O Banco Central Europeu (BCE) anunciou um novo corte de juros esta quinta-feira, 17 de outubro, depois das descidas decretadas nas reuniões de política monetária de junho e setembro.
Em comunicado, a autoridade monetária explica que “em particular, a decisão de reduzir a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito – a taxa através da qual o Conselho do BCE define a orientação da política monetária – baseia‑se na avaliação atualizada do Conselho do BCE das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”.
O corte das três taxas diretoras será de 25 pontos base, o que colocará a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de depósito nos 3,25%, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento nos 3,40% e a taxa de cedência de liquidez nos 3,65%.
BCE reconhece que processo desinflacionista “está bem encaminhado”
No dia em que o Eurostat revelou que a taxa de inflação na Zona Euro atingiu, em setembro, o valor mais baixo em quase três anos e meio, a autoridade liderada por Christine Lagarde reconheceu que o processo desinflacionista na região “está bem encaminhado”. Isto apesar de as estimativas do BCE apontarem para uma subida nos próximos meses, e uma nova descida em direção ao objetivo do banco central no decorrer do próximo ano.
“A informação que tem vindo a ser disponibilizada sobre a inflação indica que o processo desinflacionista está bem encaminhado. As perspetivas de inflação também são afetadas por recentes surpresas em baixa dos indicadores da atividade económica. Por seu lado, as condições de financiamento permanecem restritivas”, refere o comunicado do BCE, acrescentando que “a inflação deverá subir nos próximos meses, descendo depois para o objetivo no decurso do próximo ano”.
De acordo com o banco central, a inflação interna mantém‑se alta “porque os salários ainda estão a aumentar a um ritmo elevado. Ao mesmo tempo, as pressões sobre os custos do trabalho deverão continuar a registar um abrandamento gradual, com os lucros a amortecer parcialmente o impacto dessas pressões na inflação”.
Esta manhã, o Eurostat anunciou que a taxa de inflação na região da moeda única fixou-se em 1,7%, em setembro, o valor mais baixo desde abril de 2021 (1,6%), e inferior à anterior estimativa que apontava para um crescimento de preços de 1,8%.
A taxa de inflação ficou, assim, abaixo da meta de 2% definida pelo BCE, depois de se ter fixado nos 2,2% em agosto.
Leia ainda: Descida de juros do BCE: Qual o impacto para as famílias?
BCE não dá indicações sobre novos cortes
Tal como tem acontecido nas últimas reuniões, o BCE manteve a sua estratégia de “esperar para ver” e não deu qualquer pista sobre novas descidas de juros.
O banco central refere apenas estar “determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%” e, para o efeito, “manterá as taxas de juro diretoras suficientemente restritivas enquanto for necessário”.
“O Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na definição do nível e da duração adequados da restritividade. Mais especificamente, as suas decisões sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária”, acrescenta o comunicado.
A próxima reunião de política monetária decorre a 12 de dezembro, data em que também serão atualizadas as projeções macroeconómicas do BCE. Para já, a presidente do banco central, Christine Lagarde, deixou tudo em aberto, assegurando que não se vai comprometer antecipadamente com qualquer decisão. "Não posso dizer o que será feito em dezembro", afirmou, em conferência de imprensa.
Leia ainda: Juros da casa a descer: Como aproveitar e poupar ainda mais
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Deixe o seu comentário