Os depósitos a prazo são os produtos de poupança preferidos dos portugueses. O conservadorismo típico português, que prefere a facilidade de acesso ao montante “investido”, mesmo que isso signifique uma taxa de juro baixa (ou mesmo negativa), torna estes um dos produtos mais populares. Além disso, é uma solução relativamente simples. Associada à conta à ordem existe uma poupança a prazo, com determinada taxa de juro, um prazo pré-definido e um risco de perda de capital quase nulo. Mas existem outras questões que devem ser conhecidas pelos subscritores de depósitos a prazo. Descubra o que deve saber sobre depósitos a prazo.
O que é o depósito a prazo?
Trata-se de um produto bancário em que se entrega a uma instituição de crédito uma determinada quantia. A instituição é obrigada, ao fim do prazo estipulado, a devolver o montante depositado e, em alguns casos, a pagar uma remuneração - consoante as condições acordadas. Os depósitos a prazo são supervisionados pelo Banco de Portugal.
São três as características diferenciadoras deste tipo de produto:
- Simplicidade: é fácil de compreender a sua dinâmica e avançar para a sua constituição;
- Liquidez: muitas instituições permitem a movimentação dos montantes depositados antes do vencimento do prazo - ainda que com penalizações nos juros;
- Segurança: o Fundo de Garantia de Depósito garante o reembolso do capital investido até o máximo de 100 mil euros por depositante em cada instituição bancária. Isto no caso, por exemplo, de falência do banco.
Quando subscreve este tipo de produto deve ter em atenção: o prazo de vencimento, a taxa aplicada, outras despesas e a possibilidade de reforço e mobilização antes do vencimento.
Tipos de depósitos
Existem dois tipos de depósitos a prazo, que se distinguem essencialmente pelas variáveis que determinam o cálculo da remuneração.
- Simples
Este é o tipo de depósito mais vulgarmente comercializado pelos bancos. Neste produto, a taxa de juro pode ser fixa (conhecida no momento da constituição e inalterada durante todo o prazo) ou variável (dependente da evolução de um indexante do mercado monetário, como por exemplo a Euribor a 6 meses, ao qual se adiciona um spread definido previamente). - Estruturados
Os depósitos a prazo estruturados são mais complexos porque dependem da evolução de variáveis económicas ou financeiras. Prevê-se que antes da constituição deste tipo de produtos, a instituição bancária forneça ao cliente a Ficha de Informação Normalizada (FIN), com todas as informações sobre o produto em causa.
Taxa de retorno
A taxa de juro divulgada pelos bancos para as suas soluções de depósitos a prazo não representam, de forma linear, o retorno que pode ter com aquele produto. Isto porque há contas que precisam de ser feitas nomeadamente com os impostos a pagar e com a inflação (que pode inclusive resultar numa situação de retorno negativo).
Por isso, quando simular o retorno que pode ter com cada investimento, não se esqueça de descontar 28% que será o imposto a pagar sobre o rendimento e pondere o fator da inflação - se o prazo for longo.
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Retorno negativo: é possível?
Com as taxas de juros próximas de zero, a taxa de inflação pode empurrar o retorno para o campo negativo. Se a inflação for superior ao retorno líquido que o depósito oferece (isto é: depois de descontados os impostos e comissões), não há um ganho real. Ou seja: o montante que tem na conta será o mesmo, mas, como os preços dos bens e serviços aumentaram (inflação) o poder de compra diminui. Em 2019, a taxa de inflação em Portugal foi de 0,3%. Já a taxa de juro média praticada nos depósitos a prazo foi de 0,16%, no mesmo período.
Há risco nos depósitos?
O principal risco de um depósito a prazo é mesmo o da inflação, porque o montante investido é assegurado. O que pode variar é o risco da remuneração, considerando o tipo de taxa aplicada: se fixa ou variável.
Os depósitos a prazo são dos investimentos mais seguros do mercado, embora com as rentabilidades mais baixas. São produtos de subscrição rápida e simples, que não exigem conhecimentos financeiros aprofundados. Ainda assim, deve procurar compreender todas as condicionantes como a possibilidade de mobilização antecipada. Por muito simples que possa ser, informe-se antes de investir o seu dinheiro num depósito a prazo.
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Confirme se está a investir num depósito
Já ouviu, nem que tenha sido nas notícias, alguém dizer que perdeu todas as suas poupança, explicando que pensava que tinha o dinheiro num depósito e que afinal não era? Para evitar uma situação semelhante, há uma regra basilar: confirme se está a investir efetivamente num depósito.
Se o seu objetivo é ter o dinheiro à mão e não quer correr riscos, terá mesmo de confirmar se o investimento está num depósito. Como? Na “famosa” FIN tem de estar identificado como tal. Nenhuma instituição pode comercializar um produto chamando-lhe “depósito” quando na verdade não é.
E claro, se lhe estiverem a oferecer uma taxa de juro muito mais elevada do que o que está a ser praticado pelo restante mercado, desconfie e informe-se. Mas, a regra é: se for um depósito (e se reger pelas proteções deste tipo de produtos) tem de estar identificado como tal.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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4 comentários em “Depósitos a prazo: o que deve saber”