A nossa experiência de formadores de finanças pessoais e familiares, tem-nos mostrado que muitas são as famílias portuguesas que vivem actualmente acima das suas reais possibilidades. Com o presente artigo, procuraremos explorar os principais sinais de alerta para os principais sintomas de doença financeira, que leva na maioria das vezes a um endividamento descontrolado.
Utilização frequente do descoberto autorizado da conta ordenado
Hoje em dia o acesso ao crédito tem sido facilitado com as chamadas contas ordenado. Ao receberem as transferências de ordenados com o respectivo código de processamento de salários (código 08), os bancos como que duplicam o valor disponível na conta dos clientes que beneficiam deste tipo de contas.
Uma conta que supostamente deveria destinar-se a fazer face a imprevistos de curto-prazo, é hoje utilizada com muito mais frequência e para fazer face às chamadas despesas do dia a dia. Chegando ao fim do mês, o ordenado de muitas famílias vai todo para pagar o descoberto autorizado a que recorreram ao longo do mês, entrando estas famílias numa espiral de endividamento sucessivo.
Ora, como sabemos, este tipo de crédito tem das taxas de juro mais elevadas do mercado, o que acarreta custos excessivos para as famílias que a ele recorrem.
Recurso regular ao cartão de crédito
O recurso regular a cartões de crédito, é um outro sinal de alerta para o endividamento descontrolado. Não defendemos que o recurso a cartões de crédito seja mau por si só: os cartões de crédito podem uma boa ferramenta de gestão financeira, quando são utilizados com critério e ponderação. De facto, muitas são as famílias que beneficiam do chamado “pagamento sem juros” de 30 a 50 dias, ao fazerem o pagamento dos seus cartões a 100% no final do mês.
Contudo, mostra-nos a experiência que o recurso a cartões de crédito não tem sido feito com esta moderação, existindo muitas famílias em Portugal que recorrem a mais do que um cartão de crédito. Por outro lado, a utilização frequente do cartão de crédito origina um maior nível de despesa (mais 18% do que as pessoas que efectuam as suas compras em dinheiro).
Pagamento de prestações de crédito com novos créditos
Chegadas ao final do mês, altura em que têm as suas prestações de crédito a pagamento, muitas são as famílias que não dispõem de liquidez imediata, acabando por recorrer a novos créditos para fazer face ao pagamento destas prestações.
Esta é uma estratégia de “fuga para a frente”, utilizada para “comprar” algum tempo na expectativa de que a vida e as perspectivas melhorem. Contudo, trata-se, no nosso entender, de uma estratégia errada, na medida em que não nos obriga a fazer ajustes ou cortes nas nossas despesas, não passando de um “tratamento paliativo”.
Desconhecimento do número, do tipo ou do motivo dos créditos
É com algum espanto que vemos que muitas das famílias que a nós recorrem desconhecem o número, o tipo ou o motivo dos créditos que contrariam. Facilmente percebemos que, ao contraírem novos créditos para pagar outros créditos, as famílias caiam neste desconhecimento.
A este respeito, defendemos a consolidação de créditos como estratégia eficaz (quando utilizada com rigor e ponderação) para combater o endividamento excessivo e descontrolado em que muitas famílias se encontram. Saiba mais sobre o crédito consolidado aqui.
Atraso no pagamento de contas essenciais
Quando nos atrasamos com frequência no pagamento de contas essenciais (como a renda, água, luz, gás, etc.), tal pode indiciar que algo não esteja tão bem na organização das nossas finanças pessoais e familiares. A este respeito, aconselhamos o nosso leitor a ir pagando as suas facturas – à medida que estas chegam – não as deixando acumular, pois tal, para além de levar geralmente a um descontrolo financeiro, poderia significar atrasos desnecessários geralmente penalizados com a aplicação de juros.
Falta de poupança
Ao poupar, para além de estarmos a criar um hábito saudável – e motivador – de “pagamento a nós próprios”, estamos igualmente a constituir um fundo de maneio, que nos permitirá fazer face a imprevistos sem ter de recorrer ao endividamento. Por seu lado, falta de poupança leva geralmente as famílias – que normalmente vivem na chamada “zona de equilíbrio orçamental” – a ficarem numa situação altamente comprometedora, quando algo não ocorre como o previsto (por exemplo, quando não recebem o reembolso de IRS ou quando o vencimento variável não é tão elevado como o que se estava à espera).
Apesar dos hábitos de poupança estarem a crescer em Portugal, consideramos existir ainda um largo caminho a percorrer nesta matéria. Assim, aconselhamos o leitor a criar o hábito de se “pagar primeiro a si próprio”, fazendo uma transferência periódica programada – no dia em que recebe o seu vencimento – para uma conta destinada para o efeito.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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