Viver um dia de cada vez pode ser uma ótima estratégia para lidar com a ansiedade e com o stress do dia a dia. Mas, quando falamos de finanças, pensar a longo prazo pode ser o "segredo" para alcançar estabilidade e conforto nas mais variadas situações. Por exemplo, alguma vez se questionou sobre quanto tempo poderia estar sem trabalhar?
Ou seja, se amanhã ficar sem trabalho ou se decidir tirar um ano sabático, tem poupanças suficientes para aguentar todas as suas despesas? E, por quanto tempo?
Responder a esta pergunta pode ser extremamente útil para a sua vida. Afinal, se souber quanto tempo durariam as suas poupanças se ficasse sem rendimentos, pode ajudar a concluir se precisa, ou não, de fazer um esforço financeiro para melhorar a sua situação atual.
Assim sendo, caso não saiba que contas precisa de fazer ou porque é tão importante ter um "pé de meia" para lidar com imprevistos, de seguida, partilhamos consigo os pontos principais a ter em consideração nesta reflexão.
Fundo de emergência: o pilar da estabilidade financeira
Quando falamos em literacia financeira, existem dois pilares bases que sustentam as suas finanças pessoais. O primeiro é o orçamento familiar e o segundo é o fundo de emergência.
O orçamento familiar é um pilar na hora de gerir as suas finanças. Afinal, ao fazer o levantamento de todos os seus rendimentos e despesas, fica a saber quanto dinheiro sobra mensalmente. Quando este orçamento é bem feito, estão estipulados os valores corretos das suas despesas essenciais, não essenciais, valor a aplicar nas poupanças, etc.
Isto significa que se recorrer ao seu orçamento para tomar decisões, dificilmente coloca as suas finanças em risco. Logo, precisa de ter uma visão analítica e pensar, o seu dinheiro, a longo prazo.
Já o fundo de emergência é o pilar da sua estabilidade financeira. Este fundo também é conhecido como "pé de meia". Ou seja, representa as nossas poupanças para lidar com imprevistos e situações em que exista quebras de rendimentos.
No entanto, para que o fundo de emergência ofereça um conforto financeiro, precisa de cobrir as suas despesas durante vários meses. Segundo os especialistas financeiros, o fundo de emergência deve cobrir no mínimo todas as suas despesas essenciais por seis meses.
Ou seja, se quiser saber quanto tempo podia estar sem trabalhar, vai ter de "olhar" para o seu fundo de emergência.
Caso não tenha um, saiba que é urgente começar a poupar para este fim. Lembre-se que os imprevistos acontecem. E, se não tiver uma "boia de salvação", pode ter de recorrer a créditos, colocando em risco as suas finanças.
Quanto tempo podia estar sem trabalhar?
Se tem dúvidas sobre que contas precisa de fazer para apurar quanto tempo podia estar sem trabalhar, segue-se um exemplo prático, ficionado para tentar simplificar este passo.
Imagine que, mensalmente, tem 500 euros em despesas essenciais. Isto é, despesas que precisa de pagar para ter o mínimo de qualidade de vida. Ou seja:
- Renda da sua casa ou prestação do crédito habitação;
- Despesas com água, eletricidade, gás e telecomunicações;
- Montantes necessários para o pagamento de impostos;
- Despesas com seguros obrigatórios ou essenciais;
- Alimentação;
- E, por fim, despesas com medicamentos, entre outros.
Dito isto, os 500 euros servem para cobrir todas estas despesas. Se atualmente o seu fundo de emergência é de 2000 euros, então pode ficar sem trabalhar, no máximo, quatro meses.
Contudo, se este cenário for real, ao ficar quatro meses sem trabalhar vai voltar ao ponto de partida. Isto significa que não vai sobrar dinheiro para qualquer imprevisto.
Embora seja ótimo ter um fundo de emergência com esse valor, para alcançar alguma estabilidade precisa de reforçá-lo. Para tal, deve criar estratégias de poupança que facilitem a concretização deste objetivo.
Melhore as suas estratégias de poupança
Segundo um estudo do Eurostat, em Portugal cerca de 33% das famílias não tem capacidade para fazer face a imprevistos. Por isso, se está nesta situação, saiba que não está sozinho neste barco. No entanto, este cenário não é positivo e é fundamental que altere alguns comportamentos e crie estratégias de poupança.
