Diversificar a carteira de investimentos é considerada a fórmula de sucesso para rentabilizar as suas poupanças com risco mais equilibrado. Mas perante os inúmeros produtos e instrumentos em que pode investir, é normal ter dúvidas sobre a estratégia a adotar.
Antes de criar a sua carteira de investimentos, precisa de ter consciência que investir o seu dinheiro tem sempre riscos associados. Por isso, para não comprometer as suas finanças, garanta que tem um fundo de emergência criado (que é uma ajuda preciosa perante imprevistos ou numa situação de desemprego). As boas práticas recomendam que o fundo de emergência seja constituído por um valor equivalente às despesas fixas que tem de suportar durante três a 12 meses.
Depois de ter alcançado esta "rede de segurança" é hora de traçar uma estratégia de investimento, com base no seu perfil de investidor e com o valor estipulado para investir.
Estes dois pilares são o ponto de partida para tomar decisões ponderadas na hora de criar e diversificar a sua carteira de investimentos. Contudo, assegurar estes dois aspetos não chega. De seguida, conheça o que deve ter em conta ao criar a sua carteira de investimentos e descubra como distribuir o seu dinheiro.
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Descubra qual é o seu perfil de investidor
Saber qual é o seu perfil de investidor é essencial antes de traçar um plano de investimento. Afinal, cada pessoa tem um perfil único. Se há pessoas que dormem bem com as oscilações da bolsa, existem outras que só de pensarem na possibilidade de descidas acentuadas ficam ansiosas. Cada pessoa lida com o risco à sua maneira.
Além disso, quando quer investir o seu dinheiro, pode adotar uma estratégia a curto ou a longo prazo. Consoante o seu objetivo, a estratégia precisa de ser diferente para alcançar bons resultados. E, por fim, ainda deve ter em conta a sua idade quando investe. Isto porque a capacidade para recuperar perdas é maior quando se é jovem. Ou seja, tem mais tempo para recuperar do que quando está perto da idade da reforma.
Tendo estas caraterísticas em consideração, saiba que pode encaixar-se em um dos quatro perfis possíveis: defensivo, moderado, dinâmico e arrojado.
Conheça o que define cada perfil:
Defensivo
- Dá prioridade à segurança;
- Tem medo de perder as suas poupanças, tentando ao máximo preservar o seu capital;
- Ou pode ser um investidor perto da idade da reforma.
O investidor com um perfil defensivo prefere investimentos com capital garantido e com um curto prazo, pois tem dificuldades em lidar com ativos mais voláteis, como ações.
Moderado
- Procura uma rentabilidade mais elevada;
- Está disposto a correr algum risco, mas moderado;
- Pretende encontrar um equilíbrio entre a rentabilidade e a segurança.
Em termos de investimentos, o investidor com um perfil moderado prefere ter uma carteira diversificada a nível de risco, mas os ativos com capital garantido assumem um grande fatia dos seus investimentos.
Dinâmico
- Consegue lidar com perdas moderadas no seu património;
- Está disposto a correr alguns riscos;
- Pretende investir em ativos com rendibilidades superiores às taxas de juro.
O investidor com um perfil dinâmico pode optar por uma carteira de investimentos de médio/longo prazo, escolhendo ativos mais arriscados, mas não na sua totalidade.
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Arrojado
- Quer obter rendibilidades elevadas;
- Está disposto a assumir perdas avultadas de capital;
- Consegue lidar bem com as oscilações do mercado bolsista, mesmo perante quedas.
Um investidor com um perfil arrojado está preparado para assumir a perda total ou até superior do capital investido.
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Informe-se e conheça os tipos de investimentos financeiros
Antes de criar e diversificar a carteira de investimentos, é fundamental que um investidor conheça os vários produtos e instrumentos financeiros onde pode aplicar o seu capital. Isto porque existem ativos financeiros adequados a todas as carteiras e perfis. No entanto, cada um tem a sua natureza, condições e riscos associados.
Para ter uma ideia, alguns dos investimentos financeiros que existem são:
- Depósitos a prazo - Produto bancário onde entrega fundos a uma instituição de crédito, que fica obrigada a restituir esse valor no final do prazo estabelecido, sendo paga uma remuneração em troca (juro).
- Certificados de Aforro e Certificados do Tesouro - Embora sejam dois produtos distintos, ambos são instrumentos utilizados pelo Estado para obter financiamento, sendo esse valor devolvido com juros, no período acordado.
- Seguros de capitalização - Produtos financeiros constituídos em forma de seguro, tendo este capital garantido. Podem ou não ter uma rendibilidade mínima garantida.
- Planos de Poupança Reforma (PPR) - Planos de poupança de médio e longo prazo, que podem ter o objetivo de financiar um complemento de reforma e fazer face a situações de necessidade.
- Ações - Uma ação representa parte do capital de uma empresa;
- Obrigações - É um título de dívida, emitido por uma entidade, tendo retorno e prazo definido.
- Unit Linked - Contratos de seguro ligados a fundos de investimento ou a outros ativos financeiros (ações, obrigações, matérias-primas, taxas de câmbio ou taxas de juro).
- ETF (Exchange Traded Fund) - Fundo de investimento negociado na bolsa de valores, gerido de forma passiva e que segue um determinado cabaz de ativos;
- Commodities - Produtos agrícolas ou Metais Preciosos (ouro, prata, etc.). O investimento é feito através da compra de ETF ou Fundos.
- Forex - Compra e venda de moeda estrangeira, sendo o principal objetivo obter mais-valias com a flutuação dos preços.
- Criptoativos - Consiste na transação de ativos, como as famosas moedas digitais Bitcoin, Ethereum, entre muitas outras.
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Defina a estratégia que quer adoptar para diversificar a carteira de investimentos
Após estar consciente do seu perfil de investidor e aprofundar os seus conhecimentos sobre os vários produtos e instrumentos financeiros que existem, é hora de definir uma estratégia para diversificar a carteira de investimentos.
O primeiro passo é estabelecer o montante inicial que quer aplicar e os objetivos do investimento. Só depois deve avaliar os tipos de ativos e as respetivas percentagens que vão diversificar a carteira de investimentos.
Com base no capital que vai investir e objetivo, trace o horizonte temporal dos seus investimentos. Desta forma, vai saber se deve optar por investimentos de curto ou de longo prazo.
Os investimentos de curto prazo (inferiores a cinco anos) devem envolver um nível de risco mais baixo, mas o retorno também será menor. São exemplos de investimentos de curto prazo os tradicionais depósitos bancários, contas poupanças, Certificados de Aforro ou do Tesouro, alguns PPR e obrigações de curto prazo.
Já os investimentos de longo prazo, estão associados a prazos superiores a cinco anos. Geralmente, envolvem um risco mais elevado, pois são mais voláteis. Contudo, a premissa é que pode obter um maior retorno, caso o valor de mercado dos ativos suba consideravelmente com o passar do tempo. Fazem parte deste tipo de ativos, as ações, fundos, entre muitos outros.
Depois, é preciso avaliar o retorno face ao risco. E para minimizar as perdas, é aconselhável diversificar a sua carteira com vários tipos de ativos e prazos, mas não só. Imagine que entre os vários ativos, quer investir em ações. Neste caso, deve considerar outras camadas de diversificação, como os setores de atividade e geografias. Quanto maior for o número de setores e países abrangidos, maior será a diversificação da sua carteira.
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A grande vantagem de diversificar a carteira de investimentos
Como referido, diversificar a carteira de investimentos é vista como a chave do sucesso para rentabilizar as suas poupanças. Mas afinal, qual é o motivo?
Quanto mais diversificada for a sua carteira de investimentos, mais protegido está. Isto acontece porque não vai depender de nenhum ativo em particular. O que está em causa é o desempenho geral do seu portefólio. Quanto mais diversificado ele for, as potenciais perdas de determinados ativos, acabam por ser compensadas pelos ganhos dos restantes ativos. Logo, não coloca todo o seu investimento em risco e tem mais hipóteses de obter bons resultados a longo prazo.
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Os produtos aconselháveis para diversificar a carteira de investimentos com base no seu perfil
Caso esteja com dúvidas sobre os produtos aconselháveis para diversificar a sua carteira de investimentos, a seguir, encontra algumas dicas para os quatro perfis de investidor que existem.
Defensivo
- A carteira deve ser composta maioritariamente por ativos de capital garantido.
- A percentagem de ativos com capital garantido deve rondar entre 60% e 80% do total de poupança.
- Alguns dos ativos sem risco que pode investir: depósitos a prazo, Certificados de Aforro e do Tesouro ou seguro com capital garantido.
- Pode aplicar o restante percentagem do capital em ativos de risco moderado.
Moderado
- Ativos de capital garantido devem rondar entre os 40% e 60% do total de capital;
- Já os investimentos em ativos um pouco mais arriscados podem representar entre 30% e 50%.
- Como ativos de risco, pode optar por investir em ações de grandes empresas, com um bom histórico de solidez e estabilidade, ETF, fundos de investimento imobiliário ou PPR. Embora sejam produtos com risco associado, o seu desempenho é tendencialmente mais estável.
- Evite investir em ativos muito arriscados, onde o preço sofre oscilações acentuadas.
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Dinâmico
- A carteira deve integrar entre 60% e 80% de ativos de maior risco;
- A maioria dos ativos aconselháveis para o perfil dinâmico são ações, obrigações, ETF, fundos PPR ou fundos de investimento imobiliário.
- Ainda assim, recomenda-se que tenha entre 10% e 20% do seu capital em ativos com capital garantido.
- Pode ter uma pequena fatia de ativos mais complexos com uma volatilidade mais elevada, mas deve ser pouco significativa.
Arrojado
- Com este perfil, a carteira deve ser composta maioritariamente por ativos de risco elevado.
- Os ativos de risco elevado devem representar entre 70% e 90% do capital investido.
- Pode diversificar a sua carteira com ações, obrigações, fundos e ETF, contudo opte por uma estratégia de longo prazo.
- É recomendado ter ativos de capital garantido, servindo como um fundo de reserva, que representem entre 5% e 10% do total investido.
Nota: Para ajudá-lo a ajustar a sua carteira de investimentos, recorra ao Simulador de Perfil de Investidor.
Dicas para não cometer erros desnecessários
Embora a informação anterior sirva como ajuda na hora de diversificar a carteira de investimentos, existem algumas dicas que deve ter em consideração para não cometer erros desnecessários, como:
- Aprofundar os seus conhecimentos de literacia financeira antes de começar a investir. Leia livros sobre investimentos e consulte sites fidedignos;
- Definir uma estratégia consciente, com base no seu perfil de investidor.
- Pesquisar o máximo de informações sobre os ativos ou produtos que vai investir e ler toda a documentação associada aos seus investimentos;
- Caso tenha uma dúvida, peça esclarecimentos junto do intermediário financeiro;
- Se não conhece bem um produto, mais vale não investir até conseguir entender todas as caraterísticas do mesmo;
- Garantir que a entidade onde realiza os seus investimentos consta na lista de entidades autorizadas a operar, facultada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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