Eu também tinha esse medo. Depois percebi que esse risco pode ser mitigado com uma estratégia simples de diversificação. Ou seja, se eu tiver uma grande quinta e semear 100 hectares de batata, se essa plantação tiver um problema num ano específico (uma praga, por exemplo), sim, corro o risco de perder tudo.
Mas se eu usar esses 100 hectares e plantar batatas, cenouras, tomate, couves e tiver também um pomar de maçãs e uma vinha, poderei ter rendimentos diferentes de cada uma das culturas, e se alguma falhar catastroficamente, posso sempre contar com as outras. Com os investimentos é a mesma coisa.
Às vezes pensamos que investir é pôr todo o nosso dinheiro em ações de uma empresa, ou num PPR, ou num Fundo de investimento ou ETF. Ou mesmo em apenas um produto com capital garantido como depósitos a prazo ou Certificados de Aforro. No caso destes dois últimos, embora garantidos, os resultados serão sempre garantidamente catastróficos porque nem sequer são suficientes para compensar a inflação. Pode parecer que estou a ser irónico, mas não estou.
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Para vencer o medo, diversifique os seus investimentos
Neste momento, tenho as minhas poupanças distribuídas por várias áreas e ferramentas de investimento. Se umas correrem mal, espero que as outras aguentem a “pancada” mantendo uma média de crescimento que estabeleci como alvo de 7% líquido ao ano. Isso quer dizer que algumas estão a crescer 50 ou 60% e outras 2 ou 3%. E que outras estão a crescer 5%, 10% ou 20%.
Não caia no erro de escolher pôr tudo na que supostamente lhe vai render 30% ao ano. Isso não vai acontecer ininterruptamente. Quanto mais arriscado for um investimento, menos dinheiro lá deve colocar. A menos que tenha dinheiro para dar e vender.
A minha experiência ensinou-me que, com 10% das minhas poupanças, consigo teoricamente (e no meu caso, na prática) um rendimento dezenas de vezes superior a 90% das restantes poupanças em depósitos a prazo ou Certificados do Tesouro.
Depois de ter o seu Fundo de Emergência, e de já estar a preparar a sua reforma de forma programada e regular, distribua o restante por 3 ou 4 produtos diferentes: tem vários fundos PPR, ETF, Fundos de Investimento, ações, P2P, criptomoedas, etc.
E dentro de cada categoria, deve ter também o mesmo objetivo de diversificação. Por exemplo, tenho cerca de 10 fundos de investimento diferentes. Nas bolsas, tenho 5 ETF e várias ações de empresas diferentes. E tenho vários PPR.
A ideia é que, se tiver uma situação em que o fundo de emergência não seja suficiente, pode ir buscar o dinheiro que precisa sempre ao que estiver a perder menos ou que já tenha atingido a sua maturidade ou os seus objetivos. E que cresçam mais do que a média ao longo dos anos. É assim que pode pôr o seu dinheiro a trabalhar para si. Com riscos, sim, mas com riscos controlados.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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