O primeiro passo para criar um fundo de emergência é olhar para o seu orçamento e fazer pequenos cortes que lhe permitam poupar um valor, mensalmente. Lembre-se que este valor deve ser sempre adequado à sua realidade. Ou seja, se tem um orçamento muito limitado, mais vale poupar 20 euros todos os meses, do que poupar num mês 50 euros e não voltar a poupar durante seis meses.
Para garantir que este dinheiro é aplicado no seu fundo de emergência, pode, por exemplo, abrir uma conta. Se criar uma poupança automática, assim que recebe o seu ordenado, esse montante sai da sua conta à ordem, para a conta do seu fundo de emergência. Este tipo de estratégia evita chegar ao fim do mês e já não ter o dinheiro reservado para o seu fundo.
Depois de implementar esta estratégia, não se esqueça que sempre que possível deve reforçar o fundo de emergência. Ou seja, recebeu o subsídio de férias ou o subsídio de natal. Então, deve definir um valor para aplicar no seu fundo. O mesmo se aplica caso receba um dinheiro extra.
Além de criar o hábito de poupar, estes reforços ajudam a aumentar o valor do seu fundo de emergência, sem ter de fazer um esforço financeiro elevado.
Ler mais: 8 sinais de alerta: Está na hora de aumentar o seu fundo de emergência
Não descuide o seu fundo de emergência
Imagine que ao fazer contas descobriu que tem no seu fundo de emergência um valor que lhe permite estar 1 ano sem trabalhar. É normal que fique entusiasmado com essa descoberta. Afinal, é sinal que tem uma boa estratégia de poupança e a mesma está a dar frutos.
No entanto, quando conseguimos poupar montantes significativos, por vezes, acabamos por descuidar aquilo que nos custou a conquistar. Assim, lembre-se que não deve deixar de poupar. Se já tem esse hábito e não quer, para já, aumentar o seu fundo de emergência, pode direcionar as suas poupanças para outro objetivo.
Não se esqueça que ao ter um fundo de emergência, que lhe permite cobrir as suas despesas essenciais por 1 ano, está na hora de pensar em outros objetivos, como por exemplo:
- Criar novas metas de poupança;
- Planear a sua reforma;
- Começar a pensar em investimentos.
Ler mais: Não comece a investir sem ter um Fundo de Emergência
Tem mesmo de recorrer ao seu fundo de emergência?
Independentemente de ter um orçamento mensal mais, ou menos, apertado, não deve mexer no fundo de emergência sem necessidade. Afinal, o fundo de emergência destina-se apenas a cobrir quebras de rendimento significativas ou despesas urgentes que não previa.
Neste ponto, é importante que defina bem o que é ou não urgente, e o que são imprevistos. E isto porquê? Porque muitas pessoas têm tendência a usar o fundo de emergência para compras que não se aplicam bem neste conceito.
Imagine que surgiu a oportunidade de substituir a sua televisão ou telemóvel por um modelo superior, a um bom preço. Este tipo de compra não deve ser feita a partir do seu fundo de emergência. O mesmo se aplica a outras compras que não sejam essenciais.
Agora, se o seu frigorífico se avariar e não tem um montante disponível para pagar do seu orçamento, deve então ponderar retirar este valor do fundo de emergência. Contudo, sempre que retira dinheiro da poupança, deve tentar repor esse valor o mais rápido possível.
Ler mais: O que nunca deve fazer com o seu fundo de emergência
Reforce a motivação vendo o "bolo crescer"
Para se manter motivado com o esforço financeiro que faz (para aumentar o seu fundo de emergência), verifique periodicamente o montante que juntou. Por exemplo, se está a investir um valor elevado mensalmente, pode sentir alguma frustração com esse esforço.
Nestas situações, saber que o seu esforço está a dar frutos pode ajudá-lo a encarar melhor as restrições que tem feito. Imagine que todos os meses aplica 150 euros no seu fundo de emergência. Se consultar o valor de 6 em 6 meses, vai verificar, duas vezes ao ano, que este aumentou 900 euros. Isto significa que anualmente está a poupar 1800 euros.
No caso das suas despesas essenciais rondarem os 500 euros, no espaço de um ano consegue aumentar mais 3 meses o tempo que pode ficar sem trabalhar.
Dito isto, lembre-se que mesmo que demore mais tempo, o mais importante é criar uma poupança que lhe transmita segurança perante momentos de incerteza ou num aperto financeiro. Afinal, o fundo de emergência aumenta a sua liberdade e estabilidade.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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