Investimentos

Ouro em máximos históricos: Ainda vale a pena investir?

O ouro tem valorizado consecutivamente. Será uma boa altura para investir neste ativo ou já passou o momento certo?

Nos primeiros meses de 2025, o ouro tem brilhado mais do que o normal. O metal precioso tem vindo a atingir sucessivos recordes históricos, ultrapassando os 3.060 dólares por onça, ou seja, cerca de 80 euros o grama. Mas será que ainda faz sentido investir agora ou o comboio já passou?

Esta valorização recente tem sido impulsionada por um conjunto de fatores que incluem a instabilidade geopolítica, a inflação persistente e a procura crescente por ativos considerados seguros. Para que perceba como os vários investimentos funcionam, historicamente sempre que há crises grandes, o valor do ouro sobe. Portanto, em teoria, devemos comprar ouro quando está tudo bem e ele está “barato”, para vender agora, quando está “caro”. Mas, e se ele continuar a subir?

O ouro como refúgio em tempos de crise

A história ensina-nos que o ouro é um refúgio em tempos de crise. Sempre que os mercados financeiros tremem e a incerteza paira no ar, há uma corrida ao ouro. O problema é que, muitas vezes, os pequenos investidores só entram quando o ouro já está perto dos máximos históricos – e aí o risco de uma correção (descida) acentuada é real. No entanto, há argumentos a favor de uma entrada agora, especialmente para quem procura diversificação.

Como investir em ouro?

Para quem nunca investiu em ouro, é importante saber que há várias formas de o fazer. A forma mais tradicional é a compra de ouro físico, sob a forma de moedas ou barras/lingotes. No entanto, esta opção exige cuidados adicionais, como a segurança do armazenamento e a autenticidade do ouro adquirido.

Há ainda os ETF de ouro, que permitem investir no metal de forma simples e acessível, sem necessidade de armazenamento. Outra alternativa são as ações de empresas mineiras, que podem beneficiar da valorização do ouro, mas que também estão sujeitas à volatilidade do mercado acionista.

Leia ainda: O que é preciso para o ouro brilhar ainda mais

Joias não são um bom investimento em ouro

É importante esclarecer que investir em ouro não significa comprar peças de ourivesaria, como anéis, brincos ou pulseiras. As joias contêm ouro, mas também incluem custos de design, mão de obra, IVA e as margens de lucro das lojas, o que faz com que não acompanhem diretamente a valorização do ouro nos mercados financeiros. Além disso, quando se tenta revender joias, muitas vezes recebe-se um valor muito inferior ao esperado, já que os compradores consideram apenas o peso do ouro puro presente na peça e não os detalhes estéticos ou sentimentais. 

Muitas peças de ouro, especialmente na ourivesaria, não são feitas de ouro puro. O ouro é medido em quilates, sendo que 24 quilates representam ouro puro (99,9%). No entanto, é comum encontrar joias de 18 quilates (75% de ouro) ou até de 9 quilates (37,5% de ouro). Ou seja, algumas peças podem ter apenas cerca de um terço de ouro na sua composição, o que reduz significativamente o seu valor de revenda enquanto investimento.

Vantagens de investir em ouro

Vejamos as vantagens: o ouro é um excelente ativo para proteger o valor do dinheiro contra a inflação. Se o custo de vida continua a subir e a desvalorização da moeda se mantiver, o ouro pode ser uma boa âncora de preservação de riqueza. Além disso, investir em ouro pode reduzir a exposição às oscilações do mercado acionista, funcionando como um estabilizador da carteira de investimentos.

Para quem prefere liquidez e flexibilidade, os ETF de ouro surgem como uma opção interessante, permitindo investir no metal sem a necessidade de o armazenar fisicamente. Basta procurar nas corretoras.

Os riscos de investir em ouro

Mas há riscos a considerar. Em primeiro lugar, está o facto do ouro não gerar rendimento passivo – ao contrário das ações que pagam dividendos ou das obrigações que oferecem juros. O retorno do investimento no ouro depende exclusivamente da valorização do metal. 

Em segundo lugar, os máximos históricos são sempre um alerta para possíveis correções no curto prazo. Quem comprou ouro quando atingiu recordes anteriores teve de esperar anos até voltar a recuperar o seu investimento. Por fim, há a questão das oportunidades perdidas: se o mercado acionista continuar a subir, investir no ouro pode significar deixar de ganhar mais noutros ativos.

Quanto pode ganhar (ou perder) com ouro?

Vamos a contas: vamos supor que investe 1.000 euros num ETF de ouro e que o preço do metal sobe 30% nos próximos meses. Isso significaria que o seu investimento passaria a valer 1.300 euros, garantindo um lucro de 300 euros brutos. Mas se, pelo contrário, o ouro corrigisse 20%, o valor do investimento cairia para 800 euros. É um risco que deve ser ponderado.

Agora, vejamos um exemplo passado. Se em 2015 - numa altura em que também era um pico de valorização do ouro - alguém tivesse investido 500 euros em ouro, quando o metal estava a cerca de 1.100 dólares por onça, hoje esse investimento valeria mais do dobro, acompanhando a valorização do ouro para os atuais 3.060 dólares por onça. Isso significa que, sem contar com eventuais custos, um investidor que tivesse investido os tais 500 euros, teria hoje aproximadamente 1.390 euros. Este exemplo demonstra o potencial do ouro como reserva de valor a longo prazo. Claro que nunca deve esquecer que rendimentos passados nunca são garantia de rendimentos futuros.

Leia ainda: Vale a pena vender ouro?  

Vale a pena investir agora?

Então, qual é a conclusão? O ouro continua a ser uma boa opção para quem quer diversificação e proteção contra crises e inflação. No entanto, entrar agora exige cautela, porque o mercado pode estar perto de um pico. Eu decidi investir um pouco por curiosidade profissional e porque os vários analistas dizem (nunca ninguém saberá) que se esperam valorizações de 40% ou mais nos próximos meses, devido à instabilidade internacional. 

A minha intenção é o curto prazo, mas se isso não acontecer - como sigo o conselho de nunca investir dinheiro de que não preciso - estou disposto a esperar os anos que forrem precisos até ele render alguma coisa. Mais crises surgirão no futuro.

Um investidor pensa sempre a muito longo prazo. O que acontece hoje - feitas as contas - é apenas mais um dia no calendário.

A melhor estratégia é sempre avaliar o seu perfil de investidor, definir objetivos claros e nunca colocar todo o dinheiro num único ativo. 

Leia ainda: O mercado de ações afundou. Como saber se devo saltar do barco?

Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

Partilhe este artigo
Tem dúvidas sobre o assunto deste artigo?

No Fórum Finanças Pessoais irá encontrar uma grande comunidade que discute temas ligados à Poupança e Investimentos.
Visite o fórum e coloque a sua questão. A sua pergunta pode ajudar outras pessoas.

Ir para o Fórum Finanças Pessoais
Deixe o seu comentário

Indique o seu nome

Insira um e-mail válido

Fique a par das novidades

Receba uma seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser para receber a seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser
Obrigado pela subscrição

Queremos ajudá-lo a gerir melhor a saúde da sua carteira.

Não fique de fora

Esta seleção de artigos vai ajudá-lo a gerir melhor a sua saúde financeira.