Embora apenas uma minoria dos portugueses não tenha qualquer tipo de poupança, quase metade admite não ter um fundo de emergência, revela o estudo "O Bem-Estar Financeiro em Portugal: Uma Perspetiva Comportamental", desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com a Laicos - Behavioural Change, num projeto que contou com a chancela científica da NOVA IMS e da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL).
Com o objetivo de retratar o bem-estar financeiro dos portugueses, o estudo analisa fatores como o endividamento, o investimento, a poupança e o conhecimento dos participantes acerca de conceitos como inflação e taxas de juro.
Para avaliar os comportamentos de poupança dos portugueses, os pesquisadores colocaram uma série de questões a cada um dos participantes, entres as quais se "reservou um fundo de emergência que cobriria as suas despesas durante três meses em caso de doença, perda de emprego, recessão económica ou outras emergências?".
Com base nas respostas, conclui-se que 42% dos portugueses não têm um fundo de emergência capaz de cobrir as suas despesas durante três meses. Metade dos inquiridos respondeu afirmativamente.
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39% dos portugueses têm a certeza que conseguem arranjar 2.000 euros se surgir uma despesa inesperada no próximo mês
Apesar de metade dos participantes ter indicado que possui um fundo de emergência que cobriria as suas despesas durante três meses, apenas 39% tem a certeza que conseguiria arranjar 2.000 euros se surgisse uma necessidade inesperada no próximo mês.
Pelo contrário, mais de 1 em cada 3 portugueses (36%) não está preparado para fazer face a um encargo inesperado desse valor. 19% afirmou que provavelmente não conseguiria e 17% tem a certeza que não seria possível suportar essa despesa no mês seguinte.
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65% dos portugueses conseguiram poupar nos últimos 12 meses
O estudo revela ainda que mais de metade dos portugueses (65%) consegue colocar de lado uma parte dos seus rendimentos, enquanto 32% admite não ter conseguido poupar dinheiro durante o último ano.
No geral, 70% dos portugueses possui algum tipo de poupança, ao passo que 22% não tem nenhuma poupança atualmente.
Na pesquisa, foi explicado aos participantes que existem várias formas de ter poupanças. Estas podem assumir vários formatos, como guardar dinheiro físico, usar contas bancárias para este efeito, ter seguros de vida, possuir fundos mútuos, fundos de pensões, entre outras opções.
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Portugueses com mais rendimentos e maior escolaridade adotam mais comportamentos de poupança
No que diz respeito a comportamentos de poupança, o estudo conclui que existem diferenças significativas entre os níveis de rendimento mais baixos e os níveis de rendimento mais elevados. "No geral, os portugueses com rendimentos mais elevados apresentam mais comportamentos de poupança, bastante acima da média portuguesa", lê-se no relatório.
Da mesma forma, verificou-se que os portugueses com níveis de escolaridade mais elevados tendem a apresentar mais comportamentos de poupança, com valores acima da média nacional.
Já entre faixas etárias e géneros "não se verificaram diferenças significativas" no que respeita a comportamentos de poupança.
Pessoas com mais comportamentos de poupança revelam maior bem-estar financeiro
Com base nos dados recolhidos na pesquisa, os autores do estudo apontam para uma “relação significativa” entre comportamentos de poupança e bem-estar financeiro. Ou seja, pessoas que reportaram mais comportamentos de poupança, reportaram também níveis mais elevados de bem-estar financeiro subjetivo.
“Estes resultados não nos permitem dizer conclusivamente que níveis mais elevados de poupança foram o causador destes níveis de bem-estar financeiro mais elevado. No entanto, permitem-nos colocar esta categoria de comportamentos como uma das mais promissoras a explorar quando falamos de intervenções futuras que visem aumentar o bem-estar financeiro dos portugueses”, pode ler-se no relatório.
Neste estudo, de forma a garantir uma amostra demograficamente representativa de Portugal, foi utilizado o método de recolha de amostragem por quotas, habitualmente usado em sondagens de opinião em Portugal, utilizando os seguintes parâmetros para definir as quotas amostrais: Sexo, Idade, Zona Geográfica e Nível de Rendimento por Adulto Equivalente. O cálculo da amostra do estudo teve em conta um intervalo de confiança equivalente de 95%, com uma margem de erro de 3,5%.
Assim, em janeiro de 2024, foram recolhidas respostas de 800 pessoas entre os 18 e os 75 anos com naturalidade portuguesa e a residir em Portugal à data de participação do estudo.
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