Quem quer segurança, deve esperar uma rendibilidade mais modesta. Quem quer alcançar resultados mais expressivos, deve ter a consciência de que pode enfrentar desvalorizações. De forma simples, é assim que risco e retorno se relacionam nos investimentos.
Saber isso é essencial para estabelecer objetivos realistas e evitar decisões que podem comprometer as finanças pessoais.
Garantia de capital é igual a retorno menor
Como investir sem correr riscos?
Nos produtos em que o investidor tem a certeza de que vai ter o dinheiro no fim do prazo, os retornos são mais baixos. No fundo, é este o preço a pagar pela segurança do investimento. Podemos perceber isso ao olhar para os números e características de alguns produtos.
Os depósitos a prazo, por exemplo, tiveram uma taxa de juro média de 2,55% em setembro de 2024, de acordo com dados do Banco de Portugal. Se olharmos ainda mais para trás, vemos que, entre março de 2015 e fevereiro de 2023, o juro médio deste produto nunca superou 1%. Este é um bom exemplo para ilustrar como um investimento menos arriscado tem também um retorno menos apelativo.
Outros investimentos de capital garantido são os certificados de aforro e do Tesouro. Quando subscreve estes produtos está a emprestar dinheiro ao Estado e, no final, recebe o dinheiro que investiu e os respetivos juros.
Na série em vigor dos certificados de aforro (série F), a taxa de juro máxima é de 4,25%, já contanto com o prémio de permanência de 1,75% nos últimos dois anos do prazo. No caso dos certificados do Tesouro, a taxa de juro no último ano é de 1,6%, à qual se soma um prémio de permanência calculado com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em todos estes casos, as pessoas têm a certeza de que o dinheiro que investiram vai estar lá no momento do reembolso. No entanto, há casos em que a valorização pode ser mesmo muito residual, tal como aconteceu com os depósitos a prazo entre março de 2015 e fevereiro de 2023.
Leia ainda: Certificados de Aforro e do Tesouro: Quais as diferenças?
A recompensa de investimentos mais arriscados
Virando o tabuleiro, temos a situação contrária: investimentos com nível de risco maior têm um retorno potencialmente mais apelativo. No entanto, é preciso ter em atenção que esse retorno não é uma certeza.
Se correr mal, existe o risco de perder uma parte, a totalidade ou até mais do que aquilo que se investiu. Ainda assim, podemos sempre olhar para o desempenho histórico de um determinado ativo para tentarmos perceber o seu comportamento no passado e tomarmos uma decisão consciente.
O que considerar na hora de escolher um ETF?
O índice S&P 500, por exemplo, tem um histórico de valorização anual entre 10% e 11%. Não quer dizer que tenha este comportamento todos os anos (até porque os desempenhos passados não são uma garantia de desempenhos futuros), mas permite ter algum otimismo numa estratégia de longo prazo.
Uma forma de investir neste índice que acompanha as 500 maiores empresas cotadas nos Estados Unidos é através de ETF que replicam o seu comportamento.
Ainda assim, esta não é a única forma de investir em produtos com mais risco. Existe também a opção de comprar ações individuais, investir em matérias-primas ou até no mercado cambial.
Acima de tudo, é importante que conheça o seu perfil de investidor, defina objetivos realistas e diversifique a carteira de investimentos. Porque nunca é boa ideia pôr os ovos todos no mesmo cesto.
Leia ainda: Perfil de investidor: Como adequar a carteira de investimento?
E os Planos Poupança Reforma? De que lado ficam?
Os Planos Poupança Reforma (PPR) tanto podem estar do lado dos investimentos mais seguros como daqueles que já têm algum nível de risco. Tudo depende da forma como são constituídos.
Os PPR feitos sob a forma de seguro garantem, regra geral, o capital investido, bem como um rendimento mínimo. Por norma, pode subscrever este tipo de produto junto de seguradoras.
Já se procura um PPR potencialmente mais rentável, deve olhar para aqueles constituídos sob a forma de fundo de investimento.
De acordo com a legislação, o património destes PPR deve ser composto por valores mobiliários (como ações, obrigações e títulos de participação), participações em instituições de investimento coletivo (tais como unidades de participação em fundos de investimento) e ativos monetários (como dívida de curto prazo e depósitos bancários).
O peso de cada um destes ativos depende da estratégia definida pela entidade gestora, que deve fornecer toda esta informação aos clientes, bem como indicar qual o nível de risco do PPR numa escala de 1 a 7.
Leia ainda: Que ativos compõem um PPR?
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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