Em alturas de crise são muitos os que questionam: devo vender o meu ouro? Pois bem, cada caso é um caso. Mas o que é certo é que há cuidados que deve ter antes de o fazer, para não dar nenhum “passo em falso”.
Uma decisão precipitada e mal informada pode traduzir-se num péssimo negócio. Em seguida, indicamos 6 cuidados que deve ter para vender ouro na altura certa e pelo valor justo.
Tem necessidade real de vender ouro?
Lembre-se que, quando decide vender, pode ter em mãos uma peça de centenas ou milhares de euros, pelo que todos os cuidados são poucos. A pergunta que deve sempre colocar a si próprio é: preciso mesmo de vender? Pode ser tentado a vender por um valor muito baixo algo que, na verdade, vale muito mais dinheiro. Não se precipite.
Por outro lado, muitas vezes as peças de ouro carregam não só valor monetário, mas também um valor sentimental ou simbólico por se tratarem, por exemplo, de uma herança de família ou prenda de casamento. Lembre-se também que uma peça com valor histórico ou artístico pode valer muito mais do que o seu peso efetivo em ouro. Assim, venda apenas se for mesmo necessário e não tiver outra solução.
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Peça uma avaliação às peças antes de vender ouro
Antes de vender ouro, deve pedir um parecer a um avaliador oficial, certificado pela Casa da Moeda. Regra geral, o custo é cerca de 10% do valor da avaliação. Ou seja, se o bem for avaliado em 2.000 euros terá de pagar 200 euros ao avaliador para saber exatamente aquilo que tem em mãos.
Este cuidado é importante especialmente quando falamos em heranças. A divisão pelos herdeiros nunca deve ser feita tendo em conta apenas o peso do ouro. Isto porque uma das peças, por exemplo, pode valer muito mais do que as restantes todas juntas.
Note que as lojas que compram ouro, desde que devidamente autorizadas, são totalmente legais. Por conseguinte, estas fazem-lhe um preço e você aceita ou não, tal como acontece em qualquer outro setor de atividade.
A grande vantagem de mandar alguém competente avaliar as suas peças é ficar a saber o que tem. Por exemplo, a Casa da Moeda tem um serviço que custa cerca de 20 euros que pesa e define o toque do seu ouro. Ou seja, fica a saber exatamente quantas gramas tem para vender e qual a quantidade de ouro que a sua peça tem.
Deve estar a pensar: mas ouro não é ouro? Na verdade, sim e não. Ou seja, o ouro puro não se consegue trabalhar por ser demasiado mole. Logo, para ser usado em joias tem de ser misturado com uma liga de prata, cobre ou outros materiais para ficar mais duro.
É aqui que muitas pessoas cometem erros, fazendo uma avaliação errada do ouro que têm em casa.
Tenha atenção ao toque do ouro
Imagine que tem várias peças em casa e que todas somadas perfazem 50 gramas de ouro. Depois, faz uma pesquisa online e verifica que o ouro usado está a 40 euros/grama. Faz as suas contas e chega à conclusão que pode facilmente realizar 2.000 euros. Na verdade, não.
Em primeiro lugar, tem de saber qual é o toque do seu ouro. Ou seja, qual a percentagem de ouro que a sua peça tem. Isto porque, conforme já referido, nunca é 100%.
Como saber que percentagem de ouro tem a sua peça?
Um quilate de ouro corresponde ao seu peso dividido por 24. Por exemplo, um artigo que seja constituído por 14 partes de ouro e 10 de outros metais, tem 14 quilates (14/24).
Quantos quilates tem então o ouro puro?
O ouro puro tem 24 quilates, ou seja, 99% de ouro. Ora, isto só acontece nas libras de moeda ou nas barras de ouro. Assim, todas as restantes peças têm necessariamente uma percentagem inferior, ou seja, menos quilates. Resumidamente, o valor do toque é estabelecido em milésimas. Por exemplo:
- 24 quilates são 999 milésimas, ou seja, 99% de ouro;
- 19 quilates são 585 milésimas, ou seja, 80% de ouro;
- 18 quilates são 585 milésimas, ou seja, 75% de ouro;
- 14 quilates são 585 milésimas, ou seja, 58,5% de ouro;
- 9 quilates são 585 milésimas, ou seja, 37,5% de ouro;
Imagine que tem uma peça de 9 quilates e que o ouro vale 45 euros por grama. Neste caso, se for a uma loja ou ourivesaria tentar vender esta peça, apenas irá receber 37,5% de 45 euros por cada grama (ou seja, a parte que realmente é ouro puro da peça que tem em mãos).
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Saiba que receberá menos do que a cotação do ouro
Antes de vender, deve estar consciente de que a cotação do ouro nunca será aquilo que vai receber. Uma coisa é a cotação do ouro que é utilizado pelos profissionais do setor nos seus negócios, outra é o valor que lhe pagarão a si. Lembre-se que vão comprar-lhe o ouro para fundir e depois revender, e que esse processo tem custos. Ou seja, estas empresas têm de pagar a um técnico especializado para:
- fundir as peças;
- retirar os materiais que não são ouro;
- transformá-lo em matéria-prima que possa ser negociada no setor;
- efetuar o seu transporte.
Assim sendo, o comprador nunca lhe pagará o real valor do ouro pois tem custos para o transformar até revender novamente. Falando em números, se a cotação estiver por exemplo nos 40 euros/grama, talvez consiga vender por cerca de 28 euros. Por norma, a redução face à cotação ronda os 30%.
Analise o mercado e peça vários orçamentos
Antes de avançar com a venda, lembre-se que deve pedir vários orçamentos. Nunca aceite a primeira proposta que lhe apresentarem. Deve comparar várias, para fazer o melhor negócio possível. Além disso, tente sempre negociar o melhor preço.
Outra coisa que deve fazer é tentar perceber se a sua peça vale mais pelo peso que que tem, ou pelo seu valor artístico.
Se não gosta de uma peça de ouro que tem, e a pretende vender por esse motivo, tem sempre a hipótese de se deslocar a uma ourivesaria e pedir um orçamento para juntar outras peças e assim fazer uma nova que realmente lhe agrade e que possa dar uso no seu dia a dia.
Por fim, tem ainda a opção de pedir para fazer um lingote puro e guardá-lo para o vender mais tarde, numa altura mais propícia. Aí sim, pode vender ao peso, mas só quando conseguir lucrar com a venda.
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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