Devido às poupanças acumuladas durante o período pandémico, os portugueses aproveitaram para investir em produtos de maior risco, nomeamente em fundos de investimento, segundo noticiou o ECO. No entanto, para quem está a pensar investir pela primeira vez, é expectável que existam receios e riscos associados.
Caso não tenha experiência ou acompanhamento, pode mesmo cometer erros que podem custar-lhe centenas ou milhares de euros. Assim, fique a conhecer alguns aspetos a ter em consideração para começar a investir com prudência.
Tenha um fundo de emergência
Antes de pensar em qualquer tipo de investimento, deve primeiro analisar a sua situação atual e focar-se na estabilidade financeira. Isto implica ter um fundo de emergência que possa cobrir as suas despesas mensais durante, pelo menos, seis meses. Caso contrário, qualquer imprevisto pode colocar em causa a sua saúde financeira. Desemprego inesperado de um dos membros do agregado familiar, um acidente de trabalho, ou até mesmo uma avaria no seu automóvel podem comprometer as suas contas. Seja por via do aumento das suas despesas, seja pela diminuição de rendimentos, deve ter sempre uma salvaguarda.
Se ainda não tem o seu fundo de maneio, comece por automatizar as suas poupanças. No início do mês transfira sempre um montante, mesmo que seja pequeno, para a sua conta poupança.
Por exemplo, suponha que as suas despesas mensais são cerca de 500€. Se conseguir poupar 50€ por mês, em menos de um ano consegue ter um mês de despesas acumulado nas suas poupanças. O montante continua a ser pequeno, mas muito provavelmente não ficará tão preocupado se algo de errado acontecer repentinamente.
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Pague as suas dívidas antes de investir
Qualquer dívida, na grande maioria dos casos, pode impedi-lo de melhorar a sua situação financeira e aumentar os seus rendimentos. Portanto, eliminá-las deve ser uma das suas prioridades. Não só vai ajudá-lo a ter mais rendimento disponível, como reduz o risco de incumprimento. Além disso, todo o dinheiro que entrega em juros à instituição financeira é dinheiro que podia ser seu se investisse esse montante ao longo do tempo.
Por exemplo, suponha que investiu no início do ano cerca de 1000€ em fundos de investimento. Imagine que até conseguiu fazer um bom investimento e obteve um retorno anual de cerca de 15%. No entanto, se tiver dívidas para pagar no seu cartão de crédito, no valor de 1000€, com uma taxa de juro anual de 15%, todo esse bom investimento que fez vai valer zero. Isto significa que todo o trabalho associado a esse investimento e, especialmente o risco a que teve exposto o seu dinheiro, foram inúteis.
Agora, em vez de uma dívida de 1000€ em cartão de crédito, suponha um crédito automóvel no valor de 15.000€ a uma taxa de juro anual de cerca de 6%. Isto significa que, enquanto estiver a pagar o seu crédito, irá pagar 900€ em juros. Só este valor de juros é praticamente igual ao valor que estaria disposto a investir inicialmente, ou seja, os tais 1000€. Este pequeno exemplo serve para mostrar o quanto uma dívida, aparentemente "inofensiva", consegue "roubar" não só dos seus rendimentos, mas também do retorno dos seus investimentos.
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Garanta que não vai precisar do dinheiro a curto/médio prazo
Outro fator que impacta a decisão de investir, ou não, é a possível necessidade de recorrer a esse dinheiro no curto prazo. Sempre que investir, deve garantir que não vai precisar desse montante durante, pelo menos, os cinco anos seguintes. Caso contrário, estará demasiado sujeito à volatilidade dos mercados. Além disso, a diversificação dos seus investimentos é uma boa forma de reduzir o risco associado.
As condições do mercado podem fazer com que um ou vários dos seus investimentos tenham um bom desempenho, enquanto que outros quase não se alterem ou, no pior dos casos, tenham um mau desempenho. Diversificar vai ajudá-lo quando um dos seus investimentos não estiver a ter o desempenho desejado, bem como a equilibrar o seu portefólio.
Por essa razão, os epecialistas apontam que não deve tentar acertar na melhor altura para investir. Da mesma forma que uma habitação, deve comprá-la se o preço corresponder ou estiver abaixo do valor de mercado. No caso dos investimentos, o seu interesse é que o preço esteja abaixo do valor de mercado, de forma a conseguir ter lucro mais tarde, independentemente do período que está disposto a esperar. Seja este longo ou curto, nunca invista dinheiro que irá precisar amanhã.
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Defina objetivos e planeie a sua estratégia para investir
Qualquer investimento, seja financeiro ou profissional, necessita de ter um objetivo para ser bem sucedido. Essa marca de sucesso vai determinar o risco que está disposto a correr, além do tempo que está disposto a esperar até ter retorno que compense o seu esforço. Está a pensar investir para ter um rendimento passivo através do pagamento de dividendos? Ou simplesmente quer investir a longo prazo em fundos de investimento para colher os frutos mais tarde? Estas questões são determinantes na hora de escolher os produtos financeiros.
Por exemplo, se pretende investir no mercado de ações e tiver em vista obter retorno a curto prazo, pode não ser uma boa opção. Problemas económicos, políticos ou outros fatores que possam afetar o mercado negativamente, fazendo com que exista volatilidade. Se tiver de retirar o seu dinheiro do mercado repentinamente pode ter perdas de centenas ou milhares de euros.
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Defina um orçamento antes de começar a investir
Para começar a investir, precisa de saber primeiro quanto dinheiro lhe "resta" do seus rendimentos mensais. Caso contrário, pode estar a investir dinheiro que não pode perder. Isso pode fazer com que tome decisões precipitadas caso a tendência dos mercados se inverta. Por essa razão, deve começar por fazer um orçamento para determinar o quanto pode investir todos os meses.
Para tal, crie uma lista com os seus rendimentos e despesas. A seguir, deve associar cada despesa a uma determinada categoria, como restauração, alimentação, educação, entretenimento ou créditos. Depois, identifique as despesas supérfluas que pode eliminar e que lhe "roubam" dinheiro todos os meses, comprometendo a sua estratégia de investimento. Definido o orçamento, deve também avaliar o seu progresso mensal. Inicialmente, é natural que algumas das despesas não sejam contempladas, nomeadamente impostos ou seguros, visto que geralmente são pagos anualmente.
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Deixe as emoções de lado ao investir
Por fim, um dos maiores "erros" de quem começa a investir (e até de investidores experientes) prende-se com a componente emocional nos mercados. Isto é, dependendo do estado emocional dos investidores, os mercados podem movimentar-se positiva ou negativamente. Mesmo que as boas notícias nem sempre façam os mercados subirem, a emoção leva muitas vezes os investidores a cometerem erros.
Por exemplo, situações de incerteza ou previsões que não foram cumpridas geralmente têm um efeito negativo nos mercados. Quando as notícias não são animadoras, a tendência é que os investidores vendam as suas posições, provocando uma descida ainda maior. Muitas vezes, sem qualquer fundamento ou indicadores que revelem que existe algum problema. É aqui que entra a parte emocional e é importante que se não deixe influenciar por momentos em que exista esta volatilidade. Caso contrário, pode também ser "vítima" dos erros dos outros.
Nestas situações, deve deixar as suas emoções de parte e privilegiar o seu lado racional. Analise as verdadeiras razões para uma descida (ou subida) das suas ações e só depois decidir o que deve fazer. Tal como isse o empresário e filantopo americano Warren Buffet: "o mercado é uma máquina para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes".
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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