Com que idade devem os jovens começar com as suas poupanças? Obviamente, quanto mais cedo melhor! A diferença entre começar aos 20 ou aos 30 anos pode ser significativa, dependendo dos tipos de instrumentos de poupança adquiridos.
É natural que surjam diversas questões na hora de decidir sobre poupanças: quais os instrumentos de poupança mais adequados? Quais as suas vantagens e desvantagens? Apesar de, muitas vezes, ser difícil eleger os melhores e os piores instrumentos, pode-se identificar as características intrínsecas de cada um, e alinhar as mesmas com as expectativas de cada pessoa.
Os instrumentos de poupança em análise são: depósitos a prazo, certificados de aforro, e PPR (Plano Poupança para a Reforma).
Note-se que a informação prestada em seguida pode ajudar a tomar uma decisão relativamente à aquisição de um instrumento de poupança, contudo, recomenda-se que se informe devidamente em relação ao instrumento em específico bem como ao risco inerente.
Depósitos a prazo
Os depósitos a prazo são produtos facultados pelos bancos, onde um determinado valor monetário é entregue pelo cliente ao banco, sendo que o banco devolve o mesmo valor, acrescido de juros, após um determinado espaço de tempo. Geralmente, quanto maior for este período de tempo, maior será o retorno.
As principais vantagens deste tipo instrumento são a sua segurança e liquidez. Quando adquire este produto, não o risco de perder o dinheiro investido, é limitado, uma vez que o reembolso do capital investido é garantido pelo banco. E, mesmo que o banco entre em falência, está protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por depositante.
Adicionalmente, outra vantagem prende-se com a acessibilidade ao dinheiro; a grande maioria dos bancos permite que o capital seja levantado (total ou parcialmente), ainda que possa existir uma penalização das taxas de juro acordadas.
A única (mas importantíssima) desvantagem destes instrumentos são as baixas taxas de juro associadas. Usando como exemplo um produto financeiro disponível no mercado atualmente, vamos simular o retorno de um depósito a prazo com uma taxa de juro de 1,5% TANB (Taxa Anual Nominal Bruta) a 90 dias.
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Simulação
- Montante investido: 2.000€
- Taxa de juro: 1,5%
- Juros brutos (após os 90 dias): 2.000€ x 1,5% = 30€
- Juros líquidos (após os 90 dias), após dedução de 28% para impostos sobre mais-valias: 21,6€
Caso pretenda utilizar outros valores, faça uso do simulador de depósitos a prazo, disponibilizado pelo Doutor Finanças, e descubra quanto lhe rende um determinado depósito em termos líquidos e brutos, em função do montante e prazo.
De realçar que este produto financeiro usado no exemplo tem uma taxa de juro acima da média do mercado, uma vez que é exclusiva para novos clientes do banco em questão, e tem um limite máximo de capital investido de 25.000 euros. No entanto, a generalidade dos bancos tem taxas de juro na ordem dos 1,1%-1,2%.
O facto de as taxas de juro serem baixas significa que ao longo dos anos, se a taxa de inflação for superior à taxa de juro, está a perder poder de compra. Como a taxa de juro não cobre a taxa de inflação, o dinheiro que tem no banco vai dar para comprar menos coisas.
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Certificados de aforro
A aquisição de Certificados de Aforro significa que se está a comprar dívida pública ao Estado português, sendo este encarregue pelo retorno do investimento. Ou seja, está a emprestar dinheiro ao Estado.
Estes certificados são adquiridos num balcão dos CTT, são considerados seguros, e exigem um investimento mínimo de 100 euros (o máximo é 250.000 euros).
A questão que se coloca é, qual a diferença para o depósitos a prazo? O que separa estes dois produtos financeiros prende-se com a duração média dos produtos, e com o cálculo das taxas de juro. Relativamente à duração, os certificados de aforro, regra geral, oferecem prazos significativamente maiores (10 anos) e taxas de juro mais altas.
A segunda diferença diz respeito ao tipo de taxa de juro. Enquanto na grande maioria dos depósitos a prazo se utilizar uma taxa de juro fixa, nos certificados de aforro são usadas taxas de juro variáveis, indexadas à Euribor a 3 meses. Para compreender como funciona o cálculo das taxas de juro ao longo dos 10 anos, vejamos a seguinte informação em detalhe.
Simulação
- 1.º ano - Taxa de juro base: 1% + Euribor a 3 meses
- 2.º ano até fim do 5.º ano – Taxa de juro e prémio de permanência: 1% + 0,5% + Euribor a 3 meses
- 6.º ano até ao fim do 10.º ano – Taxa de juro e prémio de permanência superior: 1% + 1% + Euribor a 3 meses
O valor da Euribor a 3 meses resulta da média dos valores desta taxa observados nos últimos 10 dias úteis antes do cálculo, não podendo ser superior a 3,5% nem inferior a 0%.
Relativamente à liquidez dos certificados de aforro, ela é considerada elevada, uma vez que a totalidade do montante investido fica disponível após os primeiros 3 meses. Após este período pode levantar total ou parcialmente o valor investido.
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Plano Poupança para a Reforma (PPR)
Os PPR são instrumentos financeiros cuja finalidade é poupar no médio e longo prazo, regra geral, até à idade da reforma. Apesar de muito se falar sobre PPR, há dois tipos de produtos e uma grande diversidade de ofertas dentro destes tipos, pelo que, antes de avançar, tenha em consideração várias questões.
