Quando investe dinheiro num Plano Poupança Reforma (PPR) está a preparar o futuro. Mas, além disso, também pode usufruir das vantagens destes produtos no presente. Os benefícios fiscais à entrada têm impacto no seu IRS, mas é importante que esteja bem informado para que os possa aproveitar da melhor maneira.
Isto porque, se fizer o reembolso fora das condições legais, será penalizado. E isso pode fazer a diferença entre receber e pagar IRS no momento do acerto das contas.
Quais são os benefícios à entrada?
Ao investir dinheiro num PPR, pode deduzir 20% dos montantes aplicados à coleta de IRS. Ainda assim, tal como noutras categorias de deduções, existem limites:
- Até aos 35 anos: 400 euros (tem de aplicar 2.000 euros)
- Entre os 35 e os 50 anos: 350 euros (tem de aplicar 1.750 euros)
- A partir dos 50 anos: 300 euros (tem de aplicar 1.500 euros)
A atribuição do benefício é automática?
Não. Cada subscritor é que decide se quer aproveitar os benefícios fiscais à entrada do PPR. No entanto, tenha em atenção o facto de as sociedades gestoras dos PPR informarem a Autoridade Tributária sobre os valores investidos, pelo que o quadro 6B do anexo H da declaração de IRS já aparece pré-preenchido.
Assim, se não quiser usufruir do benefício fiscal, deve eliminar essa dedução.
Qual o impacto no IRS?
Para ilustrar o impacto que este benefício pode ter no seu IRS, vamos usar como exemplo uma pessoa de 34 anos, solteira e sem dependentes. Em 2023, recebeu 1.700 euros brutos por mês (23.800 euros por ano). Assim, temos o seguinte:
- Rendimento coletável: 19.696 euros (23.800 - deduções específicas de 4.104 euros)
- Retenção na fonte: 4311,58 euros anuais
No mesmo ano, investiu 1.000 euros no PPR. Deste modo, a dedução associada à categoria de benefícios fiscais é de 200 euros (1.000 x 20%).
Além disso, contabilizou ainda as seguintes deduções:
- Despesas gerais e familiares: 250 euros
- Saúde: 150 euros
- Imóveis (rendas): 502 euros
- Exigência de fatura: 40 euros
Deste modo, as deduções totais são de 1.142 euros. Se excluirmos as deduções do PPR, a soma é de 942 euros.
Vamos então perceber de que forma é que isto afeta o IRS.
Sem benefício
- Coleta total: 4.186,71 euros (rendimento coletável x 28,5% taxa de IRS - parcela a abater de 1.426,65 euros)
- Coleta líquida: 3.244,71 euros (coleta total - deduções à coleta, excluindo as do PPR)
- Resultado: 1066,87 euros a receber (retenção na fonte - coleta líquida)
Com benefício
- Coleta total: 4.186,71 euros
- Coleta líquida: 3.044,71 euros (coleta total - deduções totais)
- Resultado: 1266,87 euros a receber
Leia ainda: PPR: Quais os benefícios fiscais no IRS?
O que acontece se levantar o dinheiro do PPR antes do tempo?
Se pedir o reembolso fora das condições legais previstas, tem de devolver os benefícios, acrescidos de uma penalização de 10% por cada ano que tiver passado. De acordo com artigo 21.º do Código do IRS, só não perde o direito ao benefício em caso de morte ou se já tiverem passado cinco anos desde a respetiva entrega.
Tal como acontece na atribuição, a devolução dos benefícios acontece em sede de IRS. Neste caso, os montantes são acrescidos à coleta.
Para ajudar a explicar de que forma é que isso afeta o IRS, vamos usar o exemplo de uma pessoa com o mesmo perfil e rendimentos do exemplo acima. A única diferença é o investimento feito no PPR:
- Em 2020 investiu 1.800 euros (deduziu 360)
- Em 2021 investiu 1.600 euros (deduziu 320)
- Em 2022 investiu 1.500 euros (deduziu 300)
No entanto, em 2023 não aplicou dinheiro no PPR e decidiu pedir o reembolso. Deste modo, vai ser penalizada em 468 euros pelos investimentos de 2020 (360 euros + 30%), em 384 euros pelos de 2021 (320 euros + 20%) e em 330 euros pelos de 2022 (300 + 10%). Assim, vai acrescer um total de 1.182 euros à coleta de IRS.
E qual o impacto?
IRS normal em 2023 (entregue em 2024)
- Coleta total: 4.186,71 euros
- Coleta líquida: 3.244,71 euros
- Resultado: 1066,87 euros a receber
IRS com penalização em 2023 (entregue em 2024)
- Coleta total: 4.186,71 euros
- Coleta líquida: 4.426,71 euros (coleta total - deduções + acréscimos)
- Resultado: 115,13 euros a pagar
Como vemos por este exemplo, a devolução dos benefícios fiscais atribuídos à entrada pode fazer a diferença entre ser reembolsado e pagar IRS (ou ter um reembolso mais baixo).
Embora não seja possível prever o futuro, se acha que não vai conseguir pedir o reembolso do PPR dentro das condições legais, pode ser mais vantajoso optar por não deduzir os montantes investidos.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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