Com a chegada do verão, são muitas as famílias que começam a pensar que destino vão dar ao seu subsídio de férias. Em muitos casos, este montante extra servirá, certamente, para custear uns dias tranquilos para espairecer e recarregar baterias. No entanto, num cenário de juros elevados e aumento generalizado dos preços, este valor também pode - e deve - ser utilizado para melhorar as suas finanças pessoais.
Afinal, se aplicar uma parcela do subsídio para reduzir as suas dívidas ou reforçar a sua estabilidade financeira, os resultados podem ser muito compensadores, permitindo um reequilíbrio do orçamento familiar. Caso junto este valor ao reembolso do IRS, o efeito pode ser ainda mais satisfatório.
Conheça, neste artigo, de que forma pode aplicar o seu subsídio de férias para melhorar as suas finanças pessoais.
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Constitua ou reforce o seu fundo de emergência
Um passo fundamental para uma gestão consciente das finanças pessoais é a constituição de um fundo de emergência (o chamado "pé-de-meia") para cobrir imprevistos financeiros. Este tipo de fundo é muito importante caso perca rendimentos ou fique desempregado, pelo que deverá ter como meta juntar dinheiro suficiente para cobrir todas as suas despesas essenciais durante um período mínimo de 3 a 12 meses.
Assim, independentemente dos imprevistos, consegue garantir uma situação financeira estável até arranjar um novo emprego ou retomar o nível de rendimentos que tinha anteriormente. Embora ter um fundo de emergência seja essencial, nem sempre é fácil chegar ao valor pretendido. Até ter o valor mínimo ideal, precisa de ser consistente na hora de poupar.
Dito isto, é preciso criar uma estratégia financeira para alcançar o valor ideal recomendado. E é aqui que o subsídio de férias pode ser uma grande ajuda: se utilizar parte do montante para reforçar o seu fundo, diminui, e muito, o tempo necessário para chegar ao total pretendido.
Imagine que as despesas essenciais da sua família correspondem a 800 euros mensais. Nesta situação, o fundo de emergência da sua família deveria ser composto por um montante entre os 2.400 euros e os 9.600 euros.
Se todos os meses aplicar 200 euros neste fundo, ao fim de 12 meses consegue juntar 2.400 euros. Mas, se numa família composta por dois elementos que trabalham, utilizar um subsídio de férias de 750 euros para este propósito, no final do ano o fundo sobe para 3.150 euros. Na prática, se adotar esta estratégia, em três anos tem um fundo de emergência de 9.450 euros (3.150 euros x 3).
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Aproveite e ponha fim a uma ou mais dívidas
Utilizar o seu subsídio de férias para pagar dívidas pode não ser a ideia mais animadora. No entanto, esta solução permite-lhe reequilibrar o seu orçamento e, com isso, reduzir a ansiedade financeira.
Na maioria das situações, as dívidas (sejam relativas a um cartão de crédito, um crédito pessoal, dívidas à Segurança Social ou Finanças ou até contas em atraso) implicam o pagamento de penalizações ou juros elevados.
Se não conseguir saldar uma dívida na sua totalidade, pode utilizar o seu subsídio de férias para reduzir o capital em dívida e os juros associados. O que, na prática, irá reduzir a sua prestação de crédito ou a duração do empréstimo.
Já se conseguir saldar por completo uma ou mais dívidas, vai obter uma folga financeira no seu orçamento familiar. Além disso, afasta a possibilidade de entrar em incumprimento no futuro e mantém o seu perfil de bom pagador junto do Banco de Portugal, da AT e da Segurança Social. Ter um bom histórico junto destas entidades ajuda-o no futuro, caso venha a precisar de um novo financiamento ou de apoios do Estado.
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Amortizar créditos com o subsídio de férias: Sim ou não?
A resposta a esta pergunta depende dos valores em dívida, das taxas de juro e do tipo de crédito que pretende amortizar. Por norma, se quiser amortizar um crédito ao consumo, como dívidas em cartões de crédito, um crédito automóvel ou um crédito pessoal, a resposta é sim. Deve amortizar o seu crédito, uma vez que estamos a falar de financiamentos com taxas de juro mais elevadas.
Como referido anteriormente, mesmo que não consiga fazer uma amortização total de um crédito, se fizer um reembolso antecipado de forma parcial, vai conseguir reduzir o montante em dívida que lhe falta pagar e a fatura total de juros. E isto traduz-se ou na redução da prestação mensal ou na diminuição do prazo do empréstimo. Contudo, a sua prioridade deve ser sempre o crédito com os juros mais elevados.
Se tem apenas o empréstimo da casa, utilizar o subsídio de férias para amortizar o crédito habitação pode ou não compensar. Depende essencialmente da taxa de juro que está a pagar pelo seu empréstimo e da rentabilidade que conseguiria obter se, em vez de amortizar o crédito, investisse esse dinheiro num produto de poupança. Por isso, é essencial fazer contas antes de tomar esta decisão.
Para o ajudar, pode utilizar o simulador de amortização antecipada para saber quanto vai ficar a pagar ao banco, após a amortização e, assim, quanto vai poupar. Com esses dados, verifique qual será a poupança em 12 meses e compare com o que lhe renderia esse valor se estivesse aplicado em determinado produto financeiro. Não esquecendo de que esse rendimento é bruto (tem de descontar o imposto) enquanto a poupança na prestação é líquida.
Se o seu crédito não for de taxa variável para compra ou construção de habitação própria e permanente - cujas comissões de amortização antecipada estão suspensas até ao final do ano - também terá de contar com o pagamento da comissão, que pode chegar aos 2%.
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E se utilizar o subsídio de férias para criar um PPR?
Para muitos trabalhadores, pensar na reforma pode parecer algo prematuro. Mas quanto mais cedo se preparar, melhor. E a criação de um PPR é uma excelente forma de ter uma vida financeira mais tranquila na idade da reforma.
Além disso, a este tipo de produto estão associados benefícios fiscais bastante atrativos. Isto porque, se investir num PPR a longo prazo, pode salvaguardar um complemento para sua reforma, e ainda deduzir à coleta 20% do valor que aplica por ano neste produto na sua declaração de IRS.
Benefícios que pode obter
A dedução à coleta tem limites consoante a sua idade e o valor do investimento anual. Por exemplo, até aos 35 anos, se investir 2.000 euros, pode obter uma dedução até 400 euros. Se tiver entre 35 e os 50 anos, o investimento de 1.750 euros dá-lhe a oportunidade de obter uma dedução até aos 350 euros. Já após os 50 anos até à idade da reforma, se investir 1.500 euros num ano, a dedução máxima é de 300 euros.
Contudo, os benefícios não terminam por aqui. Em termos fiscais, os PPR também têm benefícios à saída. Ou seja, pagam menos impostos que outro tipo de investimentos. A maioria dos investimentos, é taxado em 28%. Já um PPR, se for resgatado antes dos 5 anos, é tributado em 21,5%. Se o resgate ocorrer entre os 5 e os 8 anos, a tributação desce para 17,2%. Por fim, se o resgate for após os 8 anos, aplica-se uma tributação de 8,6%. Se mantiver o seu PPR até à idade da reforma ou o resgate se enquadre nas situações previstas na lei, a taxa aplicada é de 8%.
Tenha atenção que os resgates antecipados que não cumpram os critérios legais não devem constar na sua declaração de IRS. Ou seja, não deve obter benefícios fiscais em termos de dedução à coleta. Se beneficiar destas deduções e decidir resgatar antecipadamente o seu PPR, vai ter de devolver o dinheiro ao Estado com uma penalização adicional.
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Aumente as suas poupanças para alcançar os seus objetivos
Aumentar as suas poupanças é sempre um excelente objetivo. Assim, caso tenha as suas finanças estáveis, pode usar uma parte do seu subsídio de férias para reforçar o seu fundo de emergência, criar um depósito a prazo ou uma poupança para os seus filhos (caso se aplique). Estas são soluções mais apropriadas para quem quer manter facilidade em movimentar o dinheiro sem perder os juros deste tipo de poupanças.
Existem, no entanto, outras opções que podem maximizar o seu dinheiro de forma mais significativa. Por exemplo, pode investir em Certificados de Aforro, um produto de poupança cuja rentabilidade está ligada à evolução da Euribor. Apesar de a nova série F ter condições menos vantajosas do que a anterior série E, o seu investimento ainda pode render um máximo de 2,5% logo no primeiro ano.
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Tem as finanças equilibradas? Pondere a possibilidade de investir
Se tem as suas finanças estáveis e um fundo de emergência criado, pode estudar a possibilidade de utilizar o seu subsídio de férias para tentar maximizar o seu dinheiro através de investimentos.
Saiba, porém, que o mundo dos investimentos pode ser complexo, dependendo dos produtos escolhidos. Este é um universo muito vasto, com soluções para todos os gostos e objetivos. Há investimentos de baixo, médio e alto risco. E por isso, antes de começar a investir, precisa de identificar qual é o seu perfil de investidor, de forma a adequar as suas escolhas às suas características.
O ideal é ter uma carteira diversificada, alinhada com o seu perfil, e composta apenas por ativos que conheça e compreenda: características, condições e, sobretudo, nível de risco.
Por fim, no caso de querer mesmo aproveitar o seu subsídio de férias para viajar e gozar de um período de descanso, este dinheiro deve servir para cobrir as suas despesas. Assim, não precisa de recorrer a créditos e não coloca em risco as suas finanças pessoais.
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