Aprender sobre dinheiro é importantíssimo para as crianças. Seja de que faixa etária forem, existem sempre lições e formas de as ensinar apropriadas. Desde a sua origem, passando pelos truques para o fazer crescer, os ensinamentos são os mais diversos. Neste artigo, vamos dar-lhe uma lição financeira para cada mês do ano, que pode, e deve, partilhar com os mais novos. Ao todo são 12 lições sobre os mais variados tópicos financeiros que serão bastante úteis para o futuro dos mais pequenos.
Janeiro - o que é o dinheiro?
O dinheiro é, nada mais nada menos, que um meio de troca. Este é universalmente utilizado e é recebido em troca de bens ou serviços. Ao longo do tempo o dinheiro já assumiu várias formas, no entanto, atualmente, é tido sobre a forma de notas e moedas.
Nos tempos que correm, além de notas e moedas, existem outras formas de "ter" dinheiro, tais como cartões e aplicações. É importante ressalvar que estes dois exemplos, por si só, não representam dinheiro. Estes são apenas meios de pagamento que têm de estar associados a uma conta onde haja, efetivamente, dinheiro. Assim, é importante explicar às crianças que por detrás destes cartões e aplicações, têm que existir "notas e moedas", nós apenas não as vemos.
Os novos métodos de pagamento e movimentação de dinheiro são bastante práticos, no entanto, é fácil para as crianças pensarem que são infinitos, ou seja, passando o cartão, há sempre dinheiro. Este conceito deve ser desconstruído, de modo a que eles compreendam que o dinheiro que está por detrás de um cartão, foi lá colocado em troca de algo, normalmente, trabalho. Os pais têm empregos e, por isso, recebem dinheiro ao fim do mês. No entanto, esse dinheiro é gasto em diversas coisas e, com o passar dos dias, vai diminuindo. No mês seguinte, repete-se a mesma situação.
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Fevereiro - diferença entre "quero" e "preciso"
Neste tópico, é importante explicar aos mais novos a diferença entre desejos e necessidades. Algo que nós desejamos, baseia-se numa vontade muito grande que temos em ter algo, por exemplo, uma consola. Algo que necessitamos baseia-se em precisar mesmo desse artigo, ou seja, este é imprescindível. Por exemplo, uma criança pode querer muito um telemóvel, mas não precisar dele. Pelo contrário, não mencionar que queira uns sapatos novos e necessitar deles.
Estes dois conceitos podem ser, facilmente, trocados pelos mais novos. É importante explicar-lhes que antes de termos algo que queremos, temos de garantir que temos o que precisamos. Um exemplo bastante simples é a alimentação. Esta é a base da vida, sem ela é impossível sobreviver. Partilhe com o seu filho este exemplo, se ele tivesse 20€ e só pudesse escolher entre comida e algo que ele queria, qual seria a sua decisão? O mais comum seria ele optar pelo artigo que ele queria, pois a imaturidade infantil não as permite ver as consequências dessa escolha. Assim, deve explicar essas consequências e a importância de assegurar as necessidades antes dos desejos.
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Março - qual a importância de poupar
Uma vez explicado o conceito de dinheiro e necessidades versus desejos, é importante focar noções de poupança. Para uma criança é difícil perceber porque devemos poupar o dinheiro se, no mês seguinte, os pais irão receber mais. Assim, devem ser trabalhados os conceitos de pôr dinheiro de lado para uma situação específica. Por exemplo, se a família tem em mente ir de férias para um certo sítio, é importante explicar à criança que, para poderem pagar essas férias, têm de ir poupando ao longo do tempo.
Da mesma forma, é importante abordar conceitos de preços, ou seja, nem sempre o dinheiro que as pessoas têm disponível "chega" para comprar o bem ou serviço em questão. Para os mais novos, ter dinheiro é sinónimo de poder comprar, pois, para eles, a noção de "dinheiro suficiente" ainda não está clara. Assim, deve-se desconstruir estes conceitos e explicar que, por vezes, temos de juntar dinheiro durante bastante tempo para poder pagar por algo, pois o preço é bastante elevado.
