No campo das finanças pessoais e da poupança, existem termos que merecem ser descodificados, pois ajudam-nos a perceber melhor o efeito negativo por vezes o orçamento familiar sofre.
Neste artigo, fique a conhecer o que é o Efeito Diderot, que tem uma grande influência na maneira como é organizado o orçamento familiar e de que forma o mesmo pode afectar o equilíbrio de poupança de um agregado familiar.
O que é o Efeito Diderot?
O Efeito Diderot consiste num efeito espiral de consumismo, isto é quando compra determinado item que, por sua vez, leva a que faça outras compras por impulsos.
Por exemplo, quando alguém está a tratar da renovação ou da mudança de habitação, é natural que tenha vontade de acrescentar mais coisas a este projeto e pode começar a comprar sem parar, levando muitas vezes ao desequilíbrio das poupanças acumuladas e consequente à desregulação do orçamento familiar.
O Efeito Diderot é comumente verificado na questão do guarda-roupa. Ou pela roupa estar fora de moda ou já não gostar de vestir, é recorrente que gaste mais dinheiro em compras do que realmente necessita.
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De onde vem o Efeito Diderot?
Este feito recebeu o nome em homenagem ao célebre filósofo francês Diderot, que ao que se consta saber, após ter estreado uma bata nova para o exercício da sua atividade, achou que a decoração do seu espaço habitacional não estava de acordo com a sua indumentária.
Assim, tratou de realizar obras em casa, o que teve como consequência o aparecimento de gastos avultados, prejudicando assim a sua vida financeira, uma vez que estes gastos não tinham sido acautelados e planeados como deve ser.
De referir, a título de curiosidade, que este descalabro financeiro que Diderot sofreu, com um impacto negativo ao nível das suas finanças pessoais, começou com algo tão banal como enquadrar a combinação de decoração da sua casa com a sua bata de trabalho.
Assim, este fenómeno Diderot tem essencialmente a ver com a mente psicológica do consumidor, na medida em que este encontra nas compras uma forma de se sentir bem. As novidades adquiridas acabam por dar uma falsa sensação de bem-estar.
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Como minimizar o Efeito Diderot?
Para que o Efeito Diderot não se verifique com tamanha intensidade na sua vida e isso afete as poupanças do agregado familiar, torna-se importante traçar um planeamento dos gastos a efetuar.
Este efeito normalmente tem início num gasto simples, que depois vai trazer mais gastos, sendo que o primeiro gasto era uma despesa que tinha de ser feitas e as restantes não tanto.
A palavra-chave é contenção e racionalidade. Deve assim antecipar ações e fazer um plano de coisas que quer comprar e gradualmente comprá-las, mediante a disponibilidade financeira e os objetivos a médio e longo prazo de cada agregado familiar.
Deve também investir tempo em criar um bom planeamento financeiro, permitindo que um determinado gasto seja realizado numa altura mais conveniente financeiramente.
Deixamos também algumas dicas que o efeito Diderot não afete tanto a sua vida:
Reduza a exposição ao consumo
A maior parte dos hábitos de consumo são impulsionados por um gatilho mental ou até uma sugestão publicitária. Uma forma de não cair em tentação é não ligar a esses gatilhos de compra que afetam o cérebro. Pode por exemplo cancelar a subscrição de emails comerciais, evitar receber publicidade na caixa de correio, agendar reuniões ou encontros de lazer fora das áreas comerciais. Estes passos vão ajudar na redução da tentação de compra de coisas que muitas vezes não fazem falta.
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Compre apenas aquilo que realmente necessita
Sempre que pretender comprar algo, não é necessário que inicie do ponto zero para o conseguir. Caso deseje ou veja que é mesmo preciso comprar uma peça de roupa nova, escolha aquela que mais combina com a que já possui no seu armário. Pode também aplicar este método de compra ajustada a componentes eletrónicos, optando por comprar artigos que sejam compatíveis com uma atualização ao nível de compra de smartphone e que funcione bem com esse sistema. Assim, não necessita de estar a comprar carregadores novos ou adaptadores
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Defina limites de consumo
Quando for às compras, tenha sempre um valor limite do que pretende gastar. Desta forma, sabe quando parar e dispensa comprar coisas que não necessita, simples porque «as compras estão a correr bem».
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Experimente a fórmula "Compre Um, Dê Um"
Sempre que precisar de comprar um novo artigo para a casa, em vez de mover o antigo para outra divisão e assim evitar que o número de itens cresça diminuindo o espaço disponível da habitação, escolha dar esse artigo que já não precisa. Exemplo: se precisar de comprar uma televisão nova, porque não oferecer a antiga a quem mais precisa? Poderá assim ter comportamentos mais sustentáveis e dar uso mais do que uma vez.
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Sabemos que na sociedade atual, a tendência do ser humano é querer mais e por isso aumentar os padrões de consumo através de compras por impulso. O segredo é tomar medidas e estabelecer planos de ação concretos de modo a que o fluxo de coisas indispensáveis estejam perfeitamente identificados.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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