Em Portugal estamos a assistir a debates em que serviços bancários gratuitos comecem a ser pagos. A Dica do Doutor explica o que está em causa.
Nas últimas semanas, após um debate «CEO Banking Forum», que decorreu na Nova SBE, em Carcavelos, vários presidentes dos principais bancos portugueses consideram que as caixas automáticas/caixas multibancos devem ter um custo de utilização, uma vez que estão a prestar um serviço.
Atualmente, o serviço das caixas automáticas é de livre e gratuita utilização, bem como a nova ferramenta poupar de transferências bancárias e imediatas: o MBWAY.
Estas plataformas são utilizadas diariamente por milhares de portugueses, pelo que é fácil entender porque esta ideia pode desagradar aos consumidores.
Há que entender assim o porquê desta ideia.
A Dica do Doutor explica que há custos que estas plataformas têm e que neste momento os consumidores não estão a pagar este custo, o que se traduz num peso financeiro para os bancos.
Ao falarmos de plataformas, falamos também do homebanking por exemplo, que cada instituição bancária disponibiliza aos seus clientes, para ser acedida em desktop e em APP no smartphone.
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Acontece a tendência para os bancos cada vez mais apostarem nestas plataformas e estimulam as mesmas com o objetivo de os clientes usarem mais o balcão digital e deixarem de ir ao balcão físico. Se houver menos utilizadores do balcão físico, será menos oneroso para o banco, que terá menos balcões, menos pessoas, menos custos.
O homebanking como plataforma tem custo de criação, manutenção e de desenvolvimento, implicando investimento em software, hardware e talento humano.
Já no caso das caixas de multibanco existe um custo fixo de ter na máquina, mas também de utilização.
Se é cliente de um banco e utiliza a caixa multibanco de um outro banco, o seu banco terá de pagar uma taxa ao banco onde fez as operações, um custo acrescido para a entidade bancária e que não é suportado pelo consumidor.
Paralelamente, os bancos também criaram, desenvolveram e manteram a plataforma MBWAY. Criada pela SIBS, que é criada pelas entidades bancárias, esta plataforma torna as transferências bancárias mais fáceis, em que com apenas o número de telefone é possível transferir dinheiro de uma conta para outra, independentemente dos bancos, de forma gratuita e com o capital imediatamente disponível para utilizar na próxima compra.
Se fizesse uma transferência bancária ao balcão ou via caixa multibanco, teria um custo associado patente no Preçário do seu banco.
Esta situação vivida hoje traz um problema aos bancos pois há uma perda de utilizadores do homebanking. O MBWAY é limitado nas funções que faz e o Homebanking não faz a transferência que o MBWAY faz a custo zero.
Assim, os bancos estão a ficar com um custo de uma plataforma que perde utilizados (Homebanking), para terem os clientes a utilizar uma plataforma que também tem custos, mas que é totalmente suportada pelos bancos (Mbway).
Desta forma, percebe-se que a sustentabilidade das plataformas depende dos utilizadores. Os custos bancários envolvidos, de desenvolvimento de software e de talento humano, crescem se os utilizadores migrarem para plataformas sem custo associado, mas que também não são uma alternativa ao homebaking, criando dois custos que aumentam todos os dias, sem que os utilizadores aumentem, apenas dividem-se.
A Dica do Doutor entende que o MBWAY já demonstrou o seu valor na vida dos consumidores, pela rapidez das trasacções, a facilidade e intuição da plataforma, bem como a imediaticidade do dinheiro disponível.
Ainda assim, sendo uma ferramenta que tem custos implícitos, os bancos querem cobrar uma comissão pelo serviço de transferências - serviço este que é pago noutras plataformas e não nesta.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
Faz-se muita referência a custos dos serviços disponibilizados via web/mobile e caixa multibanco. Mas na equação falta a redução de custos com recursos humanos e infraestruturas (ex: agências) e o facto de o “nosso” estar a ser gerido para criar mais valia ao banco, mesmo que seja pouco. Exemplo: Empréstimos com taxas de 4-15% (ou mais) vs depósitos a prazo com taxas menores de 1%.
Os serviços que os bancos fornecem já começam a ser considerados fracos e desadequados e por essa razão, entre outras, cada vez mais sãos os clientes a usarem plataformas que dão resposta às suas necessidades (exemplo mais recente o Revolut ou o N26).