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Abril - o que são orçamentos?
Outro conceito que deve ser abordado são orçamentos. É importante explicar aos mais novos que no que diz respeito a gastos, devem existir regras. Assim, quando atribuímos um valor máximo para gastar, devemos cumpri-lo escrupulosamente. Para melhor abordar este conceito, faça um jogo com a criança. Por exemplo, utilize notas e moedas de brincar, se tiver, caso não tenha, faça algumas com papel. De seguida, pegue em artigos de casa, por exemplo, alimentos, roupa, entre outros, e associe-lhe um preço. Explique à criança o dinheiro que ela tem para gastar e peça-lhe que divida pelas diversas categorias. Dessa forma, ela irá compreender mais facilmente o que significa ter um orçamento para uma certa situação.
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Maio - o que são dívidas e porque as devemos evitar?
O conceito de dívida é algo de extrema importância que deve ser ensinado aos mais novos. No que diz respeito a dinheiro existem diversos aspetos positivos. No entanto, existem outros bastante negativos, sendo as dívidas um deles. Quando temos uma obrigação de pagamento num determinado prazo e não o cumprimos, ficamos em dívida. Por exemplo, se os pais têm de pagar a renda da casa até um certo dia e, não o fazem, aí os pais ficam a dever esse valor ao senhorio. Até o valor ser pago, a pessoa está sempre em dívida. No entanto, estar em dívida não é apenas ter dinheiro a pagar. Por vezes, podem existir "castigos" pelo facto da pessoa não efetuar um pagamento a tempo e horas. Esses castigos podem ser cortes em serviços, pagamento de multas ou, em casos mais graves, perda de bens.
É importante as crianças perceberem alguns dos comportamentos que podem levar à criação de dívidas. Por exemplo, comprar coisas quando não se tem dinheiro para as pagar, utilizar "muito" o pagamento a crédito, não ter poupanças ou fundos de emergência, entre outros.
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Junho - o que são fundos de emergência e qual a sua importância?
Outro conceito, importantíssimo, que deve ser ensinado aos mais novos é o de fundo de emergência. Assim, deve-se explicar às crianças que, por vezes, acontecem situações inesperadas, nas quais possamos precisar de uma elevada quantia de dinheiro. Por exemplo, se o pai e/ou a mãe ficarem sem emprego, como seria possível pagar as despesas mensais? Se alguém ficasse doente, como seriam pagos os tratamentos? Assim, através da utilização de exemplos, é possível fazer os mais novos perceber que não podemos ter o dinheiro contado para as nossas despesas. É muito importante ter dinheiro de lado para fazer face a emergências.
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Julho - como evitar as compras por impulso
Compras por impulso é algo a que todos estamos sujeitos. No entanto, existem estratégias para as evitar e é dessas mesmas estratégias que devemos falar às crianças.
Em primeiro lugar, é importante explicar-lhes que as lojas querem, constantemente, que compremos mais e mais. É assim que eles têm lucro. Cabe-nos a nós identificar as estratégias e não nos deixarmos influenciar por elas. Em segundo lugar, devemos abordar questões associadas ao planeamento de compras. Por exemplo, sempre que vamos às compras devemos ter uma lista daquilo que precisamos e cumpri-la escrupulosamente. Esta e outras estratégias são fundamentais para evitarmos comprar artigos por impulso, artigos esses que, muitas vezes, nem são necessários.
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Agosto - comparar antes de comprar
O conceito de comparação de preços é de extrema importância para os mais novos. Normalmente, quando uma criança vê um artigo que queira comprar, não lhe passa pela cabeça que esse artigo possa ter outro preço noutra loja. Assim, é importante explicar-lhes que o mesmo produto, ou similar, pode ser mais barato noutro sítio e, assim, é melhor ser adquirido mais tarde.
Um traço bastante comum nos mais novos é o querer "agora". A impaciência associada às crianças é algo que deve, também, ser trabalhado. Ensinar uma criança a ser paciente e esperar é valioso, seja por motivos financeiros, seja por outras razões quaisquer. A paciência associada à comparação de preços entre superfícies, é uma ótima receita para uma maior poupança.
