Mais de 20 anos depois, voltaram a ser negociadas na bolsa de Lisboa opções sobre quatro empresas do principal índice português, o PSI: Jerónimo Martins, EDP, EDP Renováveis e Galp. Mas afinal, o que são opções? Estes produtos são altamente complexos e pertencem à família dos instrumentos financeiros derivados. Por outras palavras, o seu desempenho depende da performance de outros ativos e não de si próprio.
Isto significa que pode haver opções sobre todo o tipo de classes de ativos, desde ações, passando por obrigações e matérias-primas até moedas (e criptomoedas) e taxas de juro.
Um contrato em que uma parte pode ganhar no fim
As opções são contratos, que podem ser comparados às antigas trocas de bens, em que por exemplo uma parte entregava no momento zero 10 ovelhas para receber uma tonelada de milho, que devia ser entregue após a colheita daí a um tempo determinado. No fim deste contrato, quem entregou as ovelhas recebia a tal tonelada de milho. Se a colheita fosse boa ou má podia ficar a ganhar - já que se não tivesse celebrado o acordo teria de pagar mais ovelhas - ou perder - se no momento em que fosse feita a colheita o "valor" da tonelada fosse inferior.
Aqui, o cenário é semelhante, a expectativa de subida ou descida do preço de um ativo é o que leva a celebrar estes contratos.
Estes acordos contam, por norma, com maturidades entre três e seis meses, em que uma parte fica com o direito (mas não a obrigação) de vender ou comprar o ativo subjacente no final do prazo do acordo. Ao adquirir este tipo de instrumento financeiro terá de pagar um preço, chamado de prémio. Resumindo, ao comprar uma opção, compra o direito de comprar ou vender uma certa quantidade de títulos no futuro a um preço pré-determinado.
Opções de compra (call) e de venda (put)
Imagine que uma opção vale, atualmente, 100 euros. E acredita que dentro de três meses este título vai valer 110 euros, então irá adquirir uma opção que permite a compra deste ativo a este preço. Este tipo de opção é conhecido como call e os 110 euros é denominado de preço de exercício, mais conhecido pelo jargão inglês strike. O preço pago pela opção em si chama-se prémio.
Por outro lado, se acredita que todos os indicadores apontam para que esta mesma ação derrape para os 90 dólares dentro de três meses, poderá adquirir uma opção de venda com este strike.
Isto significa, que se a meio do contrato passa a mudar de opinião, acabará por vender opções de compra, já que está pessimista e defende que o preço desta ação irá cair, e irá vender opções de venda se estiver otimista sobre o desempenho a curto prazo deste mesmo título.
Opções: Quando as ovelhas passam a dólares
A teoria financeira ensina que à medida que uma opção se aproxima da maturidade o seu valor tende a alinhar-se com o seu preço de exercício. Nas opções de compra, o cenário ideal é quando o preço de exercício fica abaixo do preço da ação. Por exemplo, pagou o preço da opção são 100 euros e a ação acabou por valer 110 euros. Acabou por ganhar dinheiro.
Já nas opções de venda para fazer dinheiro (ou no jargão para as opções estarem in the money) o objetivo é que o preço de exercício seja mais elevado do que o preço do ativo. Em ambas as opções o cenário neutro, que não faz perder nem ganhar dinheiro para quem investiu no preço da opção, é quando, na data de vencimento o preço de exercício deste derivado acaba por valer tanto como o ativo subjacente.
Todos os outros cenários, ou seja, quando o preço do ativo fica acima do preço de exercício, nas opções de venda e quando o strike é maior do que a cotação de uma ação, acaba por ser desvantajoso, daí a expressão inglesa out of the money (literalmente em português "fora do dinheiro").
Opções europeias e norte-americanas
Na hora de investir em opções deve ter em conta se estas são europeias ou norte-americanas. Por outras palavras, se é possível interromper a “vida” da opção realizando uma espécie de resgate em troca de um pagamento de um preço, conhecido como early exercise premia. Nas opções norte-americanas este exercício é possível, nas europeias não.
Deve ainda ter em conta, que ativos europeus não estão necessariamente ligados a opções europeias e vice-versa. Pelo que leia sempre as informações associadas a este produto financeiro, devido à sua natureza complexa.
Aumentar a exposição, aumenta o risco
É muito comum encontrar em plataformas de investimento, opções alavancadas, mas o que significa isto? Alavancagem é um termo que indica que se pode pedir emprestado para aumentar a exposição a um determinado instrumento financeiro. Ou seja, poderá duplicar ou triplicar a sua posição em relação a ações com pouco dinheiro (seu). No entanto, lembre-se que, se as opções são por si só um instrumento altamente arriscado, este tipo de exercício aumenta ainda mais este perigo.
Tenha em conta as comissões e impostos
As plataformas de investimento aplicam taxas de negociação e liquidação a estes produtos financeiros, pelo que deverá sempre fazer contas e perceber, se além do risco, as potenciais rendibilidades compensarão uma vez aplicadas as comissões.
As opções são negociadas em lotes de 100 contratos, pelo que na altura de deduzir estas comissões (e os impostos caso registe mais-valias) deve ser multiplicar pelo número de contratos.
Por exemplo, se investe em 100 opções de compra com um strike de 110 euros e um prémio de 10 cêntimos, a acreditar na valorização de uma ação que vale 100 euros. Significa que o custo será:
0,10 x 100 =10 euros - comissões.
Além do esforço financeiro, tenha em conta se o seu perfil de investidor está de acordo com este tipo de risco. Se tem dúvidas que tipo de investidor é, pode testar neste simulador do Doutor Finanças.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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