“Nunca invista num negócio que não percebe”. É uma das regras de ouro de Warren Buffett. Com efeito, as probabilidades de sucesso no investimento aumentam se escolher empresas conhecidas. E a proximidade geográfica pode ajudar a entender o modelo de negócio das cotadas. Valerá então a pena ponderar como investir na bolsa em Portugal?
No mercado acionista nacional, são negociadas ações de 37 empresas. Destas, 16 estão incluídas no índice de referência da bolsa de valores portuguesa, o PSI. Essa seleção é feita pela Euronext – empresa que gere a bolsa de Lisboa e também as de Amesterdão, Dublin, Oslo e Paris – e tem em conta o valor de mercado das ações disponíveis para negociação das empresas.
Como investir na bolsa em Portugal: Que formas existem?
Então, na prática, como investir na bolsa em Portugal? Pois bem, não é uma tarefa difícil.
Com efeito, pode fazer-se diretamente ou através de fundos de investimento. Existem cerca de meia dúzia de produtos deste tipo com foco no mercado nacional. Assim, os fundos podem ser uma opção para investidores com menos tempo e que não estejam familiarizados com o negócio das empresas.
No entanto, a resposta mais comum à questão de como investir na bolsa em Portugal é a compra direta de ações, através de intermediários financeiros. Nestes casos, convém conhecer o negócio e os dados financeiros da empresa em que se pondera aplicar algum montante. Além disso, é necessário acompanhar com regularidade as cotações da bolsa de Lisboa.
Para quem pretende investir em ações nacionais diretamente, há uma fonte de informação essencial. Trata-se da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o supervisor do mercado de capitais português. Uma das suas funções é garantir que as cotadas nacionais prestam todas as informações relevantes ao mercado. Assim, o seu portal é atualizado constantemente com dados sobre as contas e o negócio das empresas.
Além dessa missão, a CMVM recebe as reclamações de investidores e deve oferecer-lhes resposta. Da mesma forma, vigia o mercado para detetar e punir eventuais infrações. Por exemplo, o abuso de informação privilegiada ou a manipulação de preços.
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Os setores e as empresas que mais se destacam
Quem quer aprender a investir na bolsa em Portugal deve ter em conta que existem alguns setores de atividade que se destacam em território nacional. Não só no número, mas também na capitalização bolsista (o valor de mercado atribuído pelos investidores). A saber:
- Energia – das 16 empresas do PSI, cinco pertencem ao setor da energia: EDP, Galp, EDP Renováveis, REN e Greenvolt. As representantes desta área de atividade têm, em termos agregados, uma capitalização bolsista de cerca de 47,6 mil milhões de euros, constituindo mais de 60% do valor de mercado de todas as cotadas do índice;
- Distribuição – a Jerónimo Martins e a Sonae têm, em conjunto, uma capitalização bolsista de 12,2 mil milhões de euros. Desse modo, as donas do Pingo Doce e do Continente representam cerca de 16% do valor de mercado do PSI;
- Papel – a Navigator, a Altri e a Semapa (que, além do papel, também tem negócios na área do cimento) valem cerca de 4,5 mil milhões de euros.
Estes três setores representam cerca de 85% do total do valor de mercado do PSI. No entanto, existem outras ações com peso na bolsa nacional, como o BCP. Além disso, também a NOS, a Corticeira Amorim ou os CTT, por exemplo, estão presentes no PSI.
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Os pontos fortes e fracos da bolsa nacional
Em resumo, se está a pensar em como investir na bolsa em Portugal, podem existir algumas vantagens:
- Proximidade: escolher empresas próximas que se conhece bem é uma vantagem para quem quer saber como investir na bolsa em Portugal. Ora, no mercado nacional negoceiam-se ações de cotadas com produtos e serviços que utilizamos frequentemente;
- Dividendos: as cotadas nacionais tendem a ser generosas com os acionistas, reservando uma boa proporção dos lucros para distribuir pelos investidores. Aliás, a bolsa nacional costuma estar no topo da lista das que têm uma das mais altas taxas de rentabilidade do dividendo.
Em contrapartida, existem alguns pontos fracos que podem fazer com que a bolsa portuguesa seja uma opção limitada para satisfazer os objetivos de todos os investidores:
- Concentração: o facto de a bolsa portuguesa estar demasiado dependente de dois ou três setores pode complicar a tarefa dos investidores de cumprirem com a regra da diversificação. Além disso, também não existem grandes cotadas dos setores que mais crescem globalmente, como o da tecnologia;
- Dimensão: em comparação aos principais mercados financeiros europeus, a bolsa portuguesa tem um valor de mercado global e liquidez reduzidas, o que pode não ser atrativo para grandes investidores internacionais. Resulta, igualmente, numa menor oferta de produtos – como fundos de investimento ou ETF – dedicados em exclusivo às ações nacionais.
Portanto, para quem pensa em formas de como investir na bolsa em Portugal, existem argumentos contra e a favor. Contudo, essa decisão deve ser tomada tendo em conta o perfil, os objetivos e o conhecimento dos investidores. Sem nunca esquecer a regra de ouro de se ter uma carteira de investimento equilibrada e diversificada.
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