Com o regresso às aulas, são muitos os pais que vão dar pela primeira vez dinheiro aos seus filhos para que estes possam pagar os gastos no dia a dia ou mensais. Contudo, é preciso avaliar se a melhor solução passa por dar uma semanada ou mesada aos seus filhos. Afinal, nem todas as crianças e jovens têm a mesma maturidade para gerir e valorizar o dinheiro de forma autónoma. Tudo depende da idade, das bases que foram passadas e até do próprio perfil das crianças.
No entanto, se no passado já abordou alguns conceitos de literacia financeira, como o valor do dinheiro e a importância de poupar, esta é a altura certa para subir a fasquia em termos de responsabilidade.
Ao dar uma semanada ou mesada para os mais novos pagarem as suas despesas enquanto estão na escola, está a conceder-lhes mais ferramentas para eles aprenderem a gerir o seu dinheiro.
Mas para tomar uma decisão nesta fase de incertezas, neste artigo, saiba o que deve ter em conta antes de dar uma semanada ou mesada aos seus filhos no regresso à escola.
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Dar uma semanada ou mesada aos meus filhos: Qual a melhor opção?
Um dos primeiros pontos a ter em mente é que a diferença entre dar uma semanada ou mesada é apenas a periodicidade, que acaba por ter influência no montante que é atribuído.
Quando atribui uma semanada, por norma, vai dar um valor menor do que daria numa mesada. Contudo, pode estar a pensar: "se eu multiplicar o valor da semanada pelas quatro semanas do mês, os resultados não são os mesmos?". Na verdade, podem não ser.
Se tiver filhos pequenos, estes vão ter mais facilidade em gerir valores menores num período mais curto. Já se os seus filhos forem mais velhos, a capacidade de gestão é, por norma, mais elevada. Além disso, nessa fase, começam a existir mais encargos. Logo, a atribuição de uma mesada requer uma maior responsabilidade e maturidade.
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A partir de que idade é que devo repensar em dar uma mesada aos meus filhos?
Enquanto as crianças são mais pequenas e frequentam entre o primeiro e o sexto ano de escolaridade, é aconselhável a atribuição de uma semanada. Isto porque se a quantia for mais pequena e a gestão tiver de ser feita num período mais curto, a aprendizagem pode ser mais fácil.
No entanto, alguns especialistas em educação financeira defendem que a semanada apenas deve ser atribuída até aos 12 anos. A partir daí, pode alterar a periodicidade e o valor que dá aos seus filhos, passando a conceder-lhes uma mesada.
Mas atenção! Cabe aos pais perceberem qual é a melhor opção, dependendo da capacidade de gestão dos seus filhos. Afinal, nem todas as crianças são iguais.
Nesta fase de análise, deve avaliar se as crianças conseguem pagar os seus encargos e se ainda sobra uma quantia para pouparem. Caso veja que os seus filhos estão capazes desta gestão, estes já mostram alguma maturidade. Assim, pode deixar de dar uma semanada e passar para uma mesada.
Contudo, não se esqueça que esta alteração implica que os seus filhos tenham uma boa noção do tempo. Lembre-se que, nos primeiros meses, pode haver alguma dificuldade, pois a gestão tem de ser mais minuciosa. Veja em conjunto o que pode ser melhorado para o dinheiro chegar até ao fim de cada mês.
Qual é o valor mais correto a dar numa semanada e numa mesada?
Não existem valores ideais a dar numa semanada ou mesada, uma vez que o valor estabelecido depende do orçamento familiar, mas também do que deve cobrir a semanada ou mesada.
Semanada
Quando o conceito de semanada é introduzido aos mais novos, não deve atribuir um valor muito alto. O ideal é que a criança consiga gerir com eficácia pequenas quantias, que podem ir de dois a cinco euros. A atribuição deste valor deve ser dada em várias moedas. Assim, a criança pode melhorar os seus conceitos de somar, subtrair, multiplicar e dividir para que o dinheiro consiga cobrir as despesas até ao final da semana.
Para ajudar os seus filhos nesta fase, aconselhe-os a fazer uma divisão do valor para cada dia. Se sobrar dinheiro, incentive-os a poupar em vez de gastarem o valor excedente nos dias seguintes.
Mesada
Quanto à mesada, por norma, o valor terá de ser mais elevado. Além do pagamento de refeições, se os seus filhos já têm mais do que 10 ou 12 anos, é normal que queiram fazer certas atividades, como pagar algumas subscrições, comprar bilhetes de cinema ou até outras atividades de lazer.
