Investimentos

Quer enriquecer depressa? Não invista

As pessoas não têm de ser especialistas em investimentos, mas têm de perceber o básico. Não investir é perder capacidade financeira.

As pessoas não têm de ser especialistas em investimentos, mas têm de perceber o básico. Não investir é perder capacidade financeira.

Se é daquelas pessoas que entrou nos investimentos a pensar que vai enriquecer depressa, está no sítio errado. Lamento ser o portador de más notícias.

Não há outra forma de dizer isto: muito raramente se enriquece à custa de investimentos. Apesar de todas as promessas que vemos passar nas redes sociais, é preciso fazer uma gestão muito rigorosa do nosso dinheiro, ter uma disciplina elevada e tomar certas decisões atempadamente para conseguirmos fazer crescer o nosso dinheiro.

E quando digo fazer crescer o nosso dinheiro é disso mesmo que falo. Claro que haverá exceções e que, no mundo, há pessoas que enriqueceram com investimentos. Mas não sejamos ingénuos: não foi de forma rápida. Não é expectável que se enriqueça, especialmente se começamos do zero. Construir fortuna, através de meios lícitos, dá muito trabalho e leva muito tempo (às vezes, várias gerações).

As pessoas falam de investimentos como se fossem um jogo. Não são! Há uma necessidade clara de se investir, nem que seja para não perdermos dinheiro para a inflação. Se tivermos poupanças paradas, assumindo uma taxa de inflação média de 3% ao ano, em 10 anos perdemos 30% de valor das nossas poupanças.

É essencial percebermos esta questão. Não investir é perder capacidade financeira. E investir é garantir que conseguimos manter o estilo de vida e, dependendo do tipo de ativos e o horizonte temporal em que investimos, conseguir rentabilidades que nos permitam engordar mais as nossas poupanças.

Leia ainda: Portugueses (cada vez) mais conservadores no investimento em fundos

Questionar antes de decidir em que investir

Há um outro ponto que é também essencial para quem está a querer investir: não subscrever nada que não entenda.

Sabemos que muitas vezes há desconhecimento do que são os produtos, de como funcionam e de quais os riscos associados. E, quando assim é, há receio de se avançar. E é aqui que temos de atuar.

PPR: Nunca é demasiado cedo para começar a poupar para a reforma
Ler mais

As pessoas não têm de ser especialistas em investimentos, mas têm de perceber o básico. É preciso que leiam, desde artigos, que descompliquem os conceitos, aos documentos informativos sobre os produtos que se pensam subscrever. Só assim será possível avançarem com investimentos de forma consciente.

E, acreditem, ninguém fica a ganhar ao investir em produtos cuja dinâmica e composição não percebe. Quantas são as pessoas que investem em determinado ativo, porque alguém lhes disse que era muito bom, e depois não conseguem dormir à noite? Nestes casos, claramente estas pessoas investiram no que não deviam: seja porque não percebem o próprio produto, seja porque não percebem as dinâmicas do mercado em si ou não se conhecem a elas próprias no que respeita à sua tolerância face ao risco.

Aproveito e faço aqui um paralelismo com o PPR SGF Doutor Finanças. Este não é um produto para qualquer perfil. É um produto com mais risco, próprio para um público que tem mais tempo e que pode correr mais riscos. E o ponto é este: mais arriscado e, ao mesmo tempo, um potencial de retorno maior. E é por isso que não é indicado para qualquer pessoa.

Por outro lado, este PPR tem por base pilares que tornam este produto de fácil acesso a qualquer pessoa: é muito competitivo, em termos de comissões face a produtos semelhantes, é simples e tem uma gestão independente, algo que é extremamente importante. 

Usei este caso apenas para exemplificar coisas que as pessoas devem perceber antes de avançarem. Até para perceberem se aquele produto é adequado para si ou não. Esta lógica é válida para qualquer produto de investimento.

Leia ainda: Fundos de investimento: Vale a pena investir?

Conceitos básicos

Há várias questões que as pessoas devem perceber antes de investirem e devem encarar isso como a sua própria proteção. Estão a investir em ativos onde podem perder parte ou a totalidade das suas poupanças? O que significa rendibilidade esperada? Pagam-se comissões?

Estas são algumas das questões que quem investe devia saber sobre os produtos onde tem o dinheiro. Mas há outros conceitos, menos “nefastos”, que deviam ser percecionados pela generalidade das pessoas.

Vou dar um exemplo de algo que muitas pessoas sabem que existe, mas não sabem o que está por detrás da medida. Porque é que há benefícios fiscais associados aos Produtos Poupança Reforma (PPR)? Qual é o objetivo de o Estado dar estes benefícios?

Não é apenas porque o governo quer devolver dinheiro aos contribuintes. É porque quer incentivar que as pessoas constituam uma poupança a pensar na reforma. É uma medida que visa criar hábitos que geram rendimentos extra às pessoas, numa sociedade com rendimentos baixos (logo reformas baixas) e cuja relação com os investimentos é fraca.

Termino com uma recomendação: Invistam no que percebem. Leiam sobre o tema e entendam o que estão a fazer antes de colocarem o dinheiro em qualquer tipo de ativo. E, volto ao início: se é daquelas pessoas que entrou nos investimentos a pensar que vai enriquecer depressa, está no sítio errado.

Leia ainda: Fundos de investimento: Conheça alguns conceitos antes de investir

Nuno Leal é um profissional da Banca e Serviços Financeiros com mais de 20 anos de experiência, tendo trabalhado no Deutsche Bank, Banco Santander de Negócios, ABANCA e Banco BAI Europa, com funções diversas nas áreas de Vendas Institucionais, Gestão de Produto e Direção Comercial, desempenhando atualmente as funções de Administrador Executivo neste último desde outubro de 2021. Adicionalmente, é sócio e Chief Investment Officer no Doutor Finanças. Licenciado em Gestão e Mestre em Finanças, é atualmente aluno de Doutoramento em Gestão, tendo feito toda a sua carreira académica no ISEG - Lisbon School of Economics & Management.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

Partilhe este artigo
Tem dúvidas sobre o assunto deste artigo?

No Fórum Finanças Pessoais irá encontrar uma grande comunidade que discute temas ligados à Poupança e Investimentos.
Visite o fórum e coloque a sua questão. A sua pergunta pode ajudar outras pessoas.

Ir para o Fórum Finanças Pessoais
Deixe o seu comentário

Indique o seu nome

Insira um e-mail válido

Fique a par das novidades

Receba uma seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser para receber a seleção de artigos que escolhemos para si.

Ative as notificações do browser
Obrigado pela subscrição

Queremos ajudá-lo a gerir melhor a saúde da sua carteira.

Não fique de fora

Esta seleção de artigos vai ajudá-lo a gerir melhor a sua saúde financeira.