ensine como evitar o desperdício e o porquê de eles não precisarem de certos produtos, brinquedos, entre outras coisas;
- Ofereça livros e jogos de literacia financeira, com os quais os seus filhos podem aprender mais sobre a gestão do dinheiro e a importância de certas decisões;
- Dar sempre o exemplo, pois as crianças têm tendência a seguir os exemplos e as práticas dos pais.
Contudo, a educação financeira deve ser adaptada a cada idade. Quando os seus filhos têm mais consciência sobre finanças pessoais, tomam certas decisões com maior naturalidade e implementam algumas dicas financeiras, é positivo conceder-lhes uma semanada ou mesada.
Assim, quando os seus filhos têm dinheiro limitado para gerir, ganham consciência do valor do dinheiro, e podem assumir a responsabilidade das suas decisões financeiras. Se implementar progressivamente estes métodos, será mais fácil poupar em tempos de crise com os seus filhos. Afinal, eles vão ter consciência dos limites que existem e priorizar onde devem aplicar o dinheiro que têm.
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Poupar em tempos de crise requer uma readaptação alimentar
Para quem tem filhos, a gestão do orçamento familiar perante o aumento da inflação é ainda mais complicada. Afinal, muitas famílias não sentiram os seus rendimentos a aumentarem, mas viram a maioria das despesas subir consideravelmente, desde a alimentação, eletricidade, gás, combustíveis, entre outros produtos.
E assim, é normal que muitos agregados com filhos estejam com o seu orçamento cada vez mais apertado. Dado que a maioria das despesas "fixas" são difíceis de contornar, podendo apenas renegociar os contratos, as compras relativas à alimentação e bens essenciais devem ser feitas de forma ainda mais consciente.
Assim, para poupar na alimentação com a subida de preços, deve:
- Planear as suas refeições antecipadamente;
- Fazer uma lista de compras e segui-la à risca, comprando apenas o que precisa ou está em falta;
- Congelar o que tem em excesso em casa para não haver desperdícios;
- Reinventar a sua alimentação com as sobras de outras refeições;
- Embora as crianças gostem muito de certos produtos, evite ao máximo comprar sumos, refrigerantes e doces. Opte por soluções mais saudáveis, aposte em ter sopa em casa, frutas e legumes da época.
- Evitar comprar comida congelada e refeições pré-feitas. Além destes produtos não serem amigos da sua saúde, trazem custos acrescidos para a sua carteira.
- Sempre que possível dar preferência a marcas brancas e a campanhas promocionais, desde que estes produtos constem na lista ou sejam uma compra regular para a sua casa.
- Mostrar ao seu filho que apenas é possível comprar o que é essencial, dado os aumentos dos preços. Embora possa haver uma exceção muito esporádica, ela não passa disso mesmo, uma exceção. Dê o exemplo, para que as crianças não fiquem confusas com os seus ensinamentos.
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Para poupar em tempos de crise com filhos, reveja as despesas escolares
Com a entrada das crianças na escola, seja numa creche gratuita ou privada, no jardim de infância, no ensino básico e secundário ou até ensino superior, é normal que tenha despesas adicionais com a educação. Cada uma destas etapas traz custos diferentes para o agregado familiar. E por isso, em tempos de crise, o melhor é rever todas as despesas escolares, para perceber onde pode poupar sem prejudicar a formação dos seus filhos.
Por exemplo, a nível da alimentação com os seus filhos, deve ponderar bem entre as refeições na escola ou estes levarem comida de casa. Em muitos casos, quando há refeitórios, a alimentação na escola pode compensar. Mas em termos de lanches, pode preparar alguns lanches saudáveis para os seus filhos levarem de casa, evitando gastos no bar da escola.
Quanto aos materiais escolares, faça uma revisão do que tem em casa de anos anteriores e analise o que pode ou não ser aproveitado. Embora a maioria das crianças e adolescentes queiram ter materiais novos, nem sempre existe essa necessidade. Pode reciclar certos materiais, como dossiês, cadernos, mochilas, etc., sem ter de gastar tanto dinheiro.