Tendo estes fatores em conta, olhe bem para o seu orçamento e estipule o valor da mesada, sem colocar em risco as suas finanças. A seguir, fale com o seu filho abertamente sobre o valor da mesada e que esta não só deve cobrir os seus gastos, como não é suposto ter reforços, se ele gastar o dinheiro antes do final do mês.
Vamos supor que dá uma mesada ao seu filho entre 60 e 70 euros. Contando com 22 dias úteis escolares, o seu filho tem um orçamento diário entre 2,73 euros e 3,18 euros.
Este não é um valor que cubra muitas despesas além das refeições diárias que ele precisa no dia a dia. No entanto, dependendo do que for acordado, o seu filho pode levar comida de casa, e os gastos essenciais e não essenciais podem ser garantidos com esse valor.
Quando o meu filho chega a adolescência devo aumentar o valor da mesada?
Caso já tenhas filhos adolescentes, as necessidades básicas da alimentação mantêm-se, mas vão surgir outros desejos e despesas não essenciais onde eles vão querer gastar dinheiro. Saiba que este é um processo natural.
Embora possa aumentar o valor da mesada, até para cobrir despesas com telecomunicações, subscrições de jogos ou aplicações e até um montante adicional para jantares com amigos, faça contas e estabeleça um valor fixo.
A partir daí, não deve disponibilizar outras quantias adicionais. Esta é uma forma de aumentar a responsabilidade financeira de cada adolescente e criar bases sólidas de gestão para quando estes forem adultos.
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Devo definir onde é que os meus filhos devem gastar a semanada ou mesada?
Quando atribui uma semanada ou mesada, é fundamental não só explicar o objetivo de estar a dar este dinheiro, como também abordar o que este valor deve cobrir.
Por exemplo, pode dizer aos seus filhos que está a dar uma semanada ou mesada, pois quer que eles aprendam "sozinhos" a gerir melhor o dinheiro ou que tenham uma noção mais aprofundada da importância de gerirem um orçamento.
A seguir, fale no valor que vai ser atribuído e diga onde é que eles devem aplicar a maior parte desse dinheiro. Ou seja, diga que o objetivo da semanada ou mesada é para cobrir as refeições, pagar despesas essenciais fixas (como o carregamento do telemóvel e outras subscrições).
A atribuição de um valor excedente às despesas essenciais é sempre recomendada. Afinal, ao terem um valor adicional, têm a oportunidade de tomarem certas decisões financeiras quanto aos gastos não essenciais. Aqui o seu papel deve ser o de conselheiro, pois eles vão aprender com os seus erros na sua gestão autónoma.
Assim, dê alguns exemplos que os possam ajudar a ter uma noção mais concreta de onde devem ou não gastar essa quantia adicional.
Fale sobre a possibilidade de surgirem emergências, terem de comprar presentes para amigos ou familiares ou ir a festas de aniversário. Contudo, saliente que existem bens materiais ou atividades que não são prioritárias. E se estes gastarem o valor da semanada ou mesada neste tipo de prazeres, podem ficar sem a semanada ou mesada rapidamente.
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Independentemente da periodicidade e da idade dos seus filhos, incentive-os a poupar
Incutir o hábito da poupança é essencial, independentemente de optar por uma semanada ou mesada e até da idade dos seus filhos. Esta é uma conversa que deve ter antes do regresso às aulas e de começar a dar dinheiro aos seus filhos. Assim, eles podem, desde início, ter esse fator em consideração e amealharem o valor que sobra além do pagamento das despesas fixas essenciais.
No entanto, saiba que nem todos os meses os seus filhos vão conseguir poupar dinheiro. Mas se adotar algumas estratégias, pode ajudá-los a poupar.
Há pais que optam por oferecer um mealheiro ou uma caixa aos filhos, para que estes coloquem o dinheiro que sobrou. Para incentivar a continuação da poupança, em conjunto, podem estabelecer um objetivo para o dinheiro que está a ser colocado de parte. Atenção que convém que a meta de poupança seja algo que desperte nos seus filhos a vontade de poupar.
Outros pais preferem implementar a técnica dos três mealheiros, uma vez que esta os ajuda a aprenderem a poupar, mas também a sensibilizá-los para outros conceitos. A técnica dos três mealheiros é uma forma de dividir o dinheiro das crianças e jovens em três áreas: o dinheiro que é para gastar, o que é para poupar e o que é para ajudar quem mais precisa.
Seja qual for a estratégia, o mais importante é que os seus filhos criem o hábito de poupar, pois este é essencial para atingirem os seus objetivos na vida adulta.
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