As suas finanças pessoais andam a "tirar-lhe o sono"? O aumento da subida dos juros e da taxa de inflação causam-lhe uma preocupação extrema e tem medo de que o seu dinheiro não chegue para pagar todos os seus encargos? A possibilidade de uma crise financeira assusta-o e não consegue parar de pensar em vários cenários que estão a sobrecarregá-lo psicologicamente? Então, provavelmente, está a sofrer de ansiedade financeira.
Caso desconheça este termo, a ansiedade financeira traduz-se num sentimento de preocupação extrema ou medo incontrolável em relação às suas finanças pessoais. Perante crises económicas, perdas de rendimentos ou poder de compra, muitas pessoas acabam por desenvolver problemas de saúde, como crises de ansiedade, ataques de pânico, insónias e cansaço extremo. E, nestas situações, é preciso procurar ajuda médica para não afetar a sua saúde mental. A própria Ordem dos Psicólogos tem chamado a atenção para este tema e apresentado algumas dicas para lidar com este problema.
Neste artigo, fique a saber como assumir o controlo das suas finanças pessoais, para poder estar mais tranquilo na hora de gerir o seu dinheiro.
Fazer um orçamento é o primeiro passo para evitar a ansiedade financeira
Fazer um orçamento familiar permite-lhe gerir as suas finanças pessoais de uma forma simples e antecipar problemas financeiros em determinadas alturas. Afinal, quando sabe exatamente quanto dinheiro ganha por mês e quais são os seus encargos, consegue definir uma estratégia para equilibrar as suas finanças e evitar a ansiedade financeira.
Assim, se ainda não criou um orçamento familiar, esta deve ser uma das suas prioridades. A criação de um orçamento, inicialmente, dá um pouco de trabalho, uma vez que tem de fazer um levantamento de todos os seus rendimentos e encargos, por menores que estes sejam. Só assim é que tem certeza de quanto é que está a ganhar e quanto e como está a gastar o seu dinheiro.
Ao ter esta consciência, pode facilmente perceber quais são as suas despesas essenciais e não essenciais. Se conseguir gerir melhor o seu dinheiro e cortar em alguns gastos não essenciais, tem a possibilidade de direcionar esse dinheiro para uma poupança. Além de saber quanto pode gastar mensalmente, pode traçar uma meta de poupança mensal. E desta forma, alcançar alguma tranquilidade financeira.
Contudo, tenha em conta que o seu orçamento familiar deve ser revisto regularmente, há despesas que não deve cortar e precisa de ter em conta a inflação.
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Reveja os seus contratos e não tenha medo de procurar melhores soluções
As despesas de eletricidade, gás, telecomunicações, seguros, entre outras, representam uma boa fatia do seu orçamento familiar. Em alguns contratos, a mensalidade é fixa, mas noutros a mensalidade varia de acordo com o consumo que faz. E se o seu orçamento está um pouco apertado, reduzir os custos fixos e variáveis destes contratos é essencial para amenizar a sua ansiedade e o medo de não conseguir pagar as contas no final do mês.
Rever os contratos deve ser uma prática regular. Afinal, em Portugal, a maioria dos serviços prestados têm vários fornecedores. E em alguns setores existe bastante concorrência, o que é vantajoso na hora de negociar as suas condições contratuais.
Para estar munido de argumentos para baixar o preço dos serviços, deve antecipadamente pedir propostas ou simulações em diversas entidades. Assim, se o seu fornecedor ou seguradora não quiser baixar preço, pode mudar de fornecedor, tendo sempre em conta que alguns contratos têm fidelização ou um tempo de pré-aviso estipulado para o cancelamento.
No caso da energia, atualmente tem a possibilidade de optar pelo mercado regulado ou pelo liberalizado. E dado que não existe fidelização, pode mudar de fornecedor regularmente se encontrar melhores condições. Para o ajudar com esta tarefa, pode, por exemplo, utilizar o simulador da ERSE, e ver qual o fornecedor mais barato para o seu contrato de eletricidade e gás natural.
