Caminhamos a passos largos para o fim do ano. Aproximam-se épocas festivas, que uns gostam e outros nem tanto, mas que nos ocupam a mente e distraem. Isto também significa que estamos a chegar ao fim de 2023. E como tudo passa tão rápido! Por norma, o fim do ano é um daqueles períodos em que fazemos uma análise mais racional ao último ano e em que olhamos para o futuro, tentando definir metas e objetivos.
2023: Um ano diferente
Economicamente, 2023 irá ficar marcado como o ano do regresso a taxas de juro elevadas. Desde 2008 que o mundo ocidental não experienciava esta realidade. Vivemos tantos anos com custos de financiamento tão reduzidos que, para muitos, esta “nova” realidade era impensável. Por este motivo, muitos foram aqueles que tomaram as suas decisões de investimento com base em pressupostos que se verificavam na altura, atrás dos seus sonhos e objetivos, mas sem pensar no cenário mais adverso.
Como tal, 2023 trouxe-nos, entre outras coisas, um banho de realidade. Para piorar todo o cenário que muitos não equacionaram, a subida de taxas efetuou-se num momento em que a inflação apresenta valores elevados. Alias, uma coisa leva à outra. A subida de taxas tem o objetivo de combater a inflação. De uma forma simples, 2023 tem sido um ano em que o custo de vida disparou para a maior parte da população: por um lado, a inflação fez com que os custos dos bens e serviços seja superior, por outro, para aqueles que têm créditos, a subida de taxas de juro trouxe um incremento substancial na prestação.
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Poupança: Um tema cada vez mais importante
Conforme referi anteriormente, quando caminhamos para o fim do ano, temos a tendência para fazer uma avaliação sobre o que correu bem ou menos bem, onde melhorámos ou onde não conseguimos desenvolver o que pretendíamos, e começamos a renovar as metas para o próximo ano.
Normalmente, os temas em que pensamos são aqueles que podem influenciar diretamente a nossa felicidade. Por conseguinte, a saúde, a vida profissional ou o lado pessoal são aqueles em que nos concentramos mais. Contudo, existe outro tema que também pode vir a ter uma grande influência nas nossas vidas, pelo facto de, no longo prazo, poder vir a ser determinante para termos tranquilidade e segurança: a gestão das nossas poupanças. Este é um item que tem cada vez mais mediatismo, sobretudo por várias entidades competentes e com responsabilidades em Portugal, tais como a CMVM, Banco de Portugal e o Estado português.
Este tema tem também atraído cada vez mais empresas que se preocupam em proporcionar condições de trabalho aos seus empregados e, em simultâneo, ajudá-los a preparar o seu futuro. No contexto atual em que se percebe que, daqui a 30 ou 40 anos, a Segurança Social só terá capacidade para pagar 40% do nosso salário, é imperioso olhar para este tema com outros olhos e dedicação. A boa gestão das nossas poupanças é um processo de longo prazo, mas que deve ser encarado o mais cedo possível. É um processo dinâmico e que se vai adaptando à idade e objetivos de cada um. É um tema que deverá, cada vez mais, estar presente na nossa mente de forma a podermos agir e, enquanto sociedade, crescermos e desenvolvermos competências nestas matérias. Uma sociedade mais bem informada será uma sociedade mais exigente e tomará melhores decisões, que se irão refletir individualmente na vida de cada um de nós.
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Os acontecimentos inesperados: Duas visões distintas
Quando pensamos na gestão das nossas poupanças temos sempre de ter em conta um fator que não controlamos: os acontecimentos inesperados. Assim, quando definimos o nosso processo de investimento, devemos ter a perceção que não iremos conseguir dominar tudo, que há sempre circunstâncias ou situações que podem influenciar as nossas decisões ou o seu rumo. Acontecimentos como o conflito entre Ucrânia e Rússia, Israel e o Hamas, ou uma catástrofe natural são questões que podem acontecer e que podem influenciar um enorme conjunto de variáveis ou, no limite, o crescimento económico global. Como tal, é importante ter em conta que a gestão das nossas poupanças tem uma lógica de longo prazo e que devemos monitorizar as nossas decisões sempre que fizer sentido, de forma a podermos manter o rumo ou alterá-lo, caso entendamos que aquela opção deixa de ter sentido no nosso portefólio.
Porém, podemos também olhar para os acontecimentos inesperados de outra forma. As poupanças, que são uma atitude que decidimos adotar, são um trunfo que temos sempre do nosso lado caso suceda algo que não estamos à espera. Ter uma margem para gerir situações adversas é muito importante, sobretudo num mundo que é cada vez mais rápido e global.
Assim, os acontecimentos inesperados têm duas visões diferentes associadas à poupança: no lado da gestão das poupanças, podem influenciar as nossas decisões; no lado do nosso dia-a-dia, as poupanças podem ajudar-nos a enfrentar situações inesperadas.
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