PPR

PPR com bom desempenho num semestre positivo para os fundos

Os fundos PPR estão a regressar ao radar dos aforradores numa altura em que estão a apresentar resultados alinhados com as expetativas.

Os fundos de poupança reforma (fundos PPR) têm estado afastados do radar dos aforradores portugueses, muito por culpa dos desempenhos medíocres registados ao longo dos últimos anos. Estes produtos de poupança têm apresentado rendibilidades magras ou mesmo negativas, com os retornos a serem penalizados pela evolução dos mercados, mas sobretudo por uma prestação inferior à dos ativos cotados.

Esta realidade alterou-se nos últimos meses, com os fundos PPR a voltarem a apresentar retornos condizentes com o estatuto que esta categoria de fundos de investimento ainda tem. É de longe a que tem a maior quota de mercado (21,9%), com 4,1 mil milhões de euros em ativos sob gestão. Isto apesar de os investidores estarem a retirar dinheiro dos fundos PPR ao longo dos últimos anos. As subscrições líquidas foram negativas em 73 milhões de euros em 2022 e 113 milhões de euros em 2023.

Nos primeiros quatro meses deste ano a situação inverteu-se, com um saldo positivo entre subscrições e resgates de fundos PPR de 16 milhões de euros. Uma evolução que estará relacionada com as rendibilidades mais atrativas registadas por estes fundos nos últimos meses, que estarão a atrair mais investidores para estes produtos.

Fundos PPR com retornos atrativos

Os fundos PPR marcam uma rendibilidade efetiva média de 3,4% nos primeiros seis meses deste ano, com os desempenhos a oscilarem entre um retorno máximo de 15,72% e mínimo de -0,81%. Entre os 114 fundos desta categoria disponíveis no mercado português, apenas cinco apresentam rendibilidades negativas em 2024, 25 conseguem retornos acima de 5% e quatro estão acima dos 10%: Invest Tendências Globais PPR/OICVM, PPR SGF Doutor Finanças, BPI Reforma Global Equities PPR/OICVM e Optimize PPR/OICVM Agressivo.

Este bom desempenho global na primeira metade do ano surge depois de rendibilidades atrativas em 2023. Os fundos PPR geraram um retorno médio de 7,7% no ano passado, compensando parcialmente o péssimo desempenho registado em 2022 (-11,1%). Estas rendibilidades refletem o comportamento dos mercados nos últimos dois anos, com as ações a afundarem em 2022 para recuperarem fortemente em 2023, enquanto as obrigações perderam valor nos dois anos.

A maioria dos fundos de investimento mobiliários são produtos financeiros desenhados para aplicações de médio e longo prazo, preferencialmente acima de dois anos. Ainda mais nos fundos PPR, que são aplicações a pensar na reforma. Apesar de rendibilidades passadas não representarem garantia de retornos futuros, os investidores olham para os registos históricos para selecionarem onde aplicam as poupanças.

Nesta perspetiva, os fundos PPR tinham um registo pobre para mostrar nos últimos anos, sendo que no final de 2022 os retornos eram negativos em todos os prazos, o que ajuda a explicar a saída de dinheiro destes produtos ao longo dos últimos anos. O bom desempenho nos últimos meses permitiu alterar esta fotografia nada abonatória. Os fundos PPR registam uma rendibilidade anualizada a dois anos de 4,7% e de 1,5% a cinco anos. O desempenho neste prazo mais longo ainda está muito longe de “encher o olho”, mas já não vai desmoralizar os aforradores que equacionam estes produtos financeiros para poupar para a reforma.

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Fundos de ações lideram retornos

Os fundos de investimento estão divididos por categorias, consoante os ativos que predominam nas carteiras, o que tem fortes implicações nos níveis de risco de cada um. É por isso um erro comparar apenas as rendibilidades quando se está a selecionar um fundo para investir. Mesmo na categoria dos fundos PPR existem produtos com níveis de risco diferentes, consoante o maior ou menor peso das ações nas certeiras, daí que a amplitude das rendibilidades seja elevada e a média seja habitualmente mais reduzida.   

As ações são a classe de ativos com melhor desempenho a curto e médio prazo, pelo que são os fundos que apostam sobretudo nestes ativos que surgem no topo das rendibilidades, qualquer que seja o período analisado. No primeiro semestre deste ano destaque para os fundos de ações globais (12%), que conseguiram um retorno ligeiramente acima do mercado. O MSCI International ACWI, que mede a evolução das ações mundiais, valorizou 10,3% no primeiro semestre.

No prazo a dois anos as rendibilidades anuais são ainda mais atrativas. Os fundos de ações da América do Norte lideram (15,2%), sendo que fundos de ações globais, ações ibéricas, ações europeias e ações setoriais também marcam retornos acima de dois dígitos. Neste horizonte temporal todas as categorias de fundos apresentam retornos médios acima de 2%.

As estatísticas a cinco anos confirmam que as ações são a melhor opção nos investimentos de longo prazo, pois o risco elevado é compensado pelo horizonte temporal alargado. Neste período, os fundos de ações globais conseguem uma rendibilidade anualizada de 12,5%, sendo que os outros fundos de ações também apresentam retornos interessantes. Isto apesar de neste período constar 2022, ano de quedas muito pronunciadas nos índices acionistas globais.  

Leia ainda: Que ativos compõem um PPR?

Fundos de baixo risco atraem investimento

Nem todos os fundos de investimento têm uma perspetiva de longo prazo e existem alternativas de risco muito reduzido (ou quase nulo) a que os investidores recorrem em alturas específicas. É o que acontece nesta altura com os fundos do mercado monetário euro, pois têm liderado as subscrições líquidas nos últimos meses. Foram 473 milhões de euros entre abril de 2023 e abril deste ano, sendo 184 milhões de euros só nos primeiros quatro meses deste ano, validando o perfil conservador dos aforradores portugueses.

A aposta é fácil de explicar e faz todo o sentido para os investidores que procuram aplicações de risco muito baixo, ou mesmo nulo. Com as taxas de juro em máximos históricos na Zona Euro entre setembro do ano passado e junho deste ano, os fundos do mercado monetário oferecem retornos atrativos tendo em conta o nível de risco, sendo uma alternativa a depósitos bancários e outros produtos comparáveis que são fortemente influenciados pelas taxas de juro dos bancos centrais.

No primeiro semestre deste ano, os fundos do mercado monetário euro registaram uma rendibilidade de 1,8%. Em 2023 tinham rendido 2,5% e nos últimos dois anos um retorno anual de 2,2%. As rendibilidades dos fundos de investimento são líquidas de impostos, pelo que comparam de forma positiva com os juros de muitos depósitos a prazo.

Outros fundos de investimento de baixo risco também têm atraído as poupanças dos portugueses, embora sem resultados condizentes. Os fundos de obrigações euro captaram 357 milhões de euros em 12 meses e 134 milhões entre janeiro e abril, mas no primeiro semestre registaram uma rendibilidade de apenas 0,2%. No prazo a dois anos a rendibilidade anualizada é de 2,1% e a cinco anos persiste negativa.

A análise global ao desempenho dos fundos de investimento portugueses mostra que estes produtos são uma boa opção para os aforradores, que têm ao dispor alternativas de diferentes níveis de risco que oferecem retornos interessantes nos diversos prazos analisados. Outra conclusão a reter é a validação de que nos investimentos de prazos alargados, a opção por produtos que privilegiam as ações é quase sempre vantajosa.

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Nasceu em 1977, sendo jornalista desde 1999. Iniciou a carreira no Jornal de Negócios, onde esteve mais de 20 anos, ocupando várias funções, sempre com foco no online. Atualmente é jornalista independente, assina a newsletter diária de mercados Morning Call e colabora de forma regular com o ECO. Formado em Gestão no ISEG, tem especial interesse por tudo o que está relacionado com os mercados financeiros.

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