Fui contactado por uma pessoa escandalizada e revoltada com o banco onde tinha conta porque descobriu que ainda estava a pagar o seguro de vida de um crédito à habitação que já tinha liquidado há 18 anos.
O cliente perguntava-me como é que isso era possível, e se podia pedir ao banco que corrigisse a situação.
Perante uma situação destas, a primeira pergunta que me vem à mente é “Como é possível alguém não se aperceber de uma despesa que não quer, e que sai da conta dela durante quase 20 anos?”. Não conheço a pessoa, nem sei se há razões específicas que justifiquem uma situação destas, mas o resultado serve como exemplo para vos alertar para uma atitude de muitos de nós que acham que cuidar das nossas finanças pessoais é uma coisa chata, e que não vale a pena o esforço. Temos mais que fazer do que andar a ver os extratos de conta do banco e fazer listas de despesas.
Seja “polícia” do seu dinheiro
Obviamente, ninguém tem de fazer o mesmo que eu - e cada um sabe da sua vida - mas eu analiso todos os meses o meu extrato bancário e do cartão de crédito à procura de despesas “estranhas”. E elas aparecem com muita regularidade. Temos de ser “polícias” do nosso dinheiro. Caso contrário, podemos perder muito dinheiro, como no caso mencionado. É um dinheiro que provavelmente já não volta e que podia ter sido gerido por si e não por uma instituição bancária.
Quero acrescentar que a situação referida até pode não ser um engano do banco e o cliente não ter razão para reclamar. Basta que o seguro de vida não tenha sido feito em associação direta ao crédito à habitação. Ou seja, se tivesse acontecido alguma coisa ao cliente, o seguro pagaria a respetiva indemnização prevista na apólice. Se a pessoa continua a pagar, o serviço continua ativo.
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Atenção às despesas anuais e às comissões de manutenção de conta
Temos de ser nós a saber o que queremos e o que estamos a pagar: linha a linha no nosso orçamento mensal e anual. A situação ainda pode ser pior se temos despesas anuais (como seguros) que - se falharmos a análise do mês em que sai da conta - esse dinheiro perde-se nos tempos.
Esta “limpeza” regular dos seus débitos diretos aplica-se a muitas outras despesas: ginásios, associações, programas informáticos, revistas e jornais, jogos, etc.
Já agora, se encontrar mensalmente o débito direto de uma comissão de manutenção de conta do banco, avalie se não pode fechá-la e abrir outra num banco grátis, ou passá-la para uma conta de serviços mínimos bancários (se só tem essa conta à ordem em Portugal).
Há quanto tempo não pega no seu extrato bancário ou na sua app do banco e percorre os meses anteriores para ver se está tudo bem e se não há débitos “fantasma”? Se encontrar algum e o anular, vai estar a aumentar-se a si próprio.
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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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