Apesar de parecer evidente a relação entre dinheiro e bem-estar emocional, a verdade é que, muitas vezes esquecemo-nos de alguns princípios fundamentais nesta relação. Princípios que nos remetem para a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow, cujo objetivo é explicar a motivação centrada no conceito de autorrealização. Esta teoria é representada por uma pirâmide com cinco níveis de necessidades humanas, agregadas e organizadas numa hierarquia de importância.
As necessidades dos níveis de base - fisiológicas e de segurança - constituem necessidades primárias que podem ser satisfeitas externamente, por exemplo, através do contexto organizacional e das condições de trabalho em que o indivíduo se encontra.
As necessidades dos três níveis seguintes – sociais, autoestima e autorrealização – constituem necessidades secundárias e são aquelas que se satisfazem internamente, ou seja, pela vontade e características intrínsecas ao próprio indivíduo.
De acordo com esta teoria, quando o nível mais inferior de necessidades se encontra satisfeito, o indivíduo deixa de se sentir motivado e passa então a preocupar-se em satisfazer as necessidades do nível seguinte.
Ora, as necessidades fisiológicas, que se encontram na base, incluem a alimentação, a habitação ou o conforto e podem ser satisfeitas essencialmente através do salário e de métodos de trabalho eficientes. Seguem-se as necessidades de segurança que implicam estabilidade e proteção no trabalho, possíveis de satisfazer através de vínculos contratuais, políticas de antiguidade ou seguros de saúde.
Então pode-se verificar uma relação direta entre o dinheiro e a satisfação em geral, no sentido em que o dinheiro tem um papel fundamental para assegurar as nossas necessidades primárias que nos trazem conforto e proteção.
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Será que o dinheiro traz mesmo felicidade?
Apesar de se verificar esta relação direta entre o dinheiro e a satisfação das necessidades primárias, quando esse nível de satisfação é atingido e o indivíduo pretende desenvolver o nível de necessidades superior, o dinheiro já não é relevante porque trata-se de necessidades cuja satisfação é intrínseca, logo desenvolve-se no interior do indivíduo.
É seguro dizer que, a partir do momento em que satisfaço as necessidades fisiológicas e de segurança, o dinheiro não me vai tornar mais feliz, apesar de existir essa perceção.
Aliás, estudos conduzidos por investigadores na área da psicologia positiva, mostram que a nossa perceção de como nos vamos sentir quando alcançarmos determinado objetivo, como, por exemplo, ter muito dinheiro, é muitas vezes enviesada pela interpretação incorreta que fazemos da realidade. Ou seja, aquilo que pensamos que nos vai fazer felizes, na realidade, não nos traz felicidade.
Então é preciso ganhar consciência acerca do papel que o dinheiro tem na nossa hierarquia de necessidades e porque impacta de forma tão relevante o nosso bem-estar emocional.
Se estiver a passar por dificuldades financeiras, que ameaçam as suas necessidades básicas de sobrevivência e de preservação, é normal que comecem a surgir emoções como preocupação, ansiedade, angústia e medo.
Para conseguir gerir estas emoções existem três estratégias que pode adotar.
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1. Cultive uma mentalidade positiva
Está cientificamente provado que os pensamentos têm um poder altamente influenciador na nossa qualidade de vida. Os pensamentos geram sentimentos, os sentimentos geram comportamentos e os comportamentos geram resultados.
Ao ter pensamentos em que coloca o foco na preocupação de ficar sem dinheiro ou no medo de ficar sem o seu trabalho e perder a subsistência, vai gerar uma espiral de sentimentos e comportamentos que vão atrair esse tipo de situações para a sua vida. Para transformar esses pensamentos, coloque a atenção nas possibilidades e naquilo que tem neste momento e pelo qual está grato.
Pode estar numa situação de redução de vencimento e redução do horário de trabalho. Encare como uma oportunidade para aprender novas competências, explorar outras atividades que lhe deem prazer e que, talvez até possam gerar uma fonte de rendimento extra.
Mude a sua mentalidade, comece a adotar pensamentos positivos e pratique a gratidão por aquilo que tem.
2. Implemente novos hábitos
Faça uma análise rigorosa ao seu orçamento e descubra quais são as rubricas em que despende dinheiro que não são essenciais para as suas necessidades primárias. Faça uma soma de todo esse dinheiro e comece a colocá-lo à parte numa poupança.
Existem várias técnicas que podem ajudá-lo a ganhar o hábito de poupar, antes de gastar. Precisa, sobretudo, de ter consciência que está a amealhar para o seu futuro, ou para uma eventualidade precária, assegurando a sua saúde mental.
Ter um bom pé de meia para circunstâncias inesperadas, como uma redução de vencimento originada por uma pandemia, vai dar-lhe o conforto financeiro e tranquilidade mental para ultrapassar os desafios que daí advêm.
3. Aprenda a gerir o seu dinheiro
O medo é altamente paralisador, por isso, se sabe que o seu bem-estar emocional depende de ter segurança financeira, aprenda tudo o que for necessário para fazer uma boa gestão do seu dinheiro. Desenvolva a sua literacia financeira. Leia livros, faça cursos, procure aconselhamento com especialistas e, sobretudo, analise as suas finanças para traçar metas financeiras realistas e possíveis de alcançar.
Em resumo, o dinheiro pode não trazer felicidade, mas traz possibilidades, conforto e segurança. E estes aspetos são fundamentais para o seu bem-estar emocional.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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