Já no que diz respeito às telecomunicações, é preciso ter atenção ao prazo de fidelização antes de mudar de operadora. No entanto, se o prazo estiver longe de terminar, pode tentar renegociar o seu pacote, diminuindo o número de canais ou até os dados móveis do seu telefone. Caso esta alteração implique proceder a uma nova fidelização, pondere se vale apena estar fidelizado mais 24 meses. Tem sempre a possibilidade de esperar e mudar para outra operadora com melhores condições e preços mais atrativos.
Tem um crédito habitação? Não cruze os braços
Se está com dificuldades em pagar as prestações do empréstimo da casa, saiba que pode renegociar as condições do seu crédito habitação, revendo o spread, alterando a taxa de juro, diminuindo certas comissões e produtos contratos, entre outras condições.
Para quem tem uma taxa variável ou taxa mista (no período variável), desde 2022 que a subida dos juros tem agravado significativamente as prestações do crédito habitação. Se o seu orçamento estava fragilizado, é normal que esta situação esteja a preocupá-lo.
Mas para evitar situações de incumprimento não cruze os braços. Atualmente existe algumas medidas do Governo em vigor para os titulares de crédito habitação que viram a sua taxa de esforço subir acima dos 35%. Além das instituições financeiras terem de renegociar as condições contratuais para evitar o incumprimento dos clientes, também foi criada uma medida que permite a bonificação dos juros em alguns contratos.
Se mesmo assim, o seu crédito continuar a pesar em demasia no seu orçamento familiar, pode tentar transferir o seu crédito habitação para outra entidade que ofereça melhores condições. Muitas vezes, esta solução permite poupar centenas de euros ou mais no prazo de um ano. E com esta poupança consegue evitar a ansiedade financeira que neste momento pode estar a sentir.
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Quanto mais cedo amortizar as suas dívidas, melhor
Além do crédito habitação, é normal ao longo da vida contratar um ou mais empréstimos, como um crédito automóvel ou outro tipo de crédito ao consumo. E quanto mais prestações de crédito tem, maior tenderá a ser a ansiedade financeira.
Por isso, se neste momento tem uma poupança de parte, é aconselhável usar uma parte do dinheiro para amortizar os seus créditos. No entanto, a melhor estratégia é começar por amortizar as dívidas com um prazo mais curto. Afinal, além do empréstimo ficar liquidado mais depressa, este tipo de financiamento costuma ter os juros mais elevados.
Depois, sempre que possível, tente amortizar os créditos a médio e longo prazo. No caso do crédito habitação, tenha em conta que é cobrada uma comissão pelo reembolso antecipado. Recorde-se, porém, que para os créditos com taxa variável para a aquisição de habitação própria e permanente, esta comissão (de 0,5%) está suspensa até ao final de 2023.
Se o seu orçamento já está apertado, evite usar cartões de crédito
Embora os cartões de crédito tenham as suas vantagens, se o seu orçamento familiar já está apertado, evita ao máximo recorrer a este tipo de empréstimo. Em primeiro lugar, um cartão de crédito deve ser utilizado em casos muito específicos, como facilitar algumas operações, garantir liquidez financeira num determinado período ou até permitir-lhe usufruir de certos benefícios.
Mas para um cartão de crédito ser vantajoso, a sua dívida deve ser liquidada a 100% antes que sejam aplicados juros. Isto porque os cartões de crédito são os empréstimos com uma TAEG mais elevada no que diz respeito ao crédito ao consumo.
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Se estiver constantemente a recorrer ao seu cartão de crédito ou a parcelar os pagamentos, corre o risco de entrar numa espiral perigosa. Ou seja, em caso de precisar de comprar algo que não pode pagar a 100% antes da aplicação dos juros, mais vale deixar o seu cartão de lado e juntar dinheiro para essa compra. Assim não vai acumular dívidas desnecessárias e consegue evitar a ansiedade financeira de ter mais encargos mensais para suportar.
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Construa um fundo de emergência
Perante um imprevisto ou a quebra repentina de rendimentos, a ansiedade financeira tende a disparar. Afinal, se ficar de mãos atadas por não ter dinheiro disponível para pagar as suas despesas, é natural que fique bastante preocupado. E é por isso mesmo que todas as pessoas devem ter um fundo de emergência para cobrir imprevistos, emergências, quebras de rendimento ou outras situações que não controlamos.
Por norma, é aconselhável que o fundo de emergência seja composto, no mínimo, por um valor que cubra as suas despesas essenciais durante 6 a 12 meses. Ou seja, se as suas despesas essenciais correspondem a 900 euros por mês, no mínimo, o seu fundo de emergência deve ser composto por 5.400 euros a 10.800 euros.
Contudo, estas despesas variam de família para família, uma vez que cada uma tem as suas próprias responsabilidades financeiras. No entanto, tenha sempre em conta as despesas essenciais da sua casa, alimentação, dos seus filhos, medicamentos ou necessidade de acompanhamento médico e se tem direito a algum rendimento (subsídio de desemprego ou outro apoio social), caso fique desempregado.
Embora possa demorar algum tempo até alcançar o valor ideal do seu fundo de emergência, este deve ser um objetivo principal da sua família. Por isso, é preferível todos os meses direcionar uma quantia mais reduzida para o seu fundo de emergência, do que não o fazer. Lembre-se que esta poupança não deve ser levantada sem um motivo de força maior. Além disso, sempre que mexe no seu fundo de emergência deve repor o valor o mais rápido possível para ter sempre esta estabilidade financeira.
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Aprenda a definir metas de poupança
As metas ou objetivos de poupança permitem-lhe alcançar os seus objetivos sem ter de recorrer a créditos. Assim, após o seu fundo de emergência estar no bom caminho, pode traçar metas de poupança para outras finalidades. Imagine que quer comprar um telemóvel, ir de férias ou até investir.
Ao ter estes objetivos traçados, pode, ao longo do ano, aplicar dinheiro em cada meta financeira, consoante as suas prioridades.
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Invista em literacia financeira
É fundamental estar bem informado e atualizado sobre os vários temas que envolvem as suas finanças pessoais. Quanto mais aumentar os seus conhecimentos, maior será a sua capacidade de análise, o que, por sua vez, o ajudará a tomar melhores decisões.
Com o aumento do conhecimento em gestão financeira, poupanças e investimentos, a sua ansiedade financeira tem tendência a diminuir. Afinal, tem todas as bases para tomar decisões acertadas e saber como resolver os problemas que vão surgindo. E se o conhecimento for transmitido a toda a sua família, será possível criar uma atmosfera positiva ao redor das finanças pessoais do seu agregado.
Pode começar por ler artigos informativos em jornais, revistas e sites credíveis, e estar a par da atualidade. Se quiser aprofundar os seus conhecimentos, também pode fazer workshops ou formações nesta área. Lembre-se que este é um investimento que vai trazer resultados a curto, médio e a longo prazo.
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Maximize os seus rendimentos através de investimentos
Saber gerir bem o seu dinheiro e criar uma mentalidade de poupança é muito importante para evitar a ansiedade financeira. Mas dado que, para a maioria das pessoas, os rendimentos são normalmente fixos, é importante que comece a ponderar formas de maximizar o seu dinheiro disponível.
Antes de começar a investir, primeiro deve perceber qual é o montante de poupança que tem disponível. De seguida, perceba qual é o seu perfil de investidor e procure soluções que se adequem aos seus objetivos. No entanto, nunca use o dinheiro do seu fundo de emergência para investir e sim de uma poupança à parte. Por fim, tente diversificar a sua carteira de investimento e tenha paciência para obter os resultados que deseja.
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Encontre outras fontes de rendimento
Não há como negar que para melhorar a vida financeira é necessário aumentar os nossos rendimentos. No entanto, isto não significa obrigatoriamente ter de arranjar um segundo emprego. Hoje em dia existe alguma facilidade em ganhar um dinheiro extra através da venda de roupa, brinquedos e outros produtos em segunda mão.
Além disso, se tiver um hobby, pode e deve explorar essa sua paixão para tentar aumentar os seus rendimentos e a sua realização pessoal e profissional. Caso precise mesmo de um trabalho, pode tentar procurar vagas de trabalhos pontuais de curta duração que consiga conciliar com o seu emprego.
Quanto mais estratégias colocar em prática para garantir a estabilidade que precisa, menor a probabilidade de sofrer de ansiedade financeira.
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