No ano em que fomos surpreendidos pela pandemia da Covid-19 (2020), a taxa de poupança das famílias portuguesas atingia, supreendentemente ou não, 13,1%. Este valor apurado pela Pordata representa um aumento exponencial num ano atípico, uma vez que a média dos últimos anos rondava os 7%.
Assim, este pode mesmo ser o momento de olhar para as suas finanças e começar a poupar, principalmente se é jovem. Porque quando falamos de poupança, o tempo faz toda a diferença.
Quando começar a poupar?
A resposta é simples: comece agora. Vai sempre a tempo, mas quanto mais cedo melhor. Assim, defina metas, ajuste esforços para atingir os seus objetivos, sejam eles comprar uma casa, um carro, fazer uma viagem ou apenas ter um fundo de emergência.
O tempo é o "melhor amigo" meio de poupança. Portanto, o que importa mesmo é começar a criar um “pé de meia” para corresponder a imprevistos, cumprir objetivos ou realizar sonhos.
Vamos a exemplos práticos. Suponhamos que quando nasceu os seus pais depositaram 1000 euros numa conta poupança com um retorno anual de 6%. Se nunca mexer nessa conta até aos 65 anos terá 48.924 euros para usufruir. Pelo contrário, se começar a investir na mesma conta poupança apenas com 40 anos, terá 10.957 euros. Atenção, nestas contas simples estamos apenas a considerar valores brutos sem qualquer tipo de taxa de imposto associada.
Este exemplo demonstra o poder do investimento e da poupança com tempo: consegue acumular mais capital, terá uma poupança mais forte e o facto de começar a investir ainda jovem permite assumir um risco maior.
Soluções de poupança para jovens
Existem muitas opções para começar a poupar na juventude. Neste artigo, focamo-nos apenas em três produtos, com características bem diferentes: Depósitos a Prazo, Plano Poupança-Reforma (PPR) e Certificados de Aforro. Cada uma delas reúne vantagens e desvantagens, consoante os seus planos e disponibilidade financeira.
Por isso, deve fazer uma análise detalhada. Importa ressalvar que deve sempre informar-se sobre as características específicas de cada solução de poupança, nomeadamente taxas de juro, rendibilidades e riscos.
Depósitos a prazo, o que são?
Os depósitos a prazo são um tipo de produto bancário que implica a entrega de fundos a uma entidade bancária que fica, por seu lado, obrigada a restabelecer esses fundos após um determinado período temporal e ao pagamento de uma remuneração (juro). Em suma, ao subscrever um depósito a prazo está a emprestar dinheiro a um banco, tornando-se seu credor. Em troca, o banco paga-lhe um determinado montante sob a forma de juros.
Leia ainda: Tudo o que deve saber sobre depósitos a prazo
Depósitos a prazo são uma solução de poupança para jovens?
Na perspetiva dos jovens, os depósitos a prazo apresentam como vantagens:
- Aplicação simples de fácil compreensão
- Permite saber qual a taxa de juro aplicada desde início, ou seja, qual a remuneração garantida e prazo para a receber
- É um tipo de investimento relativamente seguro quando comparado com outros produtos financeiros
- Na maioria das opções disponíveis no mercado não existem despesas adicionais
- Diversidade de oferta com diferentes prazos de investimento, isto é, pode investir de acordo com o prazo mais conveniente para si
- Permite o reforço com alguma facilidade
Ainda assim, existem algumas desvantagens que deve ter em conta, nomeadamente:
- Atualmente as taxas de juro são baixas e em algumas opções até inferiores à inflação
- Existem penalizações se movimentar o capital investido no prazo estipulado
- É um tipo de investimento sujeito a taxa de IRS, ou seja, a taxa será retida automaticamente no momento do pagamento dos juros
Leia ainda: Simulador de depósitos a prazo
PPR (Plano Poupança-Reforma), o que são?
Os PPR são uma aplicação financeira criada com o propósito de fomentar a poupança para a reforma. Desta forma, vai estar a garantir um “pé de meia” confortável para esta fase da vida, permitindo-lhe usufruir como quiser.
É uma solução de poupança para jovens disponibilizada por bancos e instituições financeiras com depósitos e reforços de dinheiro regulares a que estão associadas taxas de juro competitivas, assim como benefícios fiscais (sobre os quais deve informar-se detalhamente junto das referidas entidades).
Os Planos Poupança-Reforma podem ter diferentes composições. Ou seja, existem sob a forma de fundo de investimento mobiliário (o capital não é garantido, o risco é maior e a rendibilidade é mais atrativa) ou sob a forma de fundo de pensões.
Leia ainda: Devo fazer um PPR?
Quais as vantagens e desvantagens dos PPR?
- Consoante o PPR pode investir valores relativamente baixos
- Existem benefícios fiscais, nomeadamente as deduções no IRS que, consoante a idade do subscritor, podem ir até aos 400 euros por ano
- Possibilidade de resgate sem penalização em emergências, nomeadamente morte, desemprego, situação de incapacidade permanente, doença súbita, mas também para amortização do crédito à habitação.
A principal desvantagem dos Planos Poupança-Reforma é o risco associado ao investimento. Ao subscrever um PPR temá duas alternativas: uma de capital e taxa fixos, em que perde não perde o dinheiro investido e recebe juros mais baixos; e capital e taxa flexíveis, em que existe o risco de perder parte do capital investido, mas tem uma rentabilidade maior. Além disso, tenha em atenção que existem alguns PPR com comissões de subscrição e manutenção. Uma vez mais, informe-se ao pormenor.
Certificados de Aforro
Os Certificados de Aforro são “instrumentos de dívida criados com o objetivo de captar a poupança das famílias. Têm como característica principal o serem distribuídos a retalho, isto é, serem colocados diretamente junto dos aforradores e terem montantes mínimos de subscrições reduzidos”, segundo a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).
Os certificados só podem ser emitidos a favor de particulares e não são transmissíveis, exceto em caso de falecimento do titular. Podem ser subscritos por pessoas singulares, são reembolsáveis um trimestre após a data de subscrição e os juros são capitalizados trimestralmente. O investimento mínimo é de 100 unidades, sendo que cada unidade tem o custo de 1 euro. Só pode subscrever até 250 000 unidades.
Em resumo, os certificados de aforro correspondem a títulos de dívida pública, ou seja, ao comprá-los está a emprestar dinheiro ao Estado.
Certificados são uma boa solução de poupança para os jovens?
Os Certificados de Aforro, segundo os especialistas, podem ser uma solução de poupança acessível e vantajosa para todos, mas especialmente para os mais jovens:
- Investimento relativamente seguro, com capital garantido
- Montante de subscrição baixo
- Isenção de custos ou comissões
- Taxas de retorno interessantes comparativamente com outras soluções
- Facilidade de subscrição e resgate
- Existência de prémios de permanência
Em termos de desvantagens, importa destacar que se trata de um investimento no mínimo para três meses, mas também existem penalizações nos juros com resgate a meio do trimestre. Além disso, é uma solução de poupança sujeita a taxa de IRS. O que significa que vai pagar impostos sobre os lucros, que são retidos automaticamente na fonte.
Leia ainda: Tudo o que precisa de saber sobre Certificados de Aforro
Assim, na certeza de que poupar exige algum sacrifício, escolha a solução de poupança que mais se adequa à sua realidade e comece já a poupar. Lembre-se, quanto mais cedo começar a poupar, melhor.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário