No ano passado, cerca de 1,8 milhões de pessoas entregaram o IRS Automático. Estamos a falar de 30% do total das declarações. E, em princípio, esse número vai aumentar todos os anos, à medida que mais pessoas ficam abrangidas por esta “facilidade” que o Estado põe ao dispor dos cidadãos.
De facto, parece muito prático - e até “simpático” - não ter trabalho nenhum com a entrega do IRS. Aparece quando vou pagar ou receber, e já com as contas feitas com os contribuintes em separado e depois com o total, se entregar em conjunto.
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IRS Automático: Melhor para o Estado não significa melhor para si
O que lhe quero recordar é que o que é melhor para o Estado, não quer dizer que seja o melhor para si. Já verifiquei este ano (2024) que há pessoas que, na página das deduções, têm lá falhas muito relevantes como a ausência das rendas de casa, e despesas de saúde e de educação. Não quero dizer que haja qualquer teoria da conspiração, mas o facto é que, se aceitar o IRS Automático sem ter a certeza de que estão lá todas as deduções a que tem direito, poderá estar a receber muito menos (centenas ou milhares de euros) do que o que aparece naquela conta automática da Autoridade Tributária.
Deve perceber que aquelas contas “simples” não são feitas a pensar em si e nas suas circunstâncias específicas, mas são contas feitas tipo “chapa 5” para quem não quer ter nenhum trabalho com a entrega manual do Modelo 3.
O IRS Automático é sempre bom para o Estado. Para si, talvez não. Podem não estar - como já lhe disse - as rendas, algum seguro de vida, os graus de incapacidade, as linhas do IRS Jovem ou do programa Regressar. E não está contemplada a hipótese do englobamento de juros de depósitos a prazo, de Certificados de Aforro, rendimentos de capitais, rendas de casas das quais é senhorio e rendimentos no estrangeiro. Conheço o caso de um velhote que recebeu mais 4 mil euros porque experimentou englobar umas rendas que tinha. Era o dinheiro que perderia se tivesse optado por entregar o IRS Automático, ou até decidir não entregar o IRS porque podia estar isento por rendimentos baixos.
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Em caso de dúvida, pague a um contabilista certificado para aumentar o mais possível o seu reembolso do IRS. Mas nunca se esqueça de que o máximo que pode receber de reembolso é o valor que reteve na fonte no ano anterior. Isso inclui os valores que reteve na fonte em juros que lhe foram pagos em rendimentos de poupanças, de investimentos ou de rendas. E milhares de portugueses não sabem isso, ou acham que dá muito trabalho.
Preferem o IRS Automático porque as contas já estão feitas.
Há tanto dinheiro desperdiçado em Portugal em impostos pagos a mais…Vocês nem imaginam.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
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