Investimentos

Os mercados estão um caos: Vendo, compro ou não faço nada?

Os mercados financeiros globais parecem uma montanha-russa, o que está a criar muitas dúvidas entre os investidores.

A imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos, no início de 2025 estão a ameaçar um cenário de recessão global e tudo o que está relacionado com as bolsas (ações, fundos de investimento, PPR e ETF) estão a ressentir-se e a causar nós no estômago de todos os investidores, até nos mais experientes. O que deve fazer, se isto é uma novidade para si e está a perder dinheiro? E se nunca investiu: isto é a prova de que não deve meter-se nisto ou é uma excelente oportunidade?

Sempre que há uma queda forte nos mercados, os analistas sabem que é preciso estar muito atento para aproveitar as melhores oportunidades. Há uma espécie de filtro que ajuda a perceber o que comprar e o que vender nestas alturas. Mas para quem tem pouca experiência é mais difícil. Por isso deixo-lhe aqui algumas dicas que deve relembrar sempre que passarmos por crises como esta. Haverá muitas no futuro. 

É natural pensar: “Isto está a desabar, vou vender antes que perca tudo!” Mas esta reação, embora compreensível, nem sempre é a mais inteligente.

Se o seu objetivo é investir a médio ou longo prazo – falamos de 10, 20 ou 30 anos – estas correções podem ser uma excelente oportunidade para comprar ativos com “desconto”.

Porque investir agora?

Historicamente, os mercados financeiros funcionam em ciclos de altos e baixos. Durante os períodos de queda, os preços dos ativos baixam, oferecendo oportunidades para adquirir ações e outros instrumentos financeiros a preços mais acessíveis. Investidores experientes muitas vezes veem essas fases como momentos propícios para construir ou expandir as suas carteiras de investimentos. Aliás, até esperam por elas.

Para quem já investe, o “truque” é a diversificação geográfica e por setores. Ou seja, ao longo do tempo, comprar vários tipos de produtos diferentes pode ajudar a mitigar riscos. Investir em diferentes mercados e negócios pode proporcionar uma proteção adicional contra a volatilidade específica de uma região ou indústria. Por exemplo, se investir em ouro e no S&P500, quando o S&P500 estiver em queda, muito provavelmente o valor do ouro compensa (é o que está a acontecer na altura em que escrevo esta crónica).

Dicas para investidores iniciantes

  1. Educação financeira: Antes de investir, é fundamental adquirir conhecimento sobre os diferentes tipos de investimentos, os riscos e potenciais retornos. Leia muito e veja vídeos sobre o assunto antes de decidir investir.
  2. Definir objetivos: Estabeleça metas financeiras específicas, como uma poupança para a reforma, a compra de uma casa ou a educação dos filhos. Isso ajuda a determinar quanto tempo tem para investir e a sua tolerância ao risco.
  3. Começar pequeno: Não é necessário um grande capital para começar a investir. Muitos instrumentos financeiros permitem investimentos iniciais baixos, possibilitando que ganhe experiência gradualmente. Muitos ETF e fundos PPR precisam de poucas centenas de euros para começar. Alguns até bastam algumas dezenas de euros. 
  4. Diversificação: Distribua os seus investimentos entre diferentes ativos, como ETF e fundos PPR ou de investimento, para reduzir o risco geral da sua carteira. Aconselho que só se meta em ações muito mais tarde.
  5. Investimento regular: Considere investir uma quantia fixa regularmente, independentemente das condições do mercado. Essa estratégia, conhecida como "dollar cost averaging", pode ajudar a suavizar os efeitos da volatilidade do mercado. No final de tudo, vai ter a média do mercado. Não vai perder nada de substancial se assumir esta estratégia. Até pode funcionar melhor do que estar sempre à procura do melhor momento para comprar e para vender.
  6. Evitar decisões emocionais: As flutuações do mercado podem ser um desafio, mas é importante manter a calma e evitar decisões impulsivas baseadas em emoções. Nunca entre em pânico com o seu dinheiro. As quedas são normais.

Nenhum ganho é garantido, claro. Mas as recuperações depois das quedas são um comportamento que se repetiu várias vezes ao longo da história dos mercados. Quem investiu em momentos de queda e soube esperar, muitas vezes foi recompensado.

O que posso fazer, então?

Uma das formas mais simples e eficazes de começar a investir é através de um fundo que replica o S&P 500 — o principal índice bolsista dos Estados Unidos, que reúne as 500 maiores empresas cotadas no país, ou num fundo PPR (há dezenas em Portugal). Este tipo de investimento oferece uma exposição diversificada a empresas de vários setores, como tecnologia, saúde, consumo e energia, o que ajuda a reduzir o risco. 

Historicamente, o S&P 500 tem registado uma valorização média anual de cerca de 8% a 10% ao longo das últimas décadas. Por exemplo, um investimento de 1.000 euros num ETF (fundo negociado em bolsa) do S&P 500, mantido por 10 anos com uma rentabilidade média de 8% ao ano, pode crescer para cerca de 2.158 euros brutos. Estamos a falar de mais do dobro.

Para investir neste tipo de produto, é necessário abrir conta numa corretora ou gestora de fundos. Ao escolher uma corretora, deve comparar comissões (especialmente as de compra e manutenção), facilidade de uso da plataforma e se está devidamente registada e regulada por entidades como a CMVM (em Portugal) ou a autoridade de supervisão financeira do país em questão. Pesquise no Google “ETF” e “fundos PPR” e surpreenda-se com a quantidade de informação que vai encontrar.

O primeiro ativo em que deve investir é no conhecimento, só depois é que entra o dinheiro, OK? Mas não tenha medo das oportunidades.

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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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