Investimentos

ETF bateram um novo recorde. Mas que moda é esta?

Os ETF captaram o novo valor recorde de 1,5 biliões de dólares em 2024. Descubra estes instrumentos financeiros e como investir neles.

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ETF bateram um novo recorde. Mas que moda é esta?

Os ETF captaram o novo valor recorde de 1,5 biliões de dólares em 2024. Descubra estes instrumentos financeiros e como investir neles.

Os exchange-traded funds, ou apenas ETF – a sigla inglesa pela qual são conhecidos estes instrumentos financeiros –, viveram um ano recorde, tendo captado 1,5 biliões de dólares dos investidores em 2024, ou seja, o equivalente a 1,43 biliões de euros à taxa de câmbio atual, segundo os dados da DBRS Morningstar. Mas afinal o que são ETF e o que os torna tão populares? 

O que são ETF? 

Os ETF são fundos negociados em bolsa que permitem que aproveite o desempenho de um ativo, ou um cabaz de vários ativos, como uma ação, um índice bolsista ou até uma criptomoeda, sem nunca lhe ter tocado nem ter pagado o preço original. O segredo reside no facto de estes instrumentos replicarem o desempenho dos ativos. Por exemplo, um ETF de ouro replica a performance do ouro.

E como? É mais simples do que parece: as gestoras destes fundos compram e desfazem-se da quantidade suficiente do ativo subjacente, como ações, para corresponder à quantidade de unidades de participação do ETF que são compradas e vendidas diariamente. São assim duas operações simultâneas: os investidores vão comprando e vendendo unidades do fundo, que, por sua vez, se ajusta a estas transações comprando e vendendo ações, obrigações ou qualquer outro ativo subjacente. Estas operações simultâneas permitem apurar o valor líquido do fundo, conhecido como net asset value (NAV).

Há ainda outro jargão que deve ser conhecido pelos investidores: tracking error. Por outras palavras, trata-se de uma medida que julga quão próximo está o desempenho do fundo do ativo subjacente. Quanto mais próximo de zero estiver o tracking error, mais capaz é o ETF de acompanhar o desempenho de um cabaz de ações ou obrigações, por exemplo.

A vantagem de comprar ETF em vez dos ativos

De um modo simples, se quisesse investir diretamente em algumas das maiores empresas mundiais, como a Apple, a Microsoft ou a Amazon, teria de comprar uma ação de cada uma dessas companhias individualmente, o que exigiria um investimento maior e mais tempo para gerir a carteira. Em alternativa, adquirir um ETF que inclua estas empresas permite diversificar o investimento com apenas uma compra. Aquilo que o investidor compra e vende em bolsa são unidades de participação no ETF que, por sua vez, inclui "fatias" das companhias (ou de outros ativos).

Outro exemplo: imagine que quer aproveitar a recente escalada do ouro, mas não tem quase três mil dólares para pagar por uma onça. No entanto, dispõe de um montante que gostaria de investir (preferencialmente, um valor que não afete a sua poupança ou fundo de emergência).  

Ao adquirir uma participação do iShares Gold Trust, um dos ETF mais transacionados do mercado a rastrear o ouro, gastará pouco mais de 50 dólares, face à cotação atual. E pode comprar uma ou mais unidades de participação. Além de se adaptarem ao montante que pode ser gasto pelo investidor, estes produtos financeiros permitem o acesso a alguns ativos nos quais determinados investidores não podiam aplicar o seu dinheiro diretamente, seja por razões regulatórias ou outras.

É o caso paradigmático dos ETF de criptomoedas, que fizeram furor em 2024.  No ano passado, os primeiros 11 fundos negociados em bolsa aprovados nos EUA com exposição direta ao preço da bitcoin e da ether – as duas criptomoedas mais valiosas do mercado – arrecadaram milhares de milhões de dólares dos investidores, muitos deles institucionais, como os bancos, que estão impedidos pela regulação de apostar o dinheiro neste tipo de instrumentos financeiros.  

Porque oiço tanto falar dos ETF sobre o S&P 500?  

A diversificação é outra das vantagens que trouxeram este tipo de produto para a ribalta, já que, através de um ETF, é possível investir num cabaz de ativos ou num índice alargado. O exemplo mais comum e presente na maior parte das plataformas de negociação a que poderá ter acesso são os ETF sobre o Standard & Poor's 500 (S&P 500). 

Estes fundos replicam o desempenho das 500 maiores empresas norte-americanas cotadas em Wall Street, representando assim uma referência a nível mundial. Devido ao equilíbrio que apresenta entre setores, o S&P 500 permite, em certa medida – não de forma absoluta nem garantida –, cobrir o risco de queda das ações de um determinado conjunto de empresas por outro setor que, durante o mesmo período, tenha um desempenho mais positivo.  

ETF de distribuição e de acumulação 

É importante perceber que, havendo empresas que distribuem lucros, ou seja, que pagam dividendos, investir num ETF de ações não significa que vá necessariamente receber os dividendos distribuídos. Tudo depende do tipo de ETF em que está a investir. 

Existem ETF de distribuição e de acumulação. A diferença entre ambos está na forma como os dividendos são geridos. Um ETF de distribuição distribui regularmente aos seus investidores dividendos pagos pelas empresas nas quais investe. Pelo contrário, o de acumulação reinveste os dividendos recebidos nos ativos do ETF, não pagando aos investidores qualquer montante. Como os dividendos são reinvestidos, ou seja, essa verba é mantida dentro do fundo e não distribuída ao investidor regularmente, o valor dos ETF acumulativos aumentam mais do que os de distribuição.

Fundos de gestão ativa ou passiva  

Até há bem pouco tempo, os ETF eram sobretudo conhecidos como instrumentos de gestão passiva, dado que o objetivo destes fundos é replicar o desempenho dos ativos subjacentes. Entretanto, vários nomes sonantes de Wall Street, como a JPMorgan Asset Management decidiram lançar exchange traded funds com gestão ativa, em que o objetivo não é copiar, mas sim superar o ativo que este produto está a rastrear A estratégia pode ser atraente, mas na hora de escolher, tenha em conta que pode sair mais caro à sua carteira, uma vez que, por norma, os custos são mais elevados.

Aliás, como constata a Deco Proteste,  “a principal razão para os ETF cobrarem comissões anuais de gestão de apenas 0,1% a 0,5%, em vez dos habituais 1% a 2% dos fundos tradicionais, é simples. Os ETF são geridos passivamente porque as respetivas carteiras de ações ou obrigações são meras fotocópias de um índice de bolsa”.  Assim, “a entidade gestora não precisa de pagar a uma equipa de analistas para escolher os títulos”, acrescenta a organização de defesa do consumidor.

ETF alavancados e ETF inversos

Imagine que só tinha 10 euros, mas uma corretora permitia-lhe um investimento de 100 euros, através de um financiamento de 90 euros. Os ETF alavancados permitem precisamente isto. Trata-se porém, de um exercício de risco elevado, uma vez que as perdas vão para lá do montante investido.

Em finanças, a criatividade é o limite. Além dos ETF que replicam o desempenho de ativos, há também produtos que estão montados para fazer o contrário do desempenho do ativo subjacente. Por exemplo, se o ouro subir, por exemplo 10%, um ETF inverso pode descer 10% - e vice-versa.  

Quanto custa investir num fundo negociado em bolsa? 

Quando está a analisar fundos com o mesmo índice subjacente, os custos associados à gestão são um ponto crucial. O total expense ratio (TER) é o indicador, em percentagem, que mostra quanto tem de pagar anualmente pelo ETF. O TER permite cobrir os custos anuais de gestão de um determinado fundo. Isto significa, que quanto mais ativa for a gestão, também mais elevado será este rácio.  

O TER deve assim ser deduzido à rendibilidade anual média de um ETF (que deve ser sempre consultada, ainda que, nos mercados, o passado não seja um prognóstico do futuro). Por exemplo, se um ETF garantir um retorno de 5% ao ano e o TER for de 1%, a rendibilidade real – sem ainda ter sido ajustada à inflação - é de 4%. Agora aplique a taxa que mede a evolução dos preços nesse ano e terá a taxa correta que receberá em troca de investir nesse produto durante o mesmo período. 

Leia ainda: O que considerar na hora de escolher um ETF?

Nem tudo é ETF: ETP, ETC e ETN

Apesar de se ter dado o nome genérico de ETF a todos os produtos que replicam o desempenho de ativos, a realidade é que, embora este seja o mais conhecido, não se trata do único produto financeiro a desempenhar esta tarefa. Os ETF fazem parte da família dos ETP, uma sigla inglesa para exchange-traded products. Na realidade, caso este fundo acompanhe, por exemplo, a evolução do ouro, o mais correto será chamá-lo de exchange-traded commodity (ETC).

Por outro lado, as diferenças mais claras estão nos exchange-traded notes (ETN). Muito semelhantes aos ETF, têm a particularidade de serem emitidos por bancos, sendo na ótica do balanço destas instituições considerados dívida subordinada na hierarquia da lista de credores. Os ETN podem ainda ser caracterizados por não apresentarem garantias e por a sua maturidade poder findar antes do final do prazo estabelecido.  

Foi o que aconteceu em 2018, quando os bancos de investimento Nomura e Credit Suisse acabaram por resgatar antecipadamente um produto desta natureza para evitar mais perdas além das que tinham sido registadas até então.  Assim, antes de investir tenha em conta os riscos e o seu perfil de investidor.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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