As cidades estão a mudar e há cada vez mais pessoas a circular, seja em trabalho ou em lazer. Portanto, são necessárias medidas para controlar o número de automóveis em circulação. Essas medidas já chegaram a muitas cidades portuguesas e chamam-se soluções de mobilidade partilhada.
A crescente preocupação com o meio ambiente e com o bem estar global tem levado as autarquias a procurar formas de adaptar as cidades às pessoas que a frequentam. Em Lisboa, por exemplo, construíram-se passeios mais largos, retiraram-se locais de estacionamento no centro e abriram-se as portas a empresas com novas propostas de mobilidade. Para além dos tradicionais transportes públicos, hoje dispomos de serviços de transporte privado através de aplicações de smartphone, car sharing, bicicletas e trotinetas elétricas. As cidades estão a mudar e a mobilidade também. Neste artigo saiba mais sobre as soluções de mobilidade já disponíveis em muitas cidades portuguesas.
Pedir um carro pelo telemóvel
As aplicações de motoristas privados já são conhecidas de todos nós. Uber, Cabify e Bolt são algumas das empresas em funcionamento no nosso país. A Uber, por exemplo, está disponível em Lisboa, Porto, Braga, Guimarães, Coimbra e na zona do Algarve.
Mas não é neste serviço que nos vamos focar hoje; o objetivo deste artigo é dar-lhe a conhecer os serviços de car sharing, que em português significa, partilha de carro.
Car Sharing
O car sharing é um serviço de aluguer de carro sem necessidade de papelada e de burocracia. Basicamente as empresas detentoras deste serviço possuem carros (muitos deles elétricos) espalhados pela cidade e o utilizador só precisa de estar registado na aplicação respectiva para poder usar a viatura. Através da aplicação para telemóvel, o utilizador procura o carro mais próximo, faz o desbloqueio da mesma, inicia a viagem e, no final, só tem que o estacionar e continuar o seu dia.
Para quem não tem necessidade de utilizar um carro diariamente esta opção pode ser muito mais vantajosa até porque poupa em todos os encargos associados à manutenção de um automóvel.
Em relação a preços, por exemplo, na Drive Now, o preço por minuto varia consoante o tipo de carro, mas pode ir dos 24 aos 31 cêntimos por minuto. Existem, ainda, packs que pode adquirir de 3 horas (20€), 6 horas (39€) e 12 horas (80€).
No caso da Emov, outra empresa de car sharing, o preço acaba por ser mais apelativo:24 cêntimos por minuto. A Emov também oferece packs mas funcionam de forma diferente. Por exemplo, se adquirir o pack Madragoa por 11€, recebe 13€ em crédito de viagem, permitindo-lhe poupar 2€.
É taxado também um valor de inscrição na plataforma e aqui, existem por vezes campanhas promocionais. Consulte os sites das empresas antes de inserir os dados do cartão de crédito para não haver surpresas.
Infelizmente este serviço ainda é exclusivo de Lisboa. Mas caso precise de ir à capital saiba que pode ‘alugar’ um destes veículos sem ter que preencher um único papel.
Além destes serviços, existem também aplicações que permitem a qualquer pessoa partilhar o seu próprio carro. É uma forma de ganhar algum rendimento extra, alugando o seu automóvel a outras pessoas.
Leia também: Carsharing: 4 apps que pode usar em Portugal.
Scooters elétricas
A partilha de scooters elétricas é um serviço exclusivo de Lisboa, pelo menos para já. Há cerca de 600 scooters espalhadas pela cidade e que pertencem à empresa eCooltra.
Funcionam de forma similar aos automóveis. Ou seja, não existe uma chave física para ligar a mota, sendo tudo feito a partir da aplicação para o telemóvel. São uma ótima alternativa de mobilidade, vem com dois capacetes e pode optar por pagar por minuto (0,26€/minuto) ou adquirir packs de, por exemplo, 10€ com oferta de 1€ ou de 25€ com oferta de 5€.
Para conduzir uma destas scooters tem que ter carta de condução categoria B e, portanto, ter mais de 18 anos.
Bicicletas elétricas
O aluguer de bicicletas não é novidade. Exemplo disso são as Bugas de Aveiro ou as Bicas de Cascais. A utilização das bicicletas como meio de transporte tem ganho mais adeptos ao longo dos anos, uma vez que estas são sinónimo de um estilo de vida mais saudável e de poupança ao final do mês.
O velocípede, no entanto, modernizou-se e deu origem às bicicletas elétricas.
Em Lisboa existem dois serviços de bicicleta elétrica: Gira e Jump. A primeira pertence ao município e inclui bicicletas clássicas e elétricas. Foram as primeiras a chegar à cidade após a construção de mais ciclovias. Lisboa tem atualmente 60 quilómetros de ciclovia e prevê chegar aos 150.
A Gira requer uma aplicação para o telemóvel. É aqui que é feito o registo e escolhida a modalidade de pagamento, ou seja, se pretende um passe anual (25€), mensal (15€) ou diário (2€). Ao valor do passe acresce o tempo de utilização. Por exemplo, numa viagem entre 45 e 90 minutos pagará 1 euro para além do valor do passe. Está tudo explicado na página da internet das Bicicletas Gira.
A Jump pertence à Uber e trata-se de uma rede de bicicletas elétricas. A aplicação é a mesma que utiliza para chamar um motorista de um automóvel, servindo tanto para os carros como para as bicicletas. Faz o desbloqueio da bicicleta e começa a pedalar com um custo de 15 cêntimos por minuto. Simples e muito prático. Antes de estacionar, certifique-se, através da app, de que não o está a fazer numa zona proibida - as multas podem ir dos 15 aos 25 euros.
Trotinetas elétricas
As trotinetas vieram para ficar e já conquistaram o coração de muitos portugueses. Mesmo nas cidades onde não existem serviços de partilha deste veículo, há quem opte por adquirir a sua própria trotineta e deslocar-se com ela no dia-a-dia.
Os serviços de partilha de trotinetas estão disponíveis em diferentes cidades de norte a sul do país e a rede continua a crescer. Funcionam da mesma forma que as bicicletas, ou seja, através de uma aplicação móvel. Tem que instalar a aplicação da empresa que vai utilizar, ou seja, se a trotineta é da Lime precisa de usar a app da Lime.
Conheça algumas das empresas de trotinetas presentes em Portugal:
- Lime: foram das primeiras a chegar a Portugal em outubro do ano passado e abriram a porta para uma mudança gigantesca na mobilidade na cidade. Durante seis meses estiveram disponíveis em Coimbra, no entanto, para já a empresa decidiu retirá-las de circulação na cidade dos estudantes. Atualmente o serviço está em funcionamento apenas em Lisboa e para a utilizar terá que pagar uma taxa de 1 euro para o desbloqueio da trotineta e 15 cêntimos por minuto de utilização.
- Circ: anteriormente conhecida por Flash, a Circ é aquela que está presente em mais cidades portuguesas. Na aplicação podemos ver que está disponível em Lisboa, Faro, Maia, Gondomar, Almada, Matosinhos, Coimbra e Cascais. O preço é o mesmo, 1 euro para desbloquear a trotineta e 15 cêntimos por minuto.
- Hive: só está disponível em Lisboa mas vem com uma vantagem. Para todos que possuem um cartão Lisboa VIVA são oferecidos 20 minutos de viagem nas trotinetas Hive, por mês, incluindo um desbloqueio grátis. Para usufruir da oferta terá que adicionar o seu cartão Lisboa VIVA na app da Hive e depois, é só começar a utilizar. O restante preçário é similar às outras aplicações já referidas.
Regras e normas de segurança para a utilização das trotinetas
Apesar das vantagens no que diz respeito à mobilidade urbana, as trotinetas também têm sido a causa de uma série de acidentes. A PSP tem estado atenta e passou mais de 100 multas no ano passado. É importante estar informado das regras de utilização e respeitar o código da estrada.
Veja alguns dos aspectos a ter em conta relativamente à utilização das trotinetas na cidade:
- As trotinetas são velocípedes, ou seja, pertencem à mesma categoria das bicicletas. Estão, portanto, sujeitas ao mesmo código da estrada. Tanto as bicicletas como as trotinetas não podem ultrapassar os 25 km/h, não é permitido o uso do telemóvel e auriculares e a condução com excesso de álcool dá direito a coima, bem como o desrespeito pelas demais normas do código da estrada.
- O condutor das trotinetas tem que ser maior de idade, ou seja, ter mais de 18 anos. Não precisa de carta de condução, mas é necessário fazer-se acompanhar sempre do cartão de cidadão.
- A trotineta só pode circular nas áreas destinadas para o efeito, como ciclovias ou na estrada, pelo lado mais à direita das vias. Não são permitidas trotinetas nos passeios já que estes são exclusivos dos peões. Caso o faça está sujeito a uma multa de 30 euros.
- Há regras no que toca ao estacionamento, não sendo este permitido em passeios, rampas de serviço, paragens de autocarro ou outros transportes, entradas de garagens e outros lugares destinados à circulação de peões. Opte pelos estacionamentos destinados a estes equipamentos.
- A utilização do capacete não é obrigatória mas é recomendável.
- Tenha atenção ao seguro já que este é individual. Não desbloqueie uma trotineta para outra pessoa porque caso esta tenha um acidente, como o seguro está no seu nome, não irá cobrir a outra pessoa.
São muitas as opções de mobilidade partilhada em Portugal e a tendência é para estas continuarem a aumentar. Permitem reduzir custos e poupar tempo no trânsito que poderá utilizar naquilo que realmente o faz feliz. São veículos ecológicos, amigos do ambiente e da sua carteira já que paga apenas aquilo que utilizar, sem necessidade de manutenções ou de pagamento de impostos.
A capital do país é a cidade que dispõe de mais serviços de mobilidade partilhada, muito devido à maior dimensão populacional. Para um acesso mais simples a estes recursos a Câmara Municipal de Lisboa criou um site onde reúne informação sobre as empresas presentes na cidade. Chama-se PartilhaLisboa e aqui pode ler dados sobre estes veículos e aceder facilmente às aplicações de cada um.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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