Todos gostaríamos de ter um bom pé-de-meia para usar em dias que correm menos bem e temos de pagar despesas inesperadas. E, sem termos de nos preocupar com o final do mês. Mas, afinal, quanto tem de poupar para ter um bom pé-de-meia?
A resposta é que, na verdade, depende de alguns fatores. Incluindo aquilo que é para si uma poupança segura. Assim, definida a quantia desta poupança, é também importante procurar uma forma de rentabilizar o que vai poupando.
O que é um bom pé-de-meia?
Cada um de nós sabe o que é, para si, uma boa poupança. Por norma, os especialistas aconselham a que se tenha sempre entre três meses e um ano de despesas poupadas, para o caso de vir a, por exemplo, ficar desempregado durante algum tempo.
Assim sendo, faça um orçamento mensal para controlar as suas despesas e saber ao certo quanto precisa de poupar para conseguir usar este método. Além disso, conseguir uma poupança tão elevada demora algum tempo, especialmente, se o que conseguir pôr de parte todos os meses for pouco.
Pedro Andersson, jornalista especializado em finanças pessoais e apresentador da rubrica Contas Poupança, defende que o primeiro passo pode ser poupar 1000 euros para o seu pé-de-meia. Independentemente, das despesas que tiver. Até lá chegar, vai poupando o que conseguir em pequenas parcelas. Depois, siga para uma poupança que cubra despesas durante alguns meses.
Este objetivo para o seu pé-de-meia deverá ser considerado a longo prazo. De qualquer modo, existe algo que o pode ajudar a alcançar o seu objetivo mais rapidamente: o juro composto.
Leia ainda: Literacia financeira infantil: Como falar de dinheiro com crianças?
Como pode o juro composto fazer crescer as poupanças?
Poupar grão a grão pode ser difícil e desmotivante, o que leva, muitas vezes, os portugueses a virarem-se para jogos de azar, como a lotaria ou o Euromilhões, para terem uma grande poupança. Apesar de as probabilidades de ganhar serem ínfimas. O dinheiro gasto nestes jogos pode, por exemplo, ser usado para poupar ainda mais.
Com o juro composto, todo e qualquer dinheiro que consiga contribuir para a sua poupança vai ajudá-lo a criar ainda mais riqueza para si. O juro composto define-se pelo reinvestimento dos juros já ganhos com a poupança.
Um juro simples significa que num produto financeiro como uma conta poupança, ganhamos uma determinada percentagem sobre o que temos poupado. A título de exemplo, uma taxa de 1% sobre 1000 euros dá 10 euros ao ano, ao qual teremos depois de subtrair o imposto.
Com juro composto, estes 10 euros seriam reinvestidos. E, no segundo ano, vai ganhar 1% sobre uma poupança de 1010 euros, o que já daria 10,1 euros em juros. Existe, assim, uma capitalização do juro simples.
Este é um exemplo simplificado. Usando o Portal Todos Contam, uma iniciativa do Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Instituto de Seguros de Portugal pode fazer uma simulação. Por exemplo, simulamos uma poupança de 100 euros a cinco anos, com juros pagos anualmente a uma Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) de 4%.
O juro gerado com este depósito, no final do prazo, será de 20 euros totais, ou quatro euros por ano. Como juro composto, esta mesma poupança iria aumentando de forma crescente, até que no final do prazo era remunerada em 22,1 euros, aumentando assim o total poupado em 10%. A longo prazo este efeito iria apenas aumentar.
Note que a ação do juro composto cresce com o passar do tempo, por estar a ganhar juros sobre uma quantia maior. O seu efeito é tal que o Banco BiG já o chamou de a “oitava maravilha do mundo.”
A “regra dos 72”
A “regra dos 72” refere-se a uma fórmula popular usada para determinar o número de anos necessários para um investimento ver o seu valor duplicar. Para fazer este cálculo basta dividir 72 pela taxa de juro média da sua poupança.
O resultado deste cálculo é o número esperado de anos que um investimento leva a duplicar. Com o exemplo dado acima, se dividirmos 72 pela taxa de juro alcançada, saberíamos que o nosso investimento ia duplicar em 18 anos. No entanto, é necessário ter em conta o imposto de 28% aplicada aos juros ganhos.
Depósitos a prazo ou outros produtos financeiros que capitalizem os juros de forma automática poderão ser mais eficientes neste aspecto, pois a taxa de 28% será apenas cobrada no fim do prazo do depósito, e não sempre que for recebendo juros.
Leia ainda: 9 conceitos de finanças pessoais para crianças
Aproveitar o juro composto para um bom pé-de-meia
Para aproveitar ao máximo os efeitos do juro composto, o ideal será poupar sempre aquilo que conseguir. Pois o que ganha com o que já poupou é, essencialmente, “reinvestido” para o ajudar a ganhar ainda mais.
Aproveitando a simulação acima, se acrescentarmos uma contribuição de 10 euros por mês, que poderiam ser usados no Euromilhões, o ganho em juros sobe para 61 euros. A poupança total sobe também em 600 euros, a quantia poupada ao longo dos cinco anos.
Através do simulador de poupança e investimentos do Doutor Finanças consegue ter uma melhor ideia de como o juro composto afeta a sua poupança, de acordo com diferentes taxas de juro.
Encontrar taxas de juros vantajosas, nos dias de hoje, pode ser um autêntico desafio. Mas, existem vários produtos seguros que podem ajudar a rentabilizar as suas poupanças. Entre depósitos a prazo, Certificados de Aforro, e seguros de capitalização é possível encontrar taxas acima de 1% para produtos sem risco.
Produtos como os Certificados do Tesouro, por exemplo, não têm incluída a capitalização de juros por defeito. No entanto, com o rendimento que recebe das suas poupanças nestes certificados pode reforçar um depósito a prazo que tenha, por exemplo. Aqui será necessário apenas um depósito a prazo que permita reforços. Claro está, esta estratégia é menos eficiente por causa dos impostos cobrados sempre que recebe juros.
Conhecendo agora os efeitos do juro composto, tenha em conta que mudanças no seu estilo de vida para poupar podem levar a um forte retorno no futuro, pois vão gerando poupança ao longo dos anos para fortalecer o seu pé-de-meia. Quanto mais tiver a gerar juro, mais verá o pé-de-meia crescer.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Não foi o Banco Big que chamou aos juros compostos da oitava maravilha do mundo. Foi mesmo Albert Einstein, é uma citação original dele.