Para quem tem uma carteira de seguros composta por várias apólices, se não fizer uma revisão regular, pode estar a perder bastante dinheiro. Afinal, somando todos os prémios anuais, este valor representa uma fatia significativa do seu orçamento familiar. No entanto, a questão que muitas pessoas colocam é: com que regularidade devo rever a minha carteira de seguros?
Na verdade, não existe uma resposta correta que se aplique a todas as pessoas. Tudo depende do número de produtos e da sua tipologia. Mas, no mínimo, deve rever a sua carteira de seguros anualmente. Se o fizer semestralmente, melhor ainda. Isto porque a margem de poupança aumenta, principalmente se tiver na sua carteira os seguros obrigatórios do crédito habitação.
Contudo, para perceber porque deve rever a sua carteira de seguros com regularidade e como pode poupar, a seguir, conheça os pontos principais a ter em consideração.
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Porque devo rever a minha carteira de seguros com regularidade?
Rever a sua carteira de seguros de semestralmente ou anualmente é essencial quando quer reduzir os encargos do seu orçamento familiar.
Em muitas famílias, a carteira é composta, no mínimo, por:
No entanto, podem existir outras apólices, como:
- Seguro de crédito;
- Seguro de animais domésticos;
- E até um seguro de acidentes de trabalho, se for trabalhador independente.
Olhando para estas apólices, é natural que, se não fizer uma revisão regular, esteja a pagar prestações demasiado elevadas para os preços praticados no mercado.
Afinal, estamos a falar de um mercado extremamente competitivo, onde as companhias de seguros têm de atualizar os seus preços, criar campanhas promocionais ou aproximar-se dos valores da concorrência, se querem atrair novos clientes.
Mas, quem já é cliente, por vezes, acaba por não usufruir dessas vantagens. Assim, quando quer poupar, precisa de pedir simulações a outras seguradoras para garantir que obtém as melhores condições que o mercado oferece, tendo em conta as suas necessidades. Através destas propostas, tem a oportunidade de mudar de seguradora ou de renegociar as suas condições onde subscreveu os seus seguros.
Ao rever com frequência a sua carteira de seguros, também consegue avaliar se existem coberturas duplicadas, contratadas em apólices distintas. Se detetar alguma, deve pedir a sua exclusão, pois pode estar a encarecer o valor do prémio.
Além disso, reduz a probabilidade de ter coberturas que, atualmente, não faz sentido manter. Ou seja, quando mantém o mesmo seguro por vários anos sem analisar as condições contratuais e as coberturas que compõem a apólice, pode estar a gastar dezenas de euros a mais numa cobertura que fez sentido em determinada altura da sua vida, mas que já não é útil nos dias de hoje.
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Vou rever a minha carteira de seguros no próximo mês. Que seguros devo analisar em primeiro lugar?
Tudo depende. Se tem seguros anuais que são automaticamente renováveis, caso falte alguns meses para o fim do contrato, estes devem ser prioritários. Afinal, se encontrar uma melhor oferta e quiser cancelar o seguro, dependendo do seu contrato, tem de enviar à seguradora, um pré-aviso, por carta registada, com uma antecedência que pode ser de 30, 60 ou 90 dias. Veja bem o que diz nas condições contratuais da sua apólice.
Seguros do crédito habitação
Se tem um crédito habitação, os seguros "obrigatórios" para este empréstimo devem merecer a sua atenção, sendo aconselhável que pondere renegociá-los ou mesmo transferi-los para outra instituição.
Estes dois produtos são, muitas vezes, subscritos junto do banco onde está contratado o crédito habitação. Esta é uma opção comum já que, quando aceita adicionar estas duas apólices ao seu empréstimo, o banco reduz o spread do crédito habitação (spread bonificado).
Mas, mesmo parecendo que esta é a solução que oferece a maior poupança, isso nem sempre corresponde à verdade. Ao contratar os seguros junto do banco onde tem o seu crédito habitação, o prémio costuma ser mais elevado em comparação com outras soluções no mercado. Porém, em contrapartida, o seu spread é menor, ficando a pagar menos juros no seu empréstimo.
Assim, vai ter de pedir simulações e fazer contas. O primeiro passo é tentar encontrar a melhor relação de preço/qualidade dos seguros de vida e multirriscos. A seguir, precisa de olhar para o seu contrato de crédito e ver qual é a penalização aplicada quando deixa de beneficiar da bonificação do seu spread.
Por fim, tem de verificar o que compensa mais: se manter a bonificação ou transferir os seus seguros.
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Exemplo dos cálculos a fazer
Para calcular se compensa perder a sua bonificação no spread e transferir os seus seguros do crédito habitação para outra entidade, precisa de realizar algumas contas.
Imagine que possui um crédito habitação que tem, atualmente, uma TAN (spread + Euribor) de 4,8%. Esse valor inclui um spread bonificado de 1,2%. Após ler o seu contrato, identificou que, quando remove os seus seguros, o seu spread sobe para 1,6%. Isto quer dizer que a sua TAN passaria de 4,8% para 5,2%.
Caso tenha um capital em dívida de 150.000 euros e 360 prestações por liquidar, a prestação mensal passava de 787 euros para 823,67 euros. Ou seja, pagaria mais 36,67 euros por mês.
Agora, é tempo de olhar para os seus seguros. Se estas duas apólices representam um encargo de 150 euros, mas conseguir uma proposta atrativa com um valor de 90 euros, obteria uma poupança mensal de 60 euros.
Neste exemplo, a transferência dos seguros é uma opção mais benéfica do que a bonificação do spread. Mas não tome decisões precipitadas. Peça várias simulações até conseguir a melhor proposta, utilize a calculadora de transferência do crédito habitação para comparar valores e veja se compensa ou não a mudança.
Outros fatores que ajudam a poupar nos seguros do crédito habitação
Existem outros fatores que podem ajudar a baixar o valor que paga pelos seus seguros do crédito habitação, como opções que escolheu para os seus seguros e as suas coberturas.
Simplificando, o seguro de vida do crédito habitação tem como objetivo proteger tanto os titulares de crédito como a instituição bancária em caso de morte ou invalidez. Assim, além de cobrir o risco de morte, é possível escolher a cobertura IAD (Invalidez Absoluta e Definitiva) ou a cobertura ITP (Invalidez Total e Permanente). Perante as circunstâncias cobertas e o acionamento da cobertura, o imóvel fica pago, tendo os familiares direito a permanecer na posse da habitação.
Contudo, consoante o tipo de cobertura escolhida, a idade dos titulares, entre outros fatores, o valor do prémio aumenta. Assim, é importante ver qual é a melhor solução para si quando escolhe a cobertura.
Outro dos fatores a considerar no seguro de vida do crédito habitação é que existem duas opções distintas que alteram o prémio do seguro.
Na primeira, o seguro é atualizado automaticamente conforme com o capital em dívida ao banco. Na outra, o seguro é atualizado segundo a sua idade. Se optar pela primeira, o prémio será mais barato, pois o capital em dívida vai diminuir ao longo do tempo.
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Diminuir o valor do seguro multirriscos
Quanto ao seguro multirriscos, o seu objetivo é oferecer um conjunto de coberturas para proteger eventuais danos no imóvel e no recheio da casa. Mas, legalmente, este apenas tem de possuir uma cobertura contra incêndios nos edifícios em regime de propriedade horizontal, garantindo uma indemnização caso existam danos causados nas outras frações autónomas e zonas comuns.
Segundo a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), as coberturas de um pacote base são:
- Responsabilidade civil do segurado e pessoas do seu agregado familiar (decorrentes de lesões materiais e/ou corporais, involuntariamente causados a terceiros);
- Indemnização por furto ou roubo, incluindo danos em portas e janelas danificadas;
- Pesquisa de avarias;
- Danos causados por inundações e problemas em canos de água e esgotos no chão, parede e mobiliário;
- Riscos elétricos relativamente a alguns equipamentos;
- Entre outras coberturas mais específicas.
Por isso, uma das formas de baixar o valor do prémio do seguro multirriscos é avaliar as coberturas que compõem a apólice e identificar se existe a possibilidade de negociar o valor, sem deixar o seu imóvel desprotegido.
O prémio do seguro é calculado com base em vários fatores, tendo sempre em conta a avaliação do risco que existe. Logo, quanto maior for o risco que a seguradora identifica, mais alto é o prémio a pagar. Caso não saiba, os fatores que influenciam o valor do prémio são se a zona onde vive é considerada como uma zona sísmica, o andar do prédio, a área bruta (privada e dependente) da habitação, o ano da matriz, o valor de reconstrução (se esta ficar destruída) e as coberturas da sua apólice.
Por isso, informe-se bem para conseguir renegociar o melhor valor do seguro multirriscos para si.
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Como rever a carteira de seguros com outras apólices
Dependendo dos seguros que compõem a sua carteira, há várias abordagens que pode ter para reduzir o impacto dos mesmos no seu orçamento familiar. Mas, para isso, é preciso estudar bem os seus seguros. Para tentar abranger os produtos mais comuns, vamos focar-nos em como reduzir o valor do seu seguro de saúde e seguro automóvel.
Seguro de saúde
Os portugueses recorrem cada vez mais aos seguros de saúde para garantirem certos cuidados de saúde no setor privado. Contudo, estamos a falar de um produto que tem várias nuances e o seu prémio varia muito consoante as suas coberturas, valores cobertos, histórico de saúde e até da sua idade.
E dado as suas necessidades, precisa de avaliar com cautela o que realmente precisa e usa com mais frequência. Além disso, seguros de saúde muito baratos podem não cobrir as suas necessidades, obrigando-o a gastar mais no futuro.
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Dito isto, para conseguir poupar, comece por:
- Avaliar as condições do seu seguro de saúde e todas as coberturas que possui atualmente;
- Identifique se existem coberturas que pode cortar (por exemplo: parto, consultas ou tratamentos de saúde mais específicos, ou se precisa de um valor tão elevado para o subsídio diário de internamento).
- Peça várias propostas em diferentes seguradoras, tendo em conta as coberturas de que precisa. Não se esqueça de analisar o período de carência, pois em certas áreas de saúde tem de esperar um determinado período para acionar o seu seguro.
- Após avaliar as várias propostas, defina um novo orçamento para a área de saúde. Por vezes, pode contratar um seguro de saúde mais básico e complementá-lo com um plano de saúde ou cartão de descontos para uma ou mais especialidades.
Já se quer reduzir este encargo ao máximo, pode trocar o seu seguro por um plano de saúde. Mas tenha em conta que este não é tão abrangente. Nestes casos, é preciso estudar bem o mercado para ver qual é o plano que oferece as coberturas mais úteis para si.
Leia ainda: Quais as diferenças entre um seguro de saúde e um plano de saúde?
Seguro automóvel
Quando compra um carro, tem obrigatoriamente de contratar um seguro automóvel que cubra danos contra terceiros. Ou seja, um seguro de responsabilidade civil automóvel. Mas, dependendo das caraterísticas do automóvel, do histórico de acidentes, idade do condutor, coberturas e franquias, pode encontrar valores muito diferentes no mercado.
E uma vez que existem tantas variantes que influenciam o prémio do seguro automóvel, há duas questões que merecem especial atenção: a franquia da apólice e as coberturas envolvidas.
A franquia consiste no valor que vai ter de pagar se existir um acidente. E dependendo do valor estabelecido, vai influenciar bastante o prémio estabelecido pela seguradora. Já no que respeita às coberturas adicionais aos danos causados contra terceiros, é preciso ponderar bem se quer contratar uma cobertura de danos pessoais, quebra de vidros, entre outras. Mas atenção. Quanto mais coberturas adicionar, mais caro é o prémio do seu seguro.
Por isso, se quer reduzir o valor do seguro automóvel, peça várias propostas, tendo em conta as coberturas que fazem sentido para si. Pode surpreender-se com a diferença de preços de seguradora para seguradora. Além disso, se o pagamento for feito anualmente e por débito direto, saiba que consegue baixar o valor do prémio.
Leia ainda: Como escolher o seu seguro automóvel?
Nota: Para mudar de seguro automóvel sem justa causa, não se esqueça que antes de o seu contrato terminar precisa de avisar a seguradora. O pré-aviso deve ser feito por carta registada, no mínimo, com 30 dias de antecedência. Mas tenha atenção ao prazo indicado na sua apólice.
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