As sondagens apontavam para umas eleições renhidas, mas a realidade acabou por ditar a vitória de Donald Trump. O seu regresso irá trazer alterações na política interna e externa daquela que é considerada a maior potência global.
Make America great again
Este foi o slogan utilizado por Trump durante a campanha eleitoral. O recém-eleito presidente americano não é uma figura consensual. É polémico e tem, muitas vezes, opiniões controversas. Foi considerado culpado das 34 acusações de falsificação de registos comerciais num esquema de suborno para influenciar o resultado das eleições de 2016. Mesmo assim, venceu as eleições do último dia 5 de novembro. Pela sua experiência e mediatismo, Trump sabe como falar para o povo. O mandato do ainda presidente em funções, Biden, ficou marcado pelo galopar da inflação, que tornou o dia a dia dos americanos mais complicado. Todos sentiram o efeito da subida generalizada de preços. Este foi um trunfo que Trump soube utilizar. Por um lado, defendeu, na campanha eleitoral, um corte de impostos generalizado, o que, por si só, dinamiza a economia, o consumo e dá mais poder de compra aos cidadãos. Por outro lado, utilizou frases simples e fortes, que em muitos momentos podem ser consideradas populistas, tais como: “Comigo a inflação acaba rapidamente” ou “vou acabar com a guerra em 48 horas”.
De uma forma muito simples, as eleições americanas têm impacto em todo o mundo. Contudo, quem vota está apenas preocupado com a questão interna e com o seu nível de vida. No campo económico, o plano de Trump foi muito mais aliciante que o de Kamala Harris, sendo que esta tinha uma herança pesada de um mandato marcado pela inflação que se repercutiu no nível de vida dos cidadãos.
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Quais os impactos deste resultado
O regresso de Trump será marcado pelo regresso do protecionismo. O recém-eleito presidente americano irá focar-se na vertente interna e tomar decisões que potenciem o desenvolvimento económico dos EUA, não ligando muito à importância que o cargo de presidente dos EUA tem no equilíbrio e estabilidade do mundo.
Na realidade, Trump é um homem de negócios e será com essa mentalidade que irá liderar de novo a maior potência global. Assim, o protecionismo económico será exercido através do aumento de tarifas a outros países/blocos. A China deverá ser o país mais prejudicado neste campo, depois de Trump ter demonstrado a intenção de aumentar as tarifas alfandegárias sobre os bens chineses em 60% a 100%. Todos devemos perceber que esta guerra comercial não será benéfica para ninguém. Hoje, vivemos num mundo cada vez mais global e querer regressar ao passado não será a melhor solução.
Em simultâneo, o aumento de tarifas alfandegárias para proteger os produtos americanos, poderá ter impactos na inflação, uma vez que os bens irão ficar mais caros. Aqui, a questão é se Trump irá querer encontrar um equilíbrio, com negociações com os diversos países/blocos, ou se irá ter uma posição de força que terá como consequência uma reação externa, que poderá desencadear um processo de aumento das tarifas sobre os bens americanos no exterior.
Adicionalmente, o mandato de Trump poderá ficar marcado por um maior distanciamento dos EUA do mundo, como país que tem tido a missão de garantir a estabilidade mundial. Se tal acontecer, este espaço poderá ser ocupado por outro país e com a consequente influência que daí poderá advir. São muitas as questões que estão em cima da mesa e a realidade é que ninguém consegue indicar qual o caminho que os EUA irão seguir a partir de agora, devido ao facto de terem um presidente que é imprevisível.
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Quem pode beneficiar com Trump
Quem investe tem de ter em conta vários pressupostos. A questão política e o caminho que as grandes potencias seguem é um fator determinante e que deve ser analisado. É importante também termos a noção que, quando investimos, devemos ter um racional e uma lógica de longo prazo. Quero com isto dizer que devemos estar imunes a variações expressivas de curto prazo, sendo que deveremos perceber os motivos pelos quais sucedem. Assim, após o anúncio da eleição de Trump, os mercados financeiros reagiram. O USD (dólar) teve a maior valorização diária dos últimos cinco anos. Sendo este um facto relevante, é importante percebermos por que é o dólar fortaleceu tanto em poucas horas. A resposta está nas promessas de campanha de Trump. Com o anúncio da redução de impostos e do aumento do protecionismo, a inflação poderá novamente disparar. Se acontecer, a Reserva Federal Americana (Fed) poderá ter de subir novamente as taxas de juro ou fazer uma causa na redução que estava a encetar nos últimos meses. Adicionalmente, os índices americanos apresentaram valorizações expressivas, com destaque para as small caps. Mais uma vez, isto sucedeu porque as promessas de Trump vão no sentido de beneficiar a economia interna, sendo que as pequenas e médias empresas são as que estão mais expostas ao mercado interno, pelo que são as que podem beneficiar mais desta política anunciada.
Por fim, devo destacar uma empresa, em específico, que tem sido muito falada: a Tesla poderá ser uma das grandes beneficiadas pela vitória de Trump, simplesmente pelo facto de o seu maior acionista, Elon Musk, ter expressado o seu apoio publico e financeiro à campanha do candidato republicano. Este posicionamento poderá vir a ser muito útil para a Tesla que tem agora um aliado de peso a comandar os destinos americanos.
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Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.
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