Já em termos de atividades extracurriculares, deve reavaliar as despesas e ver o que realmente é essencial para os seus filhos consoante os gostos individuais e pertinência a nível de formação. Caso não seja possível manter o seu filho em todas as atividades, pode procurar soluções mais acessíveis ou explicar-lhe que terá de fazer uma pequena pausa nessa atividade. Assim que as suas finanças pessoais ficarem equilibradas, cumpra a sua promessa e inscreva-o novamente nessa atividade.
Venda e compre artigos em segunda mão
Se tem filhos, está a par de que as roupas deixam de servir rapidamente, existem mobílias que deixam de ter utilidade e há um vasto leque de brinquedos que já não tem qualquer propósito, a não ser ocupar espaço.
E como desde que nascem, as necessidades de cada filho estão constantemente a sofrer alterações, acumular bens (seja de que espécie for), não traz qualquer benefício. Aliás, pelo contrário. É preciso mostrar às crianças desde cedo que doar é importante e que apenas devemos ficar com aquilo que é realmente útil.
Assim, existem inúmeras possibilidades para ter um rendimento extra a vender em segunda mão, roupas, calçado, brinquedos e até mobílias que os seus filhos já não usam. No que diz respeito à roupa e calçado, hoje em dia existem inúmeras lojas, físicas e online, onde pode vender estas peças em segunda mão.
Além disso, também pode optar por utilizar estas mesmas lojas para comprar roupas e calçado mais barato para os seus filhos. Neste tipo de loja pode mesmo encontrar roupas em segunda mão de marca a preços mais baixos e roupa básica a preços muito acessíveis.
Caso precise mesmo de comprar artigos novos, aproveite as promoções e os saldos para fazer este tipo de compras. Mas não se esqueça que devem estipular um orçamento para este tipo de compras, de acordo com as suas possibilidades financeiras atuais.
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Em termos de brinquedos, numa altura de crise deve ter alguma contenção com as suas compras. Isto não significa que não possa presentear os seus filhos em alturas específicas do ano. Mas não tome decisões por impulso. Analise e compare os preços do que pretende oferecer em várias lojas.
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Ao renegociar os seus contratos pode poupar em tempos de crise
No cenário atual, com a taxa de inflação e os juros a aumentarem, é importante não cruzar os braços se pretende poupar em tempos de crise.
Caso tenha um crédito habitação associado a uma taxa Euribor, já deve estar a sentir o peso da subida dos juros na sua prestação de crédito. No entanto, se a sua taxa de esforço é superior a 36%, esta é a altura certa para renegociar o seu crédito habitação junto da entidade financeira.
Após as medidas excecionais aprovadas pelo Governo, os bancos devem tentar aliviar o peso das prestações de crédito perante taxas de esforço mais elevadas. Assim, fale com o seu banco e veja qual é a possibilidade de reduzir o seu spread ou a possibilidade de alterar os seus seguros obrigatórios do crédito habitação (seguro de vida e seguro multirriscos) para outra seguradora. Muitas vezes, estas duas soluções permitem-lhe poupar dezenas ou centenas de euros por mês.
Mas se as suas finanças pessoais estão muito apertadas, poderá aumentar o prazo do crédito habitação temporariamente. Esta é uma forma de aliviar a sua prestação mensal durante um determinado período. No entanto, não se esqueça que quanto mais longo é o prazo, mais caro fica o empréstimo, devido ao aumento da totalidade dos juros.
Se tem várias apólices de seguro, para conseguir poupar durante a crise, deve olhar atentamente para sua carteira de seguros. Veja se todas as apólices ainda são úteis e verifique se não tem coberturas repetidas em diferentes seguros. Também deve pedir simulações junto de outras seguradoras para verificar se consegue melhores condições para as suas necessidades atuais.
Por fim, caso tenha vários créditos contratos, veja se cumpre os critérios para obter um crédito consolidado. Ao consolidar todos os seus créditos num só, fica a pagar uma única prestação que, por norma, tem uma taxa de juro mais baixa do que muitos créditos pessoais. Muitos clientes conseguem reduzir os seus encargos com prestações ao consolidar os seus créditos até cerca de 60% do valor.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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