Investimentos

A “reação” da China

Ter uma carteira equilibrada é o segredo para o sucesso. O exemplo da China, nesta semana, prova, mais uma vez, a dificuldade em acertar no timing de entrada dos ativos financeiros.

São muitos os fatores que influenciam o comportamento dos mercados financeiros: os dados económicos, as expectativas de crescimento económico, o regime político, os bancos centrais ou a previsão de conflitos geopolíticos são alguns exemplos do que influencia as decisões dos investidores.

As bolsas chinesas

Nos últimos anos, de uma forma global, os índices acionistas da maior parte dos países à escala mundial apresentaram uma valorização considerável, sendo que muitos deles se encontram em máximos.

Os índices chineses acabam por ser uma das exceções, com uma performance muito aquém quando comparada com as restantes economias de dimensão mundial. Alguns fatores justificam este comportamento. Em primeiro lugar, as tarifas alfandegárias que têm vindo a ser impostas aos bens chineses por parte dos EUA e Europa. Outro ponto que tem pesado negativamente na performance dos mercados bolsistas chineses é o facto de a China ser um país autoritário, onde de um momento para o outro as “regras do jogo” podem ser invertidas. Por outras palavras, a confiança dos investidores nos ativos da China é mais reduzida. A crise do mercado imobiliário, com a queda de empresas como a Evergrande (que foi uma das maiores empresas imobiliárias da China), afetou a confiança em torno da economia chinesa.

O abrandamento que se tem verificado nos últimos anos, com o crescente aumento de problemas estruturais, é apenas mais um motivo para a desconfiança e para o afastamento dos investidores do mercado chinês. Contudo, apesar de todos estes problemas, é importante referir que a China ainda é a segunda maior economia do mundo e é um dos líderes da investigação e desenvolvimento da inteligência artificial, entre outras áreas.

Leia ainda: Fatores que influenciam o crescimento económico

Estímulos

Esta semana, o Banco Central da China (PBoC) surpreendeu os mercados financeiros com a apresentação do maior pacote de medidas de política monetária desde o final da pandemia da covid-19. O objetivo deste esforço feito pelas autoridades monetárias é o de inverter o abrandamento económico a que temos assistido nos últimos meses. Dentro do pacote apresentado, destaco a redução do rácio de reservas obrigatórias dos bancos em 50 pontos base, o que libertará liquidez para a concessão de novos empréstimos, tentando desta forma incentivar o investimento e a procura interna.

Outro dos alvos identificados pelas autoridades monetárias chinesas é o mercado imobiliário, que está a atravessar uma grave crise nos últimos anos. Para combater esta evolução, o Banco Central da China anunciou um corte de 50 pontos base nas taxas de juro das hipotecas existentes, e uma redução do mínimo de entrada para compra de casas para 15%. Apenas dois dias após estas medidas, os dirigentes máximos do Partido Comunista chinês reforçaram o compromisso das metas de crescimento apresentadas, através da adoção de medidas de estímulos fiscais fortes, demonstrando que os dois quadrantes (monetário e político) estão interligados de forma a voltar a promover maior dinamismo e confiança à economia chinesa.

Leia ainda: Investimento: Ser inteligente ou consistente?

Mercados acionistas chineses – reação

Este plano de estímulos monetários e o reforço do compromisso de crescimento por parte das autoridades máximas da China tiveram um impacto enorme nos mercados financeiros. Os mercados acionistas chineses valorizaram 25% em poucos dias. Os estímulos justificam esta forte reação dos investidores, sobretudo pelo aumento da confiança que estas tomadas de posição trouxeram.

Por outro lado, também é importante realçar que muitas empresas da China estavam muito descontadas e longe daquela que deveria ser a sua valorização. Se juntarmos os dois lados: estímulos + mercado muito subvalorizado, percebemos a dimensão da reação dos investidores, que não querem ficar fora da recuperação bolsista de um mercado com enorme potencial. Aqueles que investem com racionalidade sabiam que, mais tarde ou mais cedo, a recuperação dos mercados acionistas chineses acabaria por acontecer. Contudo, é importante referir que não sabemos se esta subida foi apenas uma reação momentânea ou se veio para ficar, até porque se trata de um mercado muito volátil. O que sabemos é que faz sentido ter exposição ao mercado chinês dentro de uma lógica de diversificação, equilíbrio e com uma ótica de longo prazo. Se tivermos esta capacidade e se soubermos encontrar o melhor veículo para nos posicionarmos no mercado chinês, esta poderá ser mais uma posição que nos ajudará a obter uma boa performance no longo prazo. 

Leia ainda: Estímulos da China dão mais brilho às bolsas

Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

Partilhe este artigo
Tem dúvidas sobre o assunto deste artigo?

No Fórum Finanças Pessoais irá encontrar uma grande comunidade que discute temas ligados à Poupança e Investimentos.
Visite o fórum e coloque a sua questão. A sua pergunta pode ajudar outras pessoas.

Ir para o Fórum Finanças Pessoais
Deixe o seu comentário

Indique o seu nome

Insira um e-mail válido

Fique a par das novidades

Receba uma seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser para receber a seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser
Obrigado pela subscrição

Queremos ajudá-lo a gerir melhor a saúde da sua carteira.

Não fique de fora

Esta seleção de artigos vai ajudá-lo a gerir melhor a sua saúde financeira.