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Setembro - como funcionam os cartões de crédito
O conceito de crédito também deve ser abordado com as crianças. Pode parecer algo difícil de explicar, no entanto, utilizando alguns exemplos simples, vai ver que não é.
No que diz respeito ao crédito, o mais importante a reter é o facto deste ser um empréstimo, ou seja, no futuro terá sempre de ser pago a quem emprestou. Com os cartões de crédito é exatamente o mesmo. Ou seja, os adultos que têm cartão de crédito e utilizam esse dinheiro, vão ter que o devolver ao banco, uma vez que foi este que emprestou. Além disso, é importante explicar, também, o que são juros. Quando o banco empresta dinheiro a alguém, tem de ter lucro com isso, ou seja, tem de ganhar algo em troca. Se um banco empresta 100€, o retorno terá de ser superior. Assim, é exatamente isto com os cartões de crédito. Deve explicar-se às crianças que, quando usamos dinheiro de crédito, iremos ter de pagar juros, a menos que paguemos a100%, no entanto essa parte deve ser explicada depois de eles perceberem a primeira.
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Outubro - como dinheiro pode gerar mais dinheiro
O termo juro composto pode ser complicado para os mais novos perceberem, no entanto, se lhes explicar que o próprio dinheiro pode gerar mais dinheiro, talvez seja mais simples. Convém esperar que as crianças tenham alguns conhecimentos de matemática para aplicar esta lição, pois, caso contrário, torna-se mais difícil.
Por exemplo, se colocar 50€ num investimento com uma taxa de juro a 5%. No ano zero, ou seja no ano em que investiu, o valor final será 50€, pois ainda não houve ganhos. No ano 1, o ganho será o valor investido com o acréscimo da taxa de juro, ou seja, 50 x 0.05 = 2.5, ou seja, no final terá 52.5€. Já no ano seguinte, o valor de partida será o valor final do ano anterior, ou seja, 52.5€. Assim, no final do ano 2 terá 55.13€, e assim sucessivamente. Utilizando valores mais pequenos torna mais fácil a explicação. A lição a reter é que juros compostos são juros sobre juros, ou seja, o dinheiro pode gerar mais dinheiro.
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Novembro - a importância das escolhas
A noção de escolhas deve ser abordada desde cedo, pois a vida é feita delas. Para uma criança, ter de escolher entre dois, três ou mais artigos não faz sentido. Porque razão não pode ter todos? O facto deles não perceberem o que está por detrás das escolhas, impossibilita-os de perceber porque as têm de fazer. Por exemplo, se pedir a uma criança que escolha entre umas sapatilhas e um brinquedo, deve explicar-lhe algumas coisas. Primeiro, a questão do "querer" versus "precisar", como abordamos anteriormente. Segundo, deve falar no valor de cada produto. Independentemente se o dinheiro que vai utilizar para pagar é seu ou da criança, é importante explicar que o preço do produto apenas permite que se escolha um. Desta forma, elas irão habituar-se a fazer escolhas, sendo que esta situação as irá acompanhar pela vida fora.
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Dezembro - dinheiro não traz felicidade, mas permite escolher
Por fim, e talvez a lição mais importante de todas, é que o dinheiro não é a coisa mais importante da vida. Pelo contrário, ter o dinheiro como único foco pode, mesmo, ser prejudicial para a vida pessoal das pessoas. O dinheiro é importante e devemos, sempre, procurar a estabilidade e segurança financeira. No entanto, não devemos descurar os outros aspetos da vida, como as relações interpessoais, a saúde e o trabalho.
Ter estabilidade financeira permite-nos escolher, dá-nos opções. Perante uma situação de insegurança financeira somos, muitas vezes, obrigados a cingirmo-nos ao que é possível, o que pode ser bastante frustrante. Assim, é importante que as crianças entendam o dinheiro como uma forma de atingir algo, e não como o objetivo em si.
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