Perceba se quer um seguro, que tem capital garantido, ou um fundo, que não tem garantia de capital, mas cujas taxas de juro costumam ser mais atrativas. Analise também se vale a pena usar os benefícios fiscais, porque se precisar de resgatar o dinheiro antes do período previsto, sofrerá penalizações.
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Quando posso movimentar capital de um PPR?
Apesar de ser sempre possível resgatar o capital investido, se o mesmo não for realizado de acordo com um conjunto de situações específicas, podem ser aplicadas penalizações fiscais. Isto se beneficiar dos benefícios fiscais. Se investir dinheiro num PPR e não recorrer destes benefícios, estas limitações não se colocam.
As condições, caso use os benefícios fiscais, que permitem o resgate sem penalizações, por lei, são as seguintes:
- Atingir a idade da reforma;
- Ter mais de 60 anos;
- Por motivo de morte, doença grave ou incapacidade permanente para o trabalho;
- Situação de desemprego (ou do cônjuge);
- Capital utilizado para pagamento de prestações de crédito habitação (não se aplica a amortização do empréstimo).
Quais os benefícios fiscais do PPR?
Os PPR podem usufruir de dois tipos de benefícios fiscais: à entrada (dedução fiscal) e à saída (tributação mais baixa).
As taxas de imposto sobre as mais-valias variam consoante o prazo de investimento e mediante o tipo de condição utilizada para resgatar o capital. A tabela seguinte mostra os valores de taxas de imposto sobre as mais-valias em cada uma das situações.
Prazo de investimento | <5 anos | 5 a 8 anos | >8 anos |
Fora das condições na lei | 21,5% | 17,2% | 8,6% |
Dentro das condições da lei (listadas acima) | 8,0% | 8,0% | 8,0% |
Este imposto é apenas aplicado aquando do resgate, pelo que permite que a capitalização dos juros seja efetuada com o valor total bruto, até ao momento do resgate.
Além dos benefícios fiscais no resgate, existe também um benefício anual inerente a este produto, uma vez que 20% do capital investido no PPR pode ser deduzido no IRS, num máximo de até 400 euros por pessoa, caso tenha até 35 anos de idade. Este valor desce para 350 euros para pessoas com idades entre os 35 e os 50 anos, e desce novamente para 300 euros para pessoas com mais de 50 anos não reformadas.
Este valor receberá através de deduções fiscais quando entregar a declaração de IRS. Ou seja, se investir num PPR em 2022, quando, em 2023, entregar a declaração de IRS tem de confirmar se quer beneficiar deste benefício fiscal.
Leia ainda: PPR e os benefícios fiscais
Quais as taxas de juro dos PPR?
Existem diversas opções de produtos PPR, envolvendo diferentes níveis de risco, que implicam necessariamente diferentes taxas de juro (quanto maior o nível de risco, maior a volatilidade do capital e maior potencial de retorno).
Ao contrário dos depósitos a prazo e certificados de aforro, os PPR são produtos que podem ter vários tipos de ativos associados, como ações, obrigações ou matérias-primas, o que aumenta a volatilidade dos mesmos; em função da percentagem de investimento máximo em ações, são traçados diferentes tipos de PPR.
Dependendo do tipo de PPR escolhido, o retorno potencial pode ser muito diferente. Pode encontrar retornos em torno de 1% ou de dois dígitos, dependendo do tipo de ativos e do período do investimento.
Em função do tipo de risco que está disposto a correr, existem diferentes tipos de opções, com maior e menor segurança. A escala inerente ao risco designa-se por Indicador Sumário de Risco e Remuneração (ISRR) e varia entre 1 a 7, sendo 1 um investimento de menor risco e 7 um investimento de alto risco.
Geralmente o nível de risco é diretamente proporcional à percentagem máxima de ações inerentes ao produto; quanto menor for a percentagem de ações (bastante voláteis), mais alta será a percentagem em obrigações (menos voláteis, mais estáveis).
De salientar que muitos destes produtos não dão garantias de rendimento, ao contrário dos depósitos a prazo e certificados de aforro. Caso opte for adquirir um produto deste tipo, tome conhecimento do nível de risco inerente e certifique-se que a sua tolerância ao risco está em concordância.
Leia ainda: Vale a pena declarar o Plano Poupança Reforma no IRS?
Como escolher o produto financeiro ideal para mim?
Na hora de escolher os produtos financeiros, certifique-se que conhece bem as vantagens as desvantagens, de modo a evitar ser surpreendido. É importante que tenha definido qual é o seu perfil de investidor, nomeadamente quão tolerante é ao risco.
Caso seja intolerante ao risco, opte por produtos sem risco como os depósitos a prazo ou certificados de aforro ou um PPR com garantia de capital. Por outro lado, se tiver alguma tolerância ao risco, considere os fundos PPR e tenha em atenção o IRSS para que esteja ciente no nível de risco inerente.
Se ainda não começou a poupar, não se preocupe! Como se costuma dizer, mais vale tarde que nunca. Independentemente da sua idade, considere iniciar as suas poupanças, caso ainda não o tenha feito, ou diversifique o seu portefólio de produtos, com base no seu perfil de investidor, prazo de investimento, e montante disponível.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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