Quando alguém quer tomar uma decisão de investimento deve ter por trás um processo de análise que justifique a decisão que irá ser tomada. Existem alguns critérios a ter em conta e que são muito importantes para uma tomada de decisão consciente.
A escolha da empresa
A natureza humana faz com que falemos muito mais dos sucessos do que dos insucessos. Quem é que não tem um amigo que está constantemente a dizer que ganha com o investimento nesta ou naquela ação? Este é um ponto importante e que merece a nossa reflexão.
Quando alguém nos diz que ganhou a investir num ou noutro ativo, as primeiras perguntas que devemos fazer são: em que consiste esse ativo? Qual o racional por detrás desse investimento? Se do outro lado nos souberem apresentar um racional robusto e lógico, podemos começar a olhar para aquele investimento com outros olhos. Se, por outro lado, a pessoa não nos conseguir dar um racional para a evolução do ativo em causa percebemos que a tese por detrás daquele investimento não existe.
O que devemos ter em conta antes de investir? Para aqueles que querem investir em ativos diretos (ações de empresas) existe um conjunto de critérios que são fundamentais para podermos tomar uma decisão racional e sustentada.
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Conhecer a empresa antes de investir
Numa primeira fase é muito importante perceber o negócio ou o sector em que a empresa em questão está inserida. Adicionalmente é fundamental entender se se trata de uma empresa com uma quota de mercado relevante. Conhecer o ramo de atividade, o mercado alvo e a concorrência é algo determinante, uma vez que esta realidade nos dá uma ideia da margem de crescimento que a empresa pode ter e das dificuldades que pode vir a encontrar.
Evolução da ação
Tão importante como analisar a quota de mercado atual é perceber qual a trajetória de crescimento da empresa em questão. Assim, é diferente analisar uma empresa que ano após ano conquista novos consumidores e tem a capacidade de se ir renovando e criando valor ou, por outro lado, uma empresa que tem uma quota de mercado estável sem grandes oscilações. As duas podem ser bons investimento, dependendo dos motivos que originam a evolução de cada uma delas.
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Riscos de investir
É importante perceber que existem obstáculos em todos os negócios. De uma forma simples, depois de percebermos o contexto da empresa, o mercado alvo, a concorrência e a sua evolução, será necessário entender o que pode afetar negativamente o seu desempenho económico e financeiro.
Para isso será também muito importante perceber a estrutura acionista da empresa e o seu grau de alavancagem. Uma empresa que consiga gerar de uma forma regular cash flows, mas que tenha uma enorme necessidade de alavancagem poderá ser uma empresa pouco eficiente.
Os cash flows de uma empresa são um indicador muito importante. Contudo, não basta apenas analisar este indicador de uma forma independente. Num negócio, devemos sempre enquadrar os vários indicadores disponíveis de forma a ter uma fotografia geral mais fidedigna.
Ter cash flows por si só é um bom dado, contudo será importante perceber qual o investimento e a alavancagem necessários para a obtenção desses cash flows, assim como a estrutura de custos que está associada à empresa.
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Expetativas geradas pela empresa
Outro indicador importante é perceber qual o caminho que a empresa quer seguir. Para isso será importante analisar as calls de apresentação de resultados, onde os administradores das empresas nos dão o guidance (as orientações e estimativas) que pretendem para o futuro da empresa que estão a gerir.
Decisão de investir numa empresa
A análise de todos estes indicadores fará com que por detrás de uma decisão esteja um processo e uma opção de investimento racionais.
Devemos ainda ter a noção que, apesar da nossa decisão de investimento ter sido validada pelos dados disponíveis, será fundamental continuar a acompanhar a evolução da empresa, de forma a percecionar se o racional se mantém ou se foi alterado de uma forma positiva ou negativa.
Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.
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