Investimentos

Mercados Financeiros: O que esperar de 2025

Há várias frentes de incerteza económicas e geopolíticas. 2025 promete ser um ano desafiante. É determinante ter uma estratégia racional.

A magia dos mercados financeiros é que cada dia é um novo dia. Isto significa que não existe um guião que nos vai indicar o que vai acontecer a cada momento.

Entre outros dados, existem projeções com base em dados económicos, probabilidades com base em análise técnica ou existe um histórico que nos permite identificar o comportamento dos investidores em momentos de euforia ou de depressão. Apesar de tudo isto estar à disposição dos investidores é importante reforçar que nunca vamos conseguir controlar todos os pormenores.

O mais importante será sempre criar uma estratégia de investimento com a qual nos identifiquemos, sabendo que quanto mais conhecimento tivermos e quanto mais racionais forem as nossas decisões, maior será a probabilidade de conseguirmos potenciar as nossas poupanças.

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O regresso de Trump

No início de cada ano temos sempre a preocupação em fazer uma projeção para os próximos 365 dias e os investimentos financeiros não fogem à regra. Depois de um ano tão positivo como foi o de 2024 o que irá acontecer em 2025? Quais podem ser os focos de instabilidade ou quais podem ser os fatores que podem fazer com que 2025 seja tão bom ou melhor que 2024? Este é um dos pontos mais difíceis, mas ao mesmo tempo mais fascinantes.

Tentar prever o que pode acontecer é um exercício fundamental para quem investe nos mercados financeiros. Quando refiro prever, não me estou a referir à evolução de um ativo em concreto, mas sim à evolução económica e à influência que esta pode ter no comportamento dos ativos financeiros. Neste enquadramento, o ano de 2025 é particularmente desafiante.

Porquê? Um dos motivos principais para este ano ser ainda mais difícil de prever tem um nome: Trump. O regresso de Donald Trump à presidência da maior potência mundial traz dificuldades acrescidas a todos os analistas económicos. Uma das suas imagens de marca é a imprevisibilidade. Ao longo da campanha eleitoral, que ficou marcada pelo slogan Make America great again, Trump ameaçou praticamente todos os países com tarifas alfandegárias para os bens que forem importados pelos EUA.

Adicionalmente referiu que vai cortar impostos, o que fará com que as receitas do Estado Americano sejam mais reduzidas. Pelo programa económico apresentado nas eleições percebemos que não irá existir uma preocupação em reduzir a despesa, bem pelo contrário. Então, se a despesa aumenta e as receitas diminuem, como será compensado este gap?

Esta é uma questão que muitos colocam e que gera muitas dúvidas nos analistas e investidores. Se por um lado as propostas de Trump são pró-mercados financeiros e a favor das empresas americanas, por outro, o despesismo e protecionismo podem ter efeitos secundários na economia interna.

Um dos principais pontos apontados pode ser o regresso da inflação. Este é um tema que gera muita atenção por parte das entidades monetárias. Numa fase em que Reserva Federal Americana (FED) estava a normalizar a política económica nos EUA (com a descida das taxas de juro), a eleição de Trump e a incerteza quanto ao futuro irá fazer com que os reguladores económicos façam uma pausa para ver a evolução que a economia irá ter, e quais as consequências das medidas anunciadas pelo recém-eleito presidente dos EUA.

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Os conflitos geopolíticos

Nos últimos anos os conflitos geopolíticos têm aumentado. Também neste tema a eleição de Trump pode ter influência. Tratando-se do presidente da maior potência mundial, a sua influência é muitas vezes decisiva nas negociações entre os diferentes lados dos conflitos.

A questão da Ucrânia vs Rússia já persiste há vários anos, sem ter um fim à vista. Tratando-se de uma zona geográfica rica em recursos naturais, naturalmente que este conflito acaba por ter influência no desenvolvimento da economia mundial. Por outro lado, em termos geográficos a ameaça da Rússia faz-se sentir noutros países em seu redor, o que fará com que os orçamentos com a segurança militar estejam a aumentar.

O conflito entre o Hamas e Israel é outro foco de grande instabilidade numa zona geográfica bastante sensível. Neste último caso, as notícias revelam que foi alcançado um acordo de cessar fogo, o que, se se confirmar, terá um impacto positivo.

Estes são dois casos de conflitos que podem ter uma enorme influência nos comportamentos dos mercados financeiros a curto prazo: se as partes chegarem a um entendimento, os custos com energia poderão baixar de uma forma expressiva. Se, por outro lado, os conflitos se agudizarem, não só os preços da energia podem continuar elevados, como os próprios conflitos poderão escalar para territórios vizinhos e as consequências que daí poderão advir são difíceis de antecipar.

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O caminho da Europa

Com as economias europeias a ficarem mais frágeis e a perderem algumas daquelas que foram as bandeiras de alguns países, como a perda de preponderância do sector automóvel europeu, existe a ameaça do surgimento de movimentos populistas. Estes movimentos têm por base o reforço do nacionalismo e poderão constituir um retrocesso do caminho de uma Europa unida e cada vez mais abrangente.

A instabilidade política em França e Alemanha não são bons sinais e fazem com que todos estejam atentos à evolução que estes dois países irão seguir. O que me parece cada vez mais obvio é que a Europa está a ficar para trás em algumas áreas que serão fundamentais no futuro, como a inteligência artificial.

O que esperar da China

A China é outro ponto de incerteza. A economia chinesa não está a atravessar um bom momento há alguns anos. A crise do imobiliário e a redução do consumo interno são sinais de alerta enormes para a segunda maior economia mundial.

As autoridades monetárias e políticas estão centradas em manter um crescimento económico na ordem dos 5%. Recentemente foram anunciados estímulos económicos, mas sem grande especificação. O regresso de Trump aos EUA poderá adiar o plano de estímulos da China, que preferirá guardar alguns trunfos para fazer frente a possíveis medidas que Trump e a sua administração implementem contra o seu país. As tarifas alfandegárias que os EUA irão aplicar à China será um dos temas mais esmiuçados nos próximos meses.

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Ano desafiante

Resumindo, 2025 será novamente um ano muito desafiante. A volatilidade deverá fazer parte do menu nos mercados financeiros.  Conforme mencionei no início do artigo, quanto mais informação tivermos, melhor serão as nossas decisões de investimento.

É importante ainda referir que momentos de stress podem ser ótimas oportunidades de investimento desde que devidamente enquadradas numa estratégia de investimento racional e lógica.

Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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