Já não precisa adivinhar qual é a Potência Contratada ideal para si. Esta dica serve apenas para quem já tem os chamados contadores “inteligentes”. Em alguns casos, é preciso carregar várias vezes num botão verde (é a minha situação) até esse valor aparecer no visor do contador. Vou explicar-lhe o que tem de fazer para não pagar mais sem necessidade.
Numa altura em que a eletricidade está caríssima, é mais uma forma óbvia de poupança: não pagar mais do que a potência que de facto usa no seu dia a dia.
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O que é a potência contratada?
De uma forma muito simples, é o valor que está disposto a pagar para ligar vários aparelhos elétricos ao mesmo tempo sem o quadro “ir abaixo”. Com 5 euros por mês, praticamente qualquer família contrata 3,45 kVA, ou seja, pode ligar aparelhos (estou a simplificar) até que consumam simultaneamente 3.450 W.
Feitas as contas, se tiver o forno ligado a gastar 1.000 W, e se ligar o secador de cabelo que gasta 2.000 W, já está a gastar nesse instante 3.000 W. Se ligar o microondas, mesmo que seja por alguns segundos, e isso representar um pico de mais 1.000 W já vai atingir o acumulado de 4 mil Watts, ou seja, o quadro dispara porque ultrapassou o limite dos 3.450 W.
É por uma questão de conforto (ou ignorância) que muitas famílias optam por ter 4,6 kVA ou 6,9 ou 10,35 kVA. Quanto mais alta for a potência contratada, mais paga por mês, naturalmente. Mesmo que não consuma nenhuma eletricidade.
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O que os contadores dizem
A “novidade” (que já tem anos) é que os novos contadores inteligentes (alguns) dizem minuto a minuto qual foi a potência máxima que a sua casa gastou nos últimos 30 dias. Basta perder um minuto (literalmente) a olhar para o seu contador e fica logo a saber se está a pagar a mais na sua fatura ou não.
O valor que lhe interessa é o que tem por baixo a legenda “1.6.10”, que representa a Potência Máxima atingida nos últimos 30 dias.
No meu caso, tenho de carregar no botão verde do contador várias vezes até chegar ao código 1.6.10. Como pode ver (mais abaixo), no dia em que tirei esta foto, nos últimos 30 dias o máximo que atingi de potência foi 3,60 kVA. Como tenho uma potência contratada de 4,6 kVA, significa que estou no patamar adequado (3,45 kVA não seria suficiente ou estaria no limite dos limites).
Se por exemplo tivesse uma potência contratada de 6,9 kVA e me aparecesse “4,5 kVA” no campo 1.6.10 no contador, quereria dizer que nos últimos 30 dias nunca gastei mais do que isso de potência contratada. Podia calmamente baixar a potência para 4.6 kVA.
Veja o que aparece no seu contador. Esta informação é muito importante para pagar apenas o que deve pagar de potência contratada, e não mais. Se o valor máximo atingido for muito inferior à Potência Contratada que tem, estará mais do que na hora de ligar para a sua empresa fornecedora de eletricidade e pedir para baixar um ou dois escalões (ou os que estiverem a mais).
Note que estes valores são absolutamente rigorosos. Não se trata de tentar adivinhar qual será a potência mais adequada para si. É mesmo a potência ideal para si. Só deve ter em conta que deverá ter o patamar imediatamente a seguir ao valor que lhe der o contador.
Estou, claro, a partir do princípio de que vai ver isto num mês em que usou ao máximo todos os aparelhos que costuma usar. Tem de ser um mês representativo.
Portanto, se já é dos que foram contemplados com os contadores inteligentes, aproveite para ver se tem lá esta informação que é preciosa para si.
Se estiver a pagar 3 euros a mais todos os meses, estamos a falar de mais 36 euros por ano que ficam no seu bolso. É o equivalente a 75 litros de leite. Se reduzir a Potência Contratada e pagar menos 6 euros por mês, pode poupar 72 euros por ano sem mudar nada na sua vida. Veja lá isso.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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