Um fundo de emergência deve reunir um montante que cubra, pelo menos, seis meses das suas despesas mensais. No entanto, com a escalada de preços nos supermercados, combustíveis e outros produtos, o seu fundo de emergência pode já não ser suficiente. Por isso, deve rever o valor de que dispõe para situações inesperadas e torná-lo "imune" à inflação.
Defina um orçamento para fazer face à inflação
Face ao aumento da inflação nos últimos meses é fundamental ter as despesas sob controlo. Uma das formas de evitar o "descontrolo" financeiro é a criação de um orçamento. Desta forma, vai conseguir ajustar os seus hábitos de consumo de acordo com os preços dos produtos e, por consequência, ter mais rendimento disponível para reforçar o seu fundo de emergência.
Estar a atento às suas despesas, procurar opções mais em conta nos vários supermercados, eliminar as subscrições que não utiliza e diminuir as refeições fora são algumas das soluções que tem ao seu alcance para "lutar" contra a inflação.
Se nunca fez um orçamento na sua vida, então comece por criar uma lista com as suas despesas mensais. Desde a alimentação, prestação da casa, saúde, até a pequenos gastos. Depois, organize cada uma das suas despesas em categorias. A seguir, deve identificar e eliminar gastos que considera supérfluos (resista a compras por impulso e verifique os serviços que não usa, por exemplo).
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Considere produtos financeiros com uma maior taxa de juro
Um fundo de emergência deve estar disponível a qualquer momento para que, no caso de surgir uma situação inesperada, possa recorrer a esse dinheiro. No entanto, isto não significa que tenha de estar "debaixo do colchão". Ter este montante na conta à ordem também não é recomendado, pois vai ter de resistir "à tentação" de usar esse dinheiro para despesas não urgentes.
Por isso, pondere investir em produtos financeiros que lhe ofereçam taxas de juro apelativas, mas que não comprometam a segurança e flexibilidade no caso de precisar do seu dinheiro. Ainda que a grande maioria das contas poupança não ofereçam boas rentabilidades, existem opções a considerar.
Se tiver, entre outros investimentos, Certificados de Aforro, pode esperar uma rentabilidade superior nos próximos meses devido os valores atuais das taxas Euribor. No entanto, tenha em consideração que no caso dos certificados de aforro, não pode movimentar o seu dinheiro nos primeiros três meses.
Ainda que os produtos financeiros disponíveis, que lhe oferecem segurança e flexibilidade, dificilmente consigam acompanhar a inflação atual, deve procurar melhorar as condições de rentabilidade do seu fundo de emergência. Embora um produto financeiro não resolva todas as suas preocupações, pode ajudá-lo a não ter de "cortar" tanto nas suas despesas para manter o crescimento do seu fundo de emergência.
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Reavalie o montante que tem no seu fundo de emergência
Além de procurar opções para rentabilizar o seu fundo de emergência, deve reavaliar o montante que tem disponível. Em períodos de incerteza, quando existe uma inflação elevada e possíveis cenários de recessão, deve reforçar o seu fundo de emergência além dos seis meses de despesas.
Por exemplo, se as suas despesas mensais forem cerca de 750€, então deve ter no seu fundo de emergência cerca de 4500€. No entanto, atualmente, a inflação encontra-se em 8,7%, o valor mais alto desde agosto de 1984. Isto significa que por cada 100€ poupados o ano passado, estes rondam agora 90€.
Se a inflação subir ainda mais, vai ter de fazer mais esforços para compensar a desvalorização do seu dinheiro. Caso contrário, numa situação urgente, esse montante que tinha previsto inicialmente como sendo suficiente, já não vai chegar para fazer face às dificuldades.
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Aumente as suas poupanças consoante a inflação
Aumentar as suas poupanças é uma das formas de diminuir os impactos negativos da inflação. Embora seja mais difícil poupar, devido ao aumento generalizado dos preços, deve tentar fazê-lo.
Se tal não lhe for possível, considere um trabalho extra para aumentar os seus rendimentos. Assim, já conseguirá atingir os objetivos pretendidos, de forma a evitar que o seu dinheiro "desapareça" com a inflação. Ainda que seja um pequeno part-time, todo o dinheiro é "bem vindo" nestas alturas de incerteza.
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Considere aumentos da taxa Euribor no seu fundo de emergência
Atualmente, as taxas Euribor também estão a subir. Se tem crédito à habitação, a sua prestação da casa vai ficar mais cara. Isto significa que, pelas despesas mensais serem superiores, isto deve refletir-se no seu fundo de emergência. Como tal, terá de poupar mais dinheiro e contribuir para a sua reserva novamente.
Tendo em conta que todos os seus créditos são afetados pela taxa Euribor, exceto se tiver taxa fixa, deve contabilizar todos esses gastos. Em alguns casos, pode tratar-se de uma diferença de centenas de euros. Quanto mais significativa for esta diferença, mais importante é agir e reforçar de imediato o seu "pé de meia".
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Não se esqueça dos seguros e outras despesas anuais
Além das despesas correntes, existem outras que também sofreram aumentos devido à inflação. Os seguros ou as manutenções do seu automóvel, não escaparam aos aumentos. Geralmente, estas despesas são anuais e, como tal, pode ainda não se ter apercebido. No entanto, tenha em consideração que estas despesas também têm de ser consideradas no seu fundo de emergência. Tal como acontece com os gastos correntes, como a alimentação ou eletricidade, qualquer aumento implica um ajuste no seu orçamento.
Independentemente das oscilações dos preços, deve negociar os seus seguros anualmente. Por vezes, as seguradoras fazem campanhas para angariar novos clientes e pode usufruir de descontos significativos. O mesmo acontece com fornecedores de energia. Assim, não deixe de procurar outras opções no mercado para baixar as suas